Bolsonaro diz que pandemia está no fim quando aumentam mortes e casos no Brasil

O Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, disse hoje que a pandemia de Covid-19 no país está a terminar, embora o país registe um aumento de casos e de mortes provocadas pela doença nas últimas semanas.

“Me permite falar um pouco do Governo, que ainda estamos vivendo o finalzinho de pandemia. O nosso Governo, levando-se em conta outros países do mundo, foi aquele que melhor se saiu, ou um dos que melhores se saíram na pandemia”, disse Bolsonaro, durante um discurso em Porto Alegre, capital do estado do Rio Grande do Sul.

A declaração foi feita num momento em que 22 das 27 unidades da federação brasileira enfrentam uma subida nas mortes por Covid-19 e infecções provocadas pelo novo coronavírus.

Na quarta-feira, o Brasil ultrapassou a barreira das 6,7 milhões de infecções (6.728.452), após ter contabilizado 53.453 novos casos em 24 horas.

O discurso negacionista de Bolsonaro, que sempre relativizou a gravidade da pandemia, tem gerado desconforto e reacções dentro e fora do país.

Na quarta-feira, a alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, pediu ao Governo brasileiro que dê o exemplo à população no combate à pandemia.

“Espero que as lideranças do Brasil sirvam de exemplo para o povo (…) Em qualquer país do mundo onde as lideranças negam a existência da covid-19, o efeito tem sido devastador. Isso já aconteceu em muitos países, não apenas no Brasil”, disse Bachelet.

Além disso, o Brasil, que era uma referência global em vacinação em massa graças a programas bem-sucedidos de imunização gratuita realizados pelo Sistema Único de Saúde nas últimas décadas, ainda não tem um plano de vacinação contra a Covid-19.

Sem um plano definido oficialmente, o país poderá esperar até meados de Março para começar a imunização em massa da população, já que apostou a maioria das suas fichas na vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford e o laboratório AstraZeneca, que sofreu atrasos devido a problemas nos testes.

Jair Bolsonaro protagoniza uma disputa política com o governador do Estado de São Paulo, João Doria, que comprou 46 milhões de doses da vacina chinesa CoronaVac e firmou uma parceria com o fabricante deste remédio, o laboratório Sinovac, através do Instituto Butantan, para fabricar milhares de doses da vacina se ela for eficaz.

O Brasil é o país lusófono mais afectado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo maior número de mortos (mais de 6,7 milhões de casos e 178.995 óbitos), depois dos EUA.

Lusa

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