Entre os de 1ª e os de 2ª já somos mais de 25,7 milhões

A população total de Angola, somando os cidadãos de primeira e os de segunda, recenseada em 2014 foi revista em alta, para 25.789.024 habitantes, de acordo com os números definitivos divulgados hoje em Luanda pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) angolano.

Orecenseamento geral da população e habitação de Angola, o primeiro desde a independência do país, em 1975, foi realizado entre 16 e 31 de Maio de 2014, mobilizando cerca de 105.000 recenseadores em todo o território, e os números provisórios, apresentados em Outubro do mesmo ano, apontavam para 24,3 milhões de habitantes.

Na divulgação dos resultados definitivos, o director do INE, Camilo Ceita, destacou a subida da esperança média de vida em Angola, que agora está fixada, oficialmente, em 60,29 anos (57,59 anos nos homens e 63 anos nas mulheres), contra os últimos indicadores conhecidos, que apontavam para 52 anos.

“Este é um número que vai surpreender muita gente”, enfatizou o responsável.

As mulheres continuam a ser maioria da população em Angola, com 13.289.983, contra 12.499.041 homens. Acresce que 65% da população total tem até 24 anos.

Os dados definitivos, conhecidos 16 meses depois da informação preliminar, apontam para uma densidade demográfica em Angola de 20,6 pessoas por quilómetro quadrado, mas que na província de Luanda sobe para 368,9.

A província capital viu a população recenseada em 2014 subir para 6.945.386 habitantes, contra os cerca de 6,5 milhões dos dados preliminares. A província do Bengo é a menos populosa de Angola, com pouco mais de 356.000 habitantes.

Da população total, 586.480 são cidadãos estrangeiros, equivalente a 2,3% do total, concentrados sobretudo em Luanda.

Cada mulher angolana tem em média 5,7 filhos, um número “ainda elevado”, destacou o director do INE, sublinhando igualmente que Angola apresenta uma taxa de crescimento natural positiva de 2,7% e conta com 5.544.834 agregados familiares.

O censo angolano concluiu ainda que 7.803.810 de pessoas em Angola possuíam, na altura, telemóvel e 2.119.946 acesso à Internet, mas em cada 100 agregados familiares 58 não fazia qualquer tipo de tratamento da água que consome.

Em cada 100 habitantes de Angola, 71 falam português, enquanto 23 falam a língua nacional umbundu, a segunda mais falada.

Ao discursar na abertura da cerimónia de apresentação dos números definitivos do censo, o ministro de Estado e chefe da Casa Civil do Presidente da República, Edeltrudes Costa, afirmou que este levantamento constituiu um “feito marcante” e que os dados servirão para o Governo melhorar a planificação das intervenções públicas no território e para uma distribuição “mais equitativa” dos recursos financeiros do Estado.

Cinco milhões ou 21 milhões?

O MPLA fez as contas e diz que conta nas suas fileiras com pelo menos cinco milhões de militantes. Provavelmente com as continuadas lições de “educação patriótica” e tendo em conta os novos números revelados pelo INE, esse valor deve ultrapassar os 21 milhões.

A ser verdade a tese regimental dos cinco milhões, isso quer dizer (face aos dados hoje divulgados) que há mais de 20 milhões que ainda não são militantes do MPLA. E isso é grave. Muito grave.

No dia 10 de Dezembro de 2011, já o secretário-geral do MPLA, Julião Mateus Paulo “Dino Matrosse” falava dos tais cinco milhões, apontando isso como resultado – pois claro – do bom desempenho do partido. Então como é? Cinco anos depois o número de militantes é o mesmo?

Dizia nessa altura um dos órgãos oficiais do partido/regime (a Angop) que “Dino Matrosse” “fez esta afirmação durante o acto central de massas em alusão às comemorações dos 55 anos da fundação do MPLA, acrescentando que o partido sempre soube adaptar e ajustar as grandes transformações decorrentes no país e no mundo, sendo por isso considerado uma organização dinâmica e atenta”.

“Dino Matrosse” disse que o sistema político adoptado no primeiro Congresso Ordinário do partido, em 1977, já não correspondia à nova realidade mundial e limitava o crescimento do MPLA, daí ter decidido passar de partido único e selectivo para o de massas. De massas e com (muita) massa, entenda-se.

Uau! De partido único e selectivo para o de massas. Por este andar, a bem da democracia – que não existe – e de um Estado de Direito – que Angola não é – não tardará muito que o número de militantes supere os 100 por cento da população.

“Mercê da sua abertura, o número de militantes cresceu consideravelmente e foi a partir desse momento que se passou a integrar nas suas fileiras membros saídos de outras forças políticas identificadas com o seu programa, quando até ao seu 3º Congresso, em 1991, contava apenas com 65.362 militantes”, realçou “Dino Matrosse” em 2011.

É só a somar. De facto, quem tem barriga necessita – regra geral – de comer alguma coisa. E se os angolanos sabem que, mesmo sendo apenas para conseguir um prato de pirão, é preciso ser militante do MPLA, então não têm outro caminho. E fazem bem.

“O MPLA é, por isso, um partido nacional, independente, progressista e moderno, cuja política assenta no socialismo democrático”, disse na altura Julião Mateus Paulo “Dino Matrosse”, acrescentando que desde a sua fundação, em 10 de Dezembro de 1956, é a força política que mais tem marcado a história de Angola.

Dizer que o MPLA é um partido progressista, moderno, defensor do socialismo democrático é o mínimo dos mínimos dos qualificativos. Do mesmo modo, dizer que o partido foi a força que mais tem marcado a história de Angola, peca por defeito e demasiada modéstia.

É que o MPLA é a força política que mais tem marcado a história de Angola, de África, da Lusofonia e do mundo. Todos sabem que é um paradigma que todos querem seguir, seja em matéria de equidade social ou de luta contra a corrupção…

“Dino Matrosse” disse também que com o MPLA e sob a liderança do presidente José Eduardo dos Santos, o povo angolano conquistou a paz em 2002, feito que permitiu a realização de eleições e a implementação efectiva do processo de construção e reconstrução nacional já plasmado no seu programa.

E tanto assim é que só existem 68% de angolanos afectados pela pobreza, a taxa de mortalidade infantil só é a terceira mais alta do mundo, com 250 mortes por cada 1.000 crianças, só 62% da população angolana não tem acesso a água potável, só 45% das crianças angolanas sofrerem de má nutrição crónica, sendo que uma em cada quatro (25%) morre antes de atingir os cinco anos.

“Dino Matrosse” sustentou ainda que as sucessivas vitórias do MPLA (democráticas, transparentes e credíveis) confirmam a sua forte ligação ao povo traduzida, na palavra de ordem “O MPLA é o povo e o povo é o MPLA”.

Estranha-se, contudo, que esse povo não se tenha filado em massa no MPLA. Mas para ganhar eleições e manter-se no poder o partido não precisa de militantes, simpatizantes ou votantes. Necessita apenas de boletins de voto.

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