O abrandamento do crescimento económico na China está a dificultar as exportações de petróleo de Angola, que terá em Fevereiro um dos piores meses, a avaliar pelos carregamentos já acordados, noticia a agência financeira Bloomberg.
D e acordo com o programa de carregamento já acordado para Fevereiro, este será um dos piores meses em termos de exportações de petróleo de Angola para a China, o principal comprador de crude do segundo maior produtor africano.
“As dificuldades em exportar o petróleo da África Ocidental mostra que o excesso de oferta está a piorar, não a melhorar”, disse o analista do petróleo Julian Lee em declarações à Bloomberg.
A agência financeira escreve que os contratos para carregamentos de petróleo “estão praticamente inalterados, e são em muito menor número do que o normal, estando apenas cinco ‘spots’ vendidos”.
Angola planeia exportar 54 ‘spots’ de carga, o que dá um total de 1,86 milhões de barris por dia, o valor mais elevado desde Janeiro de 2010, mas as notícias agora divulgadas colocam esse objectivo em causa.
O problema não é apenas de Angola e afecta também a Nigéria, o maior produtor africano, face ao abrandamento do crescimento económico da China, e consequente diminuição da procura de petróleo para alimentar o crescimento da economia.
A Unipec, a companhia petrolífera chinesa, está inclusivamente a vender algumas das 29 cargas que reservou para comprar em Janeiro, o que seria o valor mais alto desde Agosto de 2011, quando a Bloomberg começou a acompanhar em permanência todos os carregamentos petrolíferos comprados e transportados para a China.
“É raro a Unipec revender os seus carregamentos, o que mostra que a procura interna da China não está a crescer tão depressa como a companhia estatal pensava”, acrescentou o analista Julian Lee.
Uma das explicações para a descida na procura de petróleo está também relacionada com a interrupção laboral na China para comemorar o Ano Lunar, entre 18 e 24 de Fevereiro, o que complica ainda mais a situação económica e financeira que Angola está a viver com a descida do preço do petróleo.
As receitas do petróleo angolano chegaram aos 21,5 mil milhões de euros entre Janeiro e Novembro deste ano, menos 2,4 mil milhões face aos primeiros onze meses de 2011, de acordo com a informação do Ministério das Finanças referentes às receitas ordinárias do sector petrolífero entre Janeiro e Novembro, tendo em conta a taxa de câmbio actual.
Em onze meses, Angola exportou 548,6 milhões de barris de petróleo, número que contrasta com os 579,3 milhões do mesmo período de 2013, que então representou mais de 3 biliões de kwanzas (23,9 mil milhões de euros, à taxa de câmbio actual) em receitas fiscais.
Em contrapartida, entre Janeiro e Novembro, de acordo com os mesmos dados, Angola arrecadou 2,6 biliões de kwanzas (21,5 mil milhões de euros) com o petróleo.
Além da quebra da produção, essencialmente no primeiro semestre, a diminuição das receitas é justificada igualmente com a redução do preço internacional do barril de crude.
Em Setembro de 2013 o petróleo exportado por Angola chegou a ultrapassar os 110 dólares por barril, cotação que tem vindo a descer consecutivamente desde o último Verão.
Esta evolução no mercado internacional levou o executivo angolano a rever algumas metas para 2015, através do próximo Orçamento Geral do Estado (OGE), que prevê um défice orçamental de 7,6% do Produto Interno Bruto (PIB), apesar de um crescimento da economia nacional de 9,7%.
O Governo angolano explica este desempenho com a incerteza na cotação internacional do preço de crude, estabelecendo 81 dólares por barril de petróleo como valor de referência na exportação, contra os 98 dólares inscritos no OGE de 2014.
Este valor serve de base ao cálculo das receitas fiscais petrolíferas, que em 2015 deverão render ao Estado 2,551 biliões de kwanzas (20.475 milhões de euros).