A Coreia do Norte, por mais de sete vezes, entre 28 de Maio e 27 de Junho, lançou em massa, cerca de 2.500 balões carregados de lixo para a Coreia do Sul, provocando danos em algumas áreas, incluindo em veículos.
Por Hyunwoo Sungjin (*)
Os balões gigantes transportam lixo, como pontas de cigarro, resíduos de papel, plástico e estrume, em grandes quantidades, para a atingirem regiões e cidades sul-coreanos causando o pânico, nas populações.
Além disso, a Coreia do Norte realizou ataques de informáticos e bloqueios por GPS direccionados, para as áreas em redor da “Linha Limite Norte (NLL)” no mar ocidental, durante cinco dias consecutivos de 29 de Maio à 02 de Junho.
Estes actos foram e são cometidos em retaliação aos activistas sul coreanos de luta pelos direitos humanos, que face a ditadura e falta de liberdade de movimento, expressão e imprensa, na Coreia do Norte, tem enviado panfletos, com material didáctico e de apoio a vida.
Kim Yo-jong avisou no dia 29 de Maio, que os cidadãos: “terão de continuar a recolher (o lixo balões)”, e ameaçou, “responderemos em dezenas de vezes mais a quantidade de lixo que os sul-coreanos nos enviam.”
Estas acções só podem ser descritas como uma resposta mesquinha e de baixo grau, inimaginável num país normal, mas não é o caso da Coreia do Norte, sob as ordens de Kim Yo-jong.
O lançamento de balões com lixo, muitos tóxicos, é um acto abaixo da decência comum que apenas atrai o ridículo e o isolamento internacional, de um regime liderado por um homem e grupo violento, sem pergaminhos de um Estado (i) legítimo e de direito.
A dispersão de balões de lixo norte-coreano em direcção ao Sul é uma clara violação ao Acordo de Armistício.
Em 30 de Maio, as Nações Unidas condenaram este procedimento numa declaração na suas redes sociais (Facebook), “enviando grande número de balões transportando resíduos que podem prejudicar os residentes locais constitui uma violação do Acordo de Armistício. Estamos a conduzir uma investigação oficial sobre este assunto”, disse.
Os ministros da Defesa da República da Coreia e dos Estados Unidos da América, também reafirmaram na 21.ª Cimeira de Segurança da Ásia (Diálogo Shangri-La) em Singapura, em 02 de Junho de 2024, que o lançamento de balões de lixo pela Coreia do Norte equivale a um violação do Acordo de Armistício.
O facto de os panfletos enviados por organizações e defensores dos Direitos Humanos sul-coreanos contendo, a maioria, produtos de necessidades diárias, medicamentos, dinheiro e outros bens que são genuinamente úteis para o povo norte-coreano, tornando este acto recente ainda mais ridículo.
O acto irracional do envio de balões de lixo decorre do facto de Kim Jong-un se aperceber das tentativas da comunidade internacional introduzir informações na Coreia do Norte, como livros e folhetos, alinhados com as recomendações do COI da ONU, que destaca o mandato da comunidade internacional para fornecer informação de liberdade e democracia ao povo norte-coreano.
Muitos especialistas da Coreia do Norte partilham a opinião comum de que existem sinais de informação externa sendo introduzida através de vários canais no país, havendo também um interesse crescente na Coreia do Sul, sobre a preservação da cultura coreana, assente em valores contrários a ditadura. Esta tendência é provavelmente a razão pela qual a Coreia do Norte, seja um dos países mais fechados do mundo.
As organizações sul-coreanas de defesa dos direitos humanos têm o regime autoritário de Kim Jong, como forte ameaça, a estabilidade na península, depois de reforçar a promulgação da Ideologia Reaccionária; a Lei de Rejeição da Cultura (2020); a Lei de Garantia da Educação dos Jovens (2021) e a Lei de Protecção da Língua Cultural de Pyongyang (2023), para controlar e punir ainda mais a liberdade de expressão e o acesso a informação do seu povo, facto que a comunidade internacional deve estar vigilante.
Até agora, a Coreia do Norte rejeitou com veemência as exigências internacionais de melhorar a situação dos direitos humanos, alegando que os direitos das pessoas são assuntos puramente internos e soberanos do Estado, pelo que não leva em conta estes apelos.
No entanto, os direitos humanos são uma questão de interesse e preocupação universal, pelo que a comunidade internacional deve continuar a discutir e a abordar activamente, as constantes violações dos direitos fundamentais do povo da Coreia do Norte, impedido de viver em liberdade.
Os órgãos e instituições da comunidade internacional, incluindo os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, devem levantar a voz contra os abusos dos direitos humanos e desempenhar um papel substancial na responsabilização da Coreia do Norte para impedir o regime de Kim Jong, de continuar a oprimir o seu povo, ao mesmo tempo que desenvolve actividades de produção de mísseis e armas nucleares.