O Conselho Político da Renamo, maior partido da oposição em Moçambique, alertou hoje para o agravamento da pobreza no país, durante uma sessão alargada do órgão, na Gorongosa, Sofala.
J osé Manteigas, porta-voz da sessão do Conselho Político da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), afirmou que a “pobreza é uma realidade devastadora” para a maioria dos moçambicanos, que contrasta com o “pequeno grupo” que gere a economia do país.
“A população está a viver debaixo da miséria”, precisou José Manteigas, recordando os últimos relatórios do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), da Organização das Nações Unidas (ONU), até porque “basta olhar” para a realidade e “qualquer um chega a essa conclusão”.
Moçambique conseguiu passar da posição 185 para a 178 em 2014 no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) — uma subida relacionada apenas com a exploração de matérias-primas, sem um desenvolvimento equivalente nas áreas da indústria, agricultura e serviços.
O Relatório 2014 do IDH das Nações Unidas, indica que Moçambique ocupa o fundo da escala do índice de pobreza em África. No quadro avaliado, é melhor apenas que o Níger (assolado pela seca) e a República Democrática do Congo (dilacerada por conflitos), últimos dois colocados. Na África lusófona, Moçambique está atrás da Guiné-Bissau e de São Tomé e Príncipe.
Um cenário de progresso acelerado, segundo o relatório, sugere que os países com um IDH baixo podem “convergir” para os níveis de desenvolvimento humano alcançados pelos países com IDH elevado e muito elevado. Até 2050, o IDH agregado poderia aumentar em 52 por cento na África subsariana de 0,402 para 0,612.
“Esta é a premissa de moçambicanos que estão a viver um Moçambique real”, afirmou José Manteigas, sublinhando que existem também problemas na criminalidade e corrupção.
A Renamo, reunida desde domingo até hoje, em sessão do Conselho Político Nacional alargado, para avaliar a sua “saúde política”, situação politica e económica do país, manifestou-se igualmente preocupado com o endividamento nacional.