SE “HAVER” NECESSIDADE O GENERAL ENSINA…

O Presidente angolano, general João Lourenço, defendeu, em Seul, a necessidade de a comunidade internacional se mobilizar para encarar com frontalidade conflitos antigos que não se resolvem e outros novos que vão surgindo pelo mundo.

O general João Lourenço discursou no banquete oficial que lhe foi oferecido pelo Presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk-Yeol, no âmbito da visita de dois dias que realiza àquele país asiático. Democrata como é, João Lourenço fez-se acompanhar no repasto pelo Presidente do MPLA (partido no Poder há 49 anos), pelo seu Titular do Poder Executivo e pelo seu Comandante-em-Chefe das Forças Armadas.

“É tempo de nos mobilizarmos ao nível da comunidade internacional para encararmos esses problemas com frontalidade e com coragem para se lhes dar solução, de modo a evitar que se eternizem ou que recrudesçam, ao ponto de degenerarem em conflitos de dimensão global”, frisou João Lourenço com a sua habitual eloquência e rigor analítico.

O chefe de Estado do MPLA transmitiu ao seu homólogo que todos os esforços que estão a ser envidados pela Coreia do Sul para “aliviar a tensão que paira sobre a península coreana devem ser encorajados”, por considerar que “só a via do diálogo e do entendimento entre os povos e as nações contribuirão, de facto, para o fim dos conflitos, por mais intrincados que sejam”.

Consta que o discurso de João Lourenço foi escutado com redobrada atenção e silêncio total mais a norte, pelo seu amigo Kim Jong-un, que terá ordenado que a intervenção do dono de Angola passe a integrar o currículo escolar universitário na disciplina de “educação patriótica”.

Segundo o general João Lourenço, esta perspectiva é que deve ser considerada na abordagem dos diferendos que subsistem actualmente, contexto que inclui a invasão da Ucrânia pela Rússia, que merece uma solução que salvaguarde a integridade da nação ucraniana.

“Temos assistido com preocupação ao grave conflito que ocorre no Médio Oriente entre Israel e a Palestina, que tem vindo a ter amplas repercussões regionais, com risco de escalar para uma preocupante confrontação entre vários países dessa zona, o que aliás já começa a acontecer com a intervenção militar directa de outros actores, que deve ser objecto de atenção e de preocupação muito especial por parte de toda a comunidade internacional, de modo a agir-se para que Israel e o Irão mantenham a máxima contenção possível”, disse João Lourenço, pondo o seu anfitrião em pânico, tal foi e erudição analítica revelada pelo Presidente do MPLA.

Para João Lourenço, não haverá solução para o problema do Médio Oriente se não se tiver em conta os interesses do povo palestiniano e o seu direito à autodeterminação e à criação do Estado palestiniano independente e soberano. Há quem diga que, quando fez esta alusão à autodeterminação, se notou um engasgo que terá sido provocado pelo chamado “fantasma de Cabinda”.

Relativamente ao continente africano, o Presidente angolano disse que continua a luta contra as mudanças inconstitucionais de poder e o terrorismo em alguns dos países, como na região do Sahel e da África Ocidental e Central. Já para não falar, acrescentamos nós, do caso do MPLA que perdeu as últimas eleições mas coagiu a Comissão Nacional Eleitoral e o Tribunal Constitucional a legitimar a fraude.

“A situação no Sudão e na República Democrática do Congo afigura-se bastante preocupante a julgar pelo elevado número de mortos, feridos, deslocados internos e refugiados que criam, pela grande destruição das infra-estruturas e roubo dos recursos minerais e outras riquezas nacionais”, frisou o general, mais uma vez revelando a sua perspicácia “la paliciana”.

De acordo com o general João Lourenço, têm sido feitos esforços no sentido de ajudar esses países a encontrar os caminhos do diálogo, para se alcançar a paz duradoura e poderem dedicar-se ao desenvolvimento económico e social dos respectivos países e das comunidades regionais em que estão inseridos.

Sobre a cooperação bilateral, o chefe de Estado angolano (não nominalmente eleito, recorde-se) frisou que decorreram 31 anos de intercâmbio e de trocas a todos os níveis, mas mesmo tendo realizado nesse período acções de cooperação “com apreciável relevância”, ainda está “muito aquém” de tudo o que pode ser feito, tendo em conta o potencial de que os dois países dispõem.

João Lourenço disse que a deslocação àquele país da Ásia visou absorver as dinâmicas que impulsionaram o desenvolvimento da Coreia e poder contar com a colaboração do Governo coreano, no sentido de ajudar Angola “a dar passos firmes e seguros na construção de uma economia sólida”.

Os Governos angolano e coreano assinaram quatro acordos nas áreas do comércio, saúde, ordem pública e diplomacia e chefe de Estado do MPLA confirmou a participação de Angola na cimeira Coreia-África, marcada para Junho, na cidade de Seul.

Folha 8 com Lusa

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