SOMOS MILHÕES E CONTRA MILHÕES NINGUÉM AGUENTA

Desculpem-me por ter emprestado esta citação do incompetente presidente não eleito de Angola e do MPLA, citação muitas vezes proferida durante a sua campanha eleitoral, cujos resultados confiscou e roubou graças ao Tribunal Constitucional às suas ordens e do qual há muito fez refém.

Por Osvaldo Franque Buela (*)

Aliás falando em milhões, Angola tem aproximadamente 35 milhões de habitantes que classifico da seguinte forma; 25 milhões de pobres que vivem com quase nada e quase 3 milhões de militantes do MPLA que também são pobres, e algumas centenas de pessoas ditas ricas, na sua maioria membros do MPLA, cuja riqueza é fruto do trabalho e do sacrifício dos 25 milhões de pobres…

Francamente, esta citação quase banal sempre continuou a dar-me reflexões, dada a forma como o país é governado por algumas centenas de oportunistas que manipulam bilhões de dólares nunca direccionados para o desenvolvimento integral do país.

A arrogância com que o Presidente do MPLA fala de milhões de pobres que nada podem fazer contra ele e o seu grupo de amigos e colaboradores baseia-se numa estratégia muito simples, e é desde a independência que puseram em prática essa estratégia, deixando de lado o slogan que dizia que “o mais importante era resolver os problemas do povo”.

Ao deixarem de resolver os problemas do povo, começaram então a desconstruir o sentimento de construção de uma nação que mobilizou milhões de cidadãos pobres que se levantaram no ideal da libertação do país sob o jugo colonial português.

Foi assim que, nesta ordem de ideias, esqueceram os pobres que tombaram na luta, os pobres sobre os quais eles próprios cantaram e no entanto prometeram que a pátria nunca os esquecerá, mas na verdade foi isso que aconteceu porque os heróis da luta de libertação são apenas aqueles que o MPLA comemora, o resto é lixo, que desprezo por todos estes jovens que acreditaram nas promessas. Os mais temerários serão até massacrados num certo 27 de Maio Negro, para completar a obra de desconstrução da pátria e iniciar o sequestro do sonho de um povo livre, soberano e independente.

Depois de ter chegado ao cume do poder com a ajuda do seu melhor mentor que foi Eduardo dos Santos, e de quem todos vimos o tratamento vergonhoso que reservou até à sua morte, João Lourenço melhorou a mediocridade e a incompetência na gestão quotidiana do Estado e assuntos públicos, com um domínio de improdutividade nunca igualado na história do MPLA.

Decidiu reduzir a qualidade do ensino pela desvalorização da profissão de professor, mas também pela ineficácia dos programas escolares que baixaram a qualidade e o desempenho dos alunos que preferem comprar notas em vez de estudar e fazer pesquisas, e aqueles que sofrem com este sistema são na maioria das vezes os filhos dos pobres.

Mudou o modelo de combate à pobreza, combatendo os pobres, ao mesmo tempo que os excluiu de qualquer possibilidade de progressão na carreira em todas as áreas da administração, especialmente contra todos aqueles que não têm cartão do partido.

Ele construiu um sistema de saúde construindo hospitais sem executivos nacionais competentes para cuidar dos pobres, abolindo a junta médica e reservando à elite o direito de se tratar da menor doença no estrangeiro.

Transformou os meios de comunicação estatais e outros jornalistas em instrumentos de propaganda partidária, com falsos programas educativos que só servem para estupidificar os pobres que já são pobres de espírito, graças a Deus pela chegada das redes sociais que nos servem de retransmissores de boa informação, e da minha parte, ao Folha 8 que dá voz gratuitamente aos que não têm voz, é assim que o seu regime combate ferozmente os verdadeiros jornalistas e os órgãos de imprensa independentes, privando-os de todas as fontes de publicidade para não existirem financeiramente.

Fez da oposição um espelho da democracia para se olhar e mostrar aos ingleses que os pobres também se expressam de vez em quando durante os falsos debates na Assembleia Nacional do MPLA, dando-lhes a impressão de acreditarem que participam na democracia, enquanto para ele é apenas um jogo político em que não acredita.

Os banquetes tornaram-se a melhor especialidade das elites que se destacam no roubo do património estatal, e o luxo insolente em que navega nada tem a ver com os presidentes dos países desenvolvidos que têm o trabalho como mérito.

Foi assim que chegámos hoje a um país onde tudo, mas absolutamente tudo, tem de ser refeito e, para isso, só os pobres têm de se levantar para derrubar essa ditadura por todos os meios, e nenhum regime pode resistir aos milhões de pobres quando estes decidirem levantar-se…. então, pobres angolanos, levantemo-nos para tirar o país da merda… somos milhões e diante de nós ninguém resistirá… que Deus abençoe Angola e Cabinda.

(*) Refugiado político, França

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