O Ministério da Economia e Planeamento angolano descartou hoje qualquer recessão económica em consequência da estagnação da economia do país no primeiro trimestre de 2023, devido à queda petrolífera, considerando que “programa estruturantes” devem inverter o curso. Assim sendo, garante o MPLA, só falta quase para pouco para entrar no paraíso…
O chefe do departamento para a Política e Gestão Macroeconómica do ministério, Martins Afonso, apresentou hoje a evolução do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre de 2023 e referiu que declínio trimestral não é sintomático de recessão. Claro que não! Como os angolanos sabem há 48 anos, se o MPLA o diz é porque é… mentira.
“Esse crescimento de menos 1,1% é uma taxa trimestral, mas a variação homóloga representa um crescimento de 0,3%, agora quando nós comparamos em relação ao quarto trimestre de 2022, ali nós vamos registar um declínio de 2,3 pontos percentuais”, respondeu o responsável durante um “briefing” com a imprensa.
Segundo Martins Afonso, o registo do PIB dos primeiros três meses de 2023 não se traduz numa recessão: “Mas a economia estagnou por conta de uma queda abrupta que se registou no sector petrolífero”. Pelos vistos, é normal ir de queda abrupta em queda abrupta até à queda abrupta… final. E quem vier a seguir que feche a porta, se ainda houver (“haver”, segundo o erudito português de João Lourenço) porta.
“E o que ocorreu neste sector é que a quantidade de produção aqui caiu significativamente e isso reflectiu-se na queda das exportações e reflectindo-se nessa queda tem uma forte influência na capacidade da entrada de recursos, ou seja, que são as divisas”, sustentou.
Brilhante. Diz este especialista que a produção caiu e por isso houve uma queda. Quem diria? Numa altura em que todos esperavam que com a produção a cair houve um aumento das exportações… eis que o petróleo vira arruaceiro.
O PIB de Angola fixou-se em 0,3% nos primeiros três meses de 2023, em termos homólogos, e recuou 1,1% face ao trimestre anterior, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE) angolano.
De acordo com a Folha de Informação Rápida, esta é a primeira vez que o PIB trimestral desliza para terreno negativo desde o segundo trimestre de 2021.
O recuo na actividade de exploração e refinação de petróleo (1,11 pontos percentuais) esteve na base da variação trimestral negativa e crescimento anémico do primeiro trimestre de 2023.
Em termos homólogos, o Valor Acrescentado Bruto (VAB) do petróleo teve uma queda de 8,0%, no primeiro trimestre de 2023, em relação ao trimestre homólogo, contribuindo negativamente em 2 pontos percentuais para a variação total do PIB.
Questionado sobre as acções para contrapor a estagnação registada na economia angolana nesse período, Martins Afonso apontou os programas estruturantes como o plano de produção de grãos e os planos de produção pesqueira e pecuária como “soluções”. Isto já para não falar no satélite Angosat, no metropolitano de superfície e no aluguer de enxadas para cultivar as terras.
Segundo o responsável, estes planos “vão dinamizar o processo da diversificação económica e contribuir para o crescimento do sector não petrolífero” e o desafio que hoje já se verifica “é uma diminuição paulatina do sector petrolífero no peso do PIB”. Se a isso se juntar o Corredor do Lobito e até – com o MPLA tudo é possível – a construção do caminho marítimo para o Huambo, o futuro estará garantido.
Martins Afonso destacou ainda, na sua intervenção, o crescimento do PIB de 0,3% no último trimestre, referindo que este foi “sustentado maioritariamente pelo sector não petrolífero que cresceu em 2,8% não obstante de uma contracção do PIB petrolífero em 8%”.
Recorde-se que o ministro da Agricultura e Pescas, António de Assis, afirmou no dia 18 de Março de 2022 que agricultores do interior do país disputavam enxadas e catanas, por falta de produção local, considerando que este é um dos factores que limita o desenvolvimento do sector. Nem enxadas nem catanas. Coisas da crise… que já dura há 48 anos, não é senhor general João Lourenço? O melhor mesmo é pescar com enxadas e semear com anzóis. Ou, então, fazer como faziam os tugas – plantar as couves com a raiz para baixo…
“O desempenho do PIB não petrolífero em 2,8% foi sustentado maioritariamente pelo sector dos transportes que cresceu 27% e o sector da extracção com 22,9%, energia e águas, 7,80% e outros”, realçou ainda. O sector petrolífero continua a ter, e assim vai continuar, a maior participação nas receitas totais de Angola.
Citemos novamente o ministro António de Assis que disse, em bom português, que o país “não produz enxadas, precisamos fazer diplomacia económica para atrair investimentos e produzir localmente enxadas, catanas, carros de mão, machados, regadores, facas, agulhas para coser os sacos e outros meios de produção”.
Folha 8 com Lusa