A administração do Banco Económico considera que Angola enfrenta “um momento económico adverso e sem precedentes”, no seguimento da queda dos preços do petróleo e da pandemia da Covid-19, que acentuam a incerteza sobre a recuperação económica. Aliás, em rigor, mostram a incompetência genética dos governos do MPLA (os únicos que conhecemos nos últimos 45 anos) e perspectivam a falência enquanto país independente. Entretanto, em matéria de pandemia Covid-19, África regista mais de 8.500 casos e 360 mortes.
“A ngola atravessa um momento económico adverso e sem precedentes, justificado por factores como a queda acentuada do preço do petróleo nas últimas semanas (mais de 70% desde o início do ano) com impacto directo na principal fonte de receitas do país, colocando uma pressão acrescida sobre as suas finanças públicas e posição líquida externa, em divisas”, lê-se num comunicado do Banco Económico (BE).
O documento, enviado na sequência da colocação em revisão com perspectiva negativa do ‘rating’ desta instituição financeira pela Moody’s, acrescenta que a crise económica resulta também do “rápido alastramento da pandemia Covid-19 e o seu imprevisível efeito sobre a actividade económica mundial, nomeadamente em termos do impacto das condições de crédito e de liquidez, que também se podem traduzir no previsível acréscimo do endividamento e pressão sobre a balança de pagamentos”.
A estes factores, conclui o BE, “acresce a difícil visibilidade sobre o ‘timing’ e o ritmo da recuperação da economia mundial no período pós Covid-19 e do preço do petróleo, numa conjuntura de forte redução da procura e de queda geral dos preços das matérias-primas”.
A Moody’s colocou em revisão com perspectiva de descida o ‘rating’ da República de Angola e, consequentemente, o ‘rating’ dos três bancos que a agência de notação financeira segue no país.
“A Moody’s estendeu esta medida de forma transversal ao sector bancário angolano e colocou também o “Caa1 long term local currency rating” (classificação de longo prazo em moeda local) do Banco Económico sob revisão para um possível ‘downgrade’ (rebaixamento)”, reagiu a administração do banco no comunicado.
“O Banco Económico encara o actual momento com serenidade e resiliência, tendo adoptado as necessárias medidas de contingência para continuar a desenvolver a sua actividade dando cumprimento às determinações do Regulador (Banco Nacional de Angola) e está integralmente focado em encontrar as melhores soluções para as necessidades dos seus clientes e para o apoio às empresas e às famílias angolanas”, acrescentaram os administradores.
No texto que acompanha a divulgação desta acção de ‘rating’ sobre os bancos angolanos, na quinta-feira, a Moody’s escreveu que esta acção, que não é uma descida do ‘rating’, mas sim o passo prévio, incide sobre o Banco Angolano de Investimentos (BAI), o Banco de Fomento Angola (BFA) e o BE, os dois primeiros com nível B3 e o terceiro com nível Caa1, todos com grau especulativo.
“A principal motivação destas acções de ‘rating’ é o ambiente operacional cada vez mais incerto em Angola, que resulta da forte queda do preço do petróleo e da forte exposição dos bancos ao país, principalmente na forma de significativos activos ligados à dívida pública, que ligam o perfil de crédito dos bancos ao perfil de crédito do Governo”, lê-se na nota.
A decisão surge na mesma altura em que a Moody’s colocou o ‘rating’ da própria República em perspectiva de descida, um processo durante o qual a agência vai analisar a resposta do Governo à alteração das condições económicas e financeiras para depois decidir, até ao Verão, sobre a qualidade do crédito soberano, sendo que o anúncio foi feito com a perspectiva de que dificilmente Angola escapará a uma degradação do ‘rating’.
“Durante o período de revisão, a Moody’s vai avaliar o impacto da degradação económica na qualidade dos activos, na capitalização e na liquidez em moeda externa dos bancos, a resposta governamental ao choque – que servirá para aferir do ‘rating’ da República -, e qualquer mudança na disponibilidade do Governo para ajudar os bancos em necessidade”, refere ainda.
A degradação do ambiente operacional dos bancos está intimamente ligada à queda do preço do petróleo, diz a Moody’s, que reviu em baixa a estimativa do preço médio do barril para 40 a 45 dólares este ano e 50 a 55 dólares em 2021.
África com mais de 8.500 casos e 360 mortes
O número de mortes provocadas pela Covid-19 em África subiu para 360 nas últimas horas num universo de mais de 8.500 casos registados em 50 países, de acordo com a mais recente actualização dos dados da pandemia.
Segundo o boletim do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (CDC Africa), nas últimas 24 horas o número de mortes registadas subiu de 313 para 360 com as infecções confirmadas a passarem de 7.741 para 8.536.
O CDC África registou também 710 doentes recuperados após a infecção, mais 70 do que os registados no sábado.
O norte de África mantém-se como a região mais afectada pela doença com 3.837 casos, 255 mortes e 391 doentes recuperados. Na África Austral, são 1.682 os casos registados da doença, que já provocou 14 mortes, tendo 51 doentes recuperado da infecção. Na África Ocidental, há registo de 1.541 infecções, 45 mortes e 217 doentes recuperados.
A África do Sul é o país com mais casos confirmados da doença (1.585), registando nove mortes e 45 doentes recuperados. Seguem-se Argélia (1.171 casos e 105 mortes), Egipto (1.170 casos e 71 mortes) e Marrocos (919 casos e 59 mortes).
Em pelo menos uma dezena de países, o número de casos confirmados é na ordem das centenas. Globalmente, 50 dos 55 países e territórios membros da União Africana apresentam agora casos comprovados da doença.
Até ao momento, não foram anunciados quaisquer casos em São Tomé e Príncipe, Sudão do Sul, Comores, República Sarauí e Lesoto.
São Tomé e Príncipe mantém-se assim como o único país lusófono em África sem qualquer caso confirmado. A Guiné-Bissau é agora o país africano lusófono com mais casos registados, depois de, no sábado, ter confirmado 18 pessoas com infecções pelo novo coronavírus.
Angola, que já contabiliza duas mortes, anunciou também, no sábado, mais dois casos confirmados da doença, registando agora 10, o mesmo número que Moçambique. Cabo Verde totaliza sete casos de infecção desde o início da pandemia, entre os quais um morto.
Na Guiné Equatorial, que integra a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), estão confirmados 16 casos positivos de infecção pelo novo coronavírus.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, já infectou cerca de 1,2 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 63 mil. Dos casos de infecção, cerca de 220 mil são considerados curados.
Depois de surgir na China, em Dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
Folha 8 com Lusa