O Banco Económico de Angola, que resultou do anterior Banco Espírito Santo Angola (BESA), é controlado maioritariamente, em 39,4% do capital social, pela petrolífera estatal Sonangol, mas através de três diferentes empresas do grupo.
A informação consta de um documento do banco que assume, pela primeira vez oficialmente, a nova estrutura accionista que resultou do aumento de capital e da entrada de novos accionistas no anterior BESA.
Em termos individuais, e de acordo com o documento, o grupo Lektron Capital SA – sociedade ligada a investidores chineses – passou a deter, desde Outubro passado, uma quota de 30,98% do capital social da instituição bancária, que na mesma assembleia de accionistas passou a denominar-se de Banco Económico.
Segue-se a Geni Novas Tecnologias SA, associada a investidores angolanos, com uma quota de 19,9%, enquanto o Novo Banco português, que ficou com parte dos activos do antigo Banco Espírito Santo do BESA, detém uma participação de 9,72%.
Nesta estrutura, a petrolífera estatal surge com três participações individuais, casos da “empresa mãe”, a Sonangol EP (16%), e das participadas Sonangol Vida SA (16%) e Sonangol Holding Lda (7,4%).
O Estado angolano atribuiu “prestações suplementares” à petrolífera Sonangol, no valor de 100.528 milhões de kwanzas (740 milhões de euros, à taxa de câmbio actual), para investimentos em dois bancos de origem portuguesa, casos do Millennium BCP e do antigo BESA.
“É um investimento de risco [no Banco Económico]. Por isso, sublinho, é um investimento de risco. Se a Sonangol perder dinheiro, perdeu dinheiro, porque é investimento de risco. Não há suporte público neste investimento”, disse este mês o presidente do Conselho de Administração do grupo petrolífero, Francisco de Lemos José Maria.
Por sua vez, também admitiu na mesma ocasião que aquele grupo concedeu “empréstimos” às duas sociedades privadas que integram a estrutura accionista, para manterem as participações do novo Banco Económico.
“Não é a primeira vez que a Sonangol investe na banca e todos os investimentos produziram efeitos, resultados, no longo prazo”, afirmou Francisco de Lemos.
Os valores desembolsados pelo Estado visaram “capitalizar a Sonangol EP com o objectivo do reforço do investimento financeiro no BCP e investimento no Banco Económico S.A. [que deu lugar ao anterior BESA]”, lê-se no relatório e contas da empresa de 2014.
No caso do ex-BESA, que após intervenção do Banco Nacional de Angola devido ao volume de crédito malparado e, que por decisão de 29 de Outubro passou a Banco Económico, entrando a Sonangol como accionista de referência, a petrolífera identifica no relatório e contas uma verba de 16.848 milhões de kwanzas (124 milhões de euros).
Confrontado pelos jornalistas com este investimento, o administrador explicou que a Sonangol foi chamada a participar nesta operação “em defesa dos superiores interesses do Estado de Angola e em solidariedade institucional com as instituições congéneres”.