A República de Angola (do MPLA) vai, em breve, destaca a RNA (do MPLA) explorar nióbio, um dos minerais mais raros do mundo. O mineral serve para o fabrico de turbinas, naves espaciais, aviões, indústria electrónica e centrais eléctricas, vai ser feita no Município de Quilengues, na Província da Huíla. Será que, como acontece com o “ouro negro”, não vamos exportar petróleo e comprar gasolina?
“Neste momento, as autoridades locais trabalham no levantamento dos cidadãos que residem no perímetro da zona de exploração, no sector da Bonga, para o seu devido realojamento», diz a RNA,
Em 2017, uma sociedade mineira anunciou que pretendia investir mais de 20 milhões de dólares (cerca 16,9 milhões de euros) na exploração, no sul de Angola, de nióbio, material supercondutor raro utilizado na indústria espacial, segundo autorização governamental.
Em causa estava a denominada concessão de Quilengues, província da Huíla, numa extensão de 160 quilómetros quadrados, no complexo Carbonatito de Bonga e Tchivira, conforme previsto no despacho assinado pelo então ministro da Geologia e Minas angolano, Francisco Queiroz, de 2 de Agosto de 2017.
O documento aprova o contrato de investimento mineiro e os direitos atribuídos para esta concessão à Blue Mining e à empresa pública concessionária do sector diamantífero angolano, Endiama, “agrupadas em sociedade comercial a constituir”, para explorar “jazigos de nióbio” naquela área, “dado interesse estratégico que aquele mineral apresenta”.
O Brasil detém as maiores – e praticamente únicas – reservas mundiais de nióbio, segundo dados oficiais na ordem de 842,46 milhões de toneladas, espalhadas por Minas Gerais, Amazonas e Goiás.
Dados do Serviço Geológico do Brasil indica que as exportações brasileiras da liga ferro-nióbio atingiram em 2012 as 71 mil toneladas e um encaixe de 1,8 mil milhões de dólares (1,5 mil milhões de euros).
O nióbio foi descoberto pelo químico inglês Charles Hatchett em 1801, a partir de estudos do mineral columbite. Ele nomeou o novo elemento encontrado de columbium (Cb). Posteriormente, em 1846, de forma independente, o químico alemão Henrich Rose descobriu o elemento e nomeou-o de nióbio, nome adoptado pela comunidade internacional a partir de 1950.
O nióbio é um metal brilhante, extraído principalmente do mineral columbite, e considerado de baixa dureza. Entre as suas utilizações comerciais está o uso em dispositivos médicos, como o marca-passo (estimulador cardíaco), pois as suas ligas metálicas são fisiologicamente inertes e com características hipoalergénicas. Por esse motivo, também é utilizado em fabricação de jóias.
O nióbio também é utilizado na produção de fios de ímanes supercondutores empregados nas máquinas de ressonância magnética e até nos aceleradores de partículas.
O nióbio não é encontrado de forma livre na natureza, mas sim em minérios, como a columbite e tantalite. Nesses minerais, o nióbio apresenta-se na forma do isótopo estável 93Nb, porém, estima-se que existam pelos menos 28 radioisótopos já sintetizados, com números de massa variando de 83 até 110 u.
O Brasil possui a maior parte do nióbio disponível no planeta (cerca de 94%) e também é responsável por grande parte da comercialização desse metal. Por não ter utilização comprovada desse elemento, em 1965, o governo permitiu que a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), em parceria com o governo americano, explorasse as reservas de nióbio encontradas no solo brasileiro. Nos anos seguintes, a CBMM foi comprando a parte que cabia aos americanos e passou a ser a controladora mundial da comercialização do nióbio.
Por possuir quase a totalidade da reserva de nióbio disponível não traz grandes rentabilidades para o governo brasileiro, pois é vendido com baixo custo quando comparado a outros metais, como o ouro, que é vendido por quase o dobro do valor de mercado do nióbio.
Além disso, é um metal substituível, ou seja, podem ser utilizados outros metais nas ligas. Outro ponto que prejudica a comercialização do nióbio é o facto de, no caso brasileiro, ser vendido apenas como matéria-prima, o que se traduz em exportar nióbio e comprar os materiais prontos feitos com… nióbio.
Em termos de propriedades químicas, é o elemento químico de número atómico 41 e massa atómica 92,9 u. O seu símbolo químico é Nb. Pertence ao 5º período da tabela e ao grupo 5 e, portanto, é considerado um metal de transição na classificação periódica dos elementos químicos. As suas propriedades químicas assemelham-se às propriedades do tântalo (Ta), localizado no mesmo grupo logo abaixo do nióbio.
Quanto às propriedades físicas, é um metal brilhante, com coloração cinza e, em condições normais, é sólido (temperatura de fusão: 2477 °C; temperatura de ebulição: 4744 °C). É dúctil e apresenta propriedades supercondutoras, além de ser resistente à corrosão.
A procura do mercado mundial de nióbio é de 100 mil toneladas anuais, na qual o Brasil contribui com 90% desse total. Cerca de 100 gramas desse metal é capaz de tornar uma liga de 1 tonelada de ferro extremamente resistente.