A empresária angolana Isabel dos Santos garantiu hoje ter “todos os pagamentos em dia” relativamente ao crédito de 125 milhões de euros contraído junto da CGD em 2009. A montanha de lixo do jornal português Correio da Manhã nem um rato pariu. Mas a verdade é que Isabel dos Santos continua na ribalta.
A posição, através da sua conta oficial na plataforma Twitter, surge depois de, na sua edição de hoje, o jornal Correio da Manhã fazer manchete com um empréstimo de 125 milhões de euros concedido pela portuguesa Caixa Geral de Depósitos a Isabel dos Santos.
Através da sua conta, a empresária angolana afirma que, do financiamento original de 125 milhões de euros, “60% [está] amortizado e todos os pagamentos em dia”.
A notícia do jornal português adianta que o empréstimo em causa foi concedido para a aquisição de acções da operadora Zon (actual NOS) e que a operação teve “um parecer condicionado da Direcção-geral de Risco (DGR)”.
No Twitter, Isabel dos Santos precisa ainda que “actualmente, o valor das acções da NOS que servem de colateral têm um valor de mercado cerca de 10 vezes superior ao valor líquido do financiamento”.
Citando um relatório do Banco de Portugal, realizado em 2011, sobre créditos da CGD para a compra de acções, o Correio da Manhã refere que, neste caso, se tratou de um financiamento concedido pelo banco público à Kento Holding Limited, sociedade do Grupo Fidequity, detido por Isabel dos Santos.
O matutino adianta que o referido relatório indica que o crédito foi concedido pelo prazo de sete anos, com três anos de carência de capital, e pagamento de juros à taxa Euribor a seis meses, mais um spread de 2%.
Para pagamento do empréstimo, escreve ainda o jornal citando o relatório, “as garantias consistem no penhor financeiro das acções adquiridas, num depósito a prazo (no valor inicial de 14,425 milhões de euros), a remunerar em condições de mercado, e o aval da Eng. Isabel dos Santos, consubstanciado numa livrança subscrita pela Kento e avalizada pela própria”.
Mais do que a oportunidade jornalística/informativa desta manchete do Correio da Manhã, é questionável, mas legítima, a sua calendarização numa altura em que o Presidente do MPLA, igualmente Presidente da República e Titular do Poder Executivo, João Lourenço, aumenta fortemente os decibéis das acusações contra tudo e todos que tenham, directa ou indirectamente, alguma ligação (por ténue que seja) a Isabel dos Santos.
Curiosamente, recordam fontes próximas de Isabel dos Santos, este texto surge três dias depois de a Comissão da Carteira Profissional de Jornalista (CCPJ) de Portugal ter divulgado uma recomendação sobre conteúdos patrocinados na qual afirma ter “conhecimento, na sequência de vários pedidos de informação, da pressão a que muitos jornalistas, com carteira profissional, estão a ser sujeitos para produzir conteúdos patrocinados na forma de notícias, reportagens, entrevistas, e outros géneros jornalísticos”.
Essas fontes disseram ao Folha 8 que “é importante analisar a publicidade do Correio da Manhã”, acrescentando que – como diz a CCPJ – “os conteúdos patrocinados são trabalhos executados em troca de um patrocínio comercial ou de qualquer outra forma de pagamento”.
Recorde-se que, para a CGD, o empréstimo era (como continua a ser) sólido em função da capacidade financeira dos accionistas da Kento, bem como levando em conta as garantias dadas e, inclusive, o aval pessoal de Isabel dos Santos e um depósito a prazo para reforço da garantia real. Refere mesmo que, em relação a Isabel dos Santos, “as informações disponíveis eram muito abonatórias em relação à sua capacidade financeira”.