João Lourenço, Presidente angolano (não nominalmente eleito) e velho amigo da Rússia, defendeu hoje “negociações directas” entre a Rússia e a Ucrânia, entre a Rússia e os EUA e entre a Rússia e a NATO para o fim da guerra na Ucrânia e salvaguarda da paz mundial.
Falando na cidade de Menongue, Cuando Cubango, o general João Lourenço disse que “a guerra na Ucrânia que persiste, por mais de um ano, arrisca ganhar proporções que ameaçam cada vez mais a paz e a segurança mundiais, pelo que tudo deve ser feito para se evitar o escalar do conflito”.
Para o general Presidente angolano “é necessário que haja diálogo entre a Rússia e a Ucrânia para o estabelecimento de um cessar-fogo que abra caminho à negociação de uma paz definitiva, a soberania e a integridade territorial de Ucrânia devem ser respeitadas como consagrado no Direito Internacional e na Carta das Nações Unidas à que todos nós estamos obrigados a respeitar”.
João Lourenço recordou que Angola se defendeu-se a agressão do exército do “apartheid” da África do Sul, exactamente com ajuda militar de russos e cubanos, “mas na hora de negociar a paz teve de o fazer com o envolvimento de outros Estados negociando e assinando os acordos quadripartidos de Nova Iorque”.
Nesta conformidade, observou o general João Lourenço, “defendemos não só a necessidade do estabelecimento de negociações directas entre a Rússia e a Ucrânia, entre a Rússia e os Estados Unidos como também entre a Rússia e a NATO para assegurar uma paz duradoura não apenas para a Ucrânia, mas para a Europa e para o mundo”.
“Evitando-se desta forma uma perigosa confrontação nuclear”, salientou, quando discursava na abertura da reunião das chefias militares angolanas, que decorre naquela província sul de Angola.
Falando na qualidade de Comandante-em-Chefe das Forças Armadas Angolanas (FAA), João Loureço referiu também que o momento “é crucial” para se começarem a dar “passos concretos” na busca das soluções para o alcance da paz (na Ucrânia) “pela via negocial”.
“Para não nos arrependermos mais tarde”, considerando também ser esta a “altura certa” para a serem dados passos concretos para se fazerem “reformas necessárias” no Conselho de Segurança das Nações Unidas, no FMI, no Banco Mundial e na Organização Mundial do Comércio. Desnecessárias são, subentende-se, reformas que levem a que Angola seja um dia uma democracia séria e um Estado de Direito digno desse nome.
O chefe de Estado angolano, que dirige a reunião das chefias militares angolanas, está desde terça-feira no Cuando-Cubango, onde assistiu às manobras militares dos três ramos das FAA.
Estas manobras “realizaram-se no mês de Maio altura do ano em que se comemora a vitória da humanidade sobre o nazismo, responsável pela perca de 50 milhões de vidas humanas entre as quais as do povo judeu vítima do holocausto”, recordou. Esqueceu-se, é claro, que Maio foi também o mês em que, em 1977, Agostinho Neto (o único herói nacional segundo o MPLA) mandou assassinar milhares e milhares de angolanos.
“Apesar de importantes conquistas, o mundo de hoje ainda não é tão seguro quanto seria de desejar, continuam a surgir no mundo ocorrências perigosas como a ameaça da confrontação nuclear, o terrorismo internacional”, frisou. Isto, acrescentamos nós, para além de internamente o terrorismo do Estado/MPLA ter levado a que 20 milhões de cidadãos vivam na pobreza enquanto aprendem a viver sem… comer, e que as nossas crianças continuem a ser geradas com fome, a nascer com fome e morreram com… fome.
As tomadas de poder inconstitucionais, as guerras de agressão, invasão, ocupação e anexação de parte de territórios de países soberanos e o mercenarismo ao serviço de Estados, disse, também colocam em causa a segurança mundial. É verdade. João Lourenço, na sua qualidade de Presidente do MPLA (partido no Poder há 48 anos), fala com conhecimento de causa.
O general João Lourenço considerou igualmente, na sua intervenção, que o mundo “acompanha com muita atenção e preocupação” a tensão na península coreana, o conflito Israelo-palestiniano, o degradar da situação de segurança na região o Sahel em África, no leste da RDC, em Moçambique e no corno de África.
“Encorajamos as partes beligerantes no Sudão a estabelecer um cessar-fogo para negociar a paz definitiva que ponha fim a guerra que em poucos dias ceifou centenas de vidas, criou milhares de deslocados internos e de refugiados para os países vizinhos”, defendeu ainda João Lourenço.
Folha 8 com Lusa