As autoridades sanitárias do município do Cacuaco estão preocupadas com o elevado número de ataques por cães, com uma média semanal de mais de 50 casos, registados nesta circunscrição nos arredores de Luanda.
O director municipal de saúde pública do Cacuaco, Vítor Teca, que avançou hoje a informação, classificou como “assustador” o número de casos registados, envolvendo estes ataques a pessoas.
Entre finais de 2008 e meados de 2009, um surto de raiva assolou a capital angolana, tendo vitimado mais de 100 pessoas, sobretudo crianças.
“Semanalmente, registamos cerca de 53 casos de mordeduras e o nosso apelo à comunidade tem sido encaminhar a pessoa mordida aos serviços de saúde municipal do Cacuaco e, antes de sair de casa, lavar a ferida com bastante água e sabão”, referiu o técnico.
Segundo o responsável, que falava na rádio pública angolana, está prevista para os próximos dias uma campanha de vacinação animal em massa naquele município, a cerca de 30 quilómetros de Luanda.
A médica veterinária Aida Luís Vieira explicou que semanalmente são vacinados entre 100 a 200 cães, considerando que é um número é ínfimo face à população canina existente no Cacuaco.
Em 2009, para fazer face a um surto de raiva, as autoridades sanitárias avançaram com campanhas de vacinação para animais e pessoas, bem como com a recolha de animais vadios das ruas da capital angolana.
É claro que estes cães, tão famintos quanto grande parte dos angolanos, não pertencem a gente do regime. Veja-se:
“Durmo bem, como bem e o que restar no meu prato dou aos meus cães e não aos pobres”, afirmou há uns tempos o então ministro da Defesa do MPLA, hoje governador do Huambo e empresário de alta gabarito no esquema económico do regime. Não, não há engano. Reflectindo a filosofia basilar do MPLA, Kundy Paihama disse exactamente isso: o que sobra não vai para os pobres, vai para os coitados dos cães.
Não, obviamente, para estes que vagueiam pelas ruas das nossas cidades. Até para ser cão é preciso ter sorte ou ser… do MPLA.
Ora aí está. E por que não vai para os pobres?, perguntam os milhões que todos os dias passam fome. Não vai porque não há pobres em Angola. Simples. E se não há pobres, mas há cães…
“Eu semanalmente mando um avião para as minhas fazendas buscar duas cabeças de gado; uma para mim e filhos e outra para os cães”, explicou Kundy Paihama.
É claro que, embora reconhecendo a legitimidade que os cães de Kundy Paihama (bem como de todos os outros donos do país) têm para reivindicar uma boa alimentação, pensamos que os angolanos que são gerados com fome, nascem com fome e morrem pouco depois com fome, não devem transformar-se em cães só para ter um prato de comida.
Embora tenham regressado pela mão do MPLA ao tempo do peixe podre, fuba podre, 50 angolares e porrada se refilares, devem continuar a lutar ter direito a, pelo menos, comer como os cães de Kundy Paihama.