George Bush, o 41º presidente norte-americano que exerceu um único mandato entre 1989 e 1993, morreu esta sexta-feira, aos 94 anos cerca de oito meses após a morte de sua esposa, Barbara Bush. Já tinha estado por mais que uma vez internado. sofria de doença de Parkinson.
George e Barbara Bush tiveram seis filhos, entre eles George W., Bush que foi presidente por dois mandatos entre 2001 e 2009, e Jeb, ex-governador da Flórida, candidato nas primárias republicanas de 2016.
Com mais de 40 anos de serviço público, George Bush foi eleito presidente em 1989, tendo estado na Casa Branca um único mandato. Republicano, era um piloto condecorado que combateu na Segunda Guerra Mundial, tendo o seu avião sido abatido no Pacífico em 1944. Além de um herói da Segunda Guerra Mundial, foi congressista do Texas, director da CIA e vice-presidente de Ronald Reagan, o presidente a quem sucedeu.
O 41º Presidente dos Estados Unidos serviu de 1989 a 1993 e oito anos depois assistiu à tomada de posse do seu filho George W. Bush, que se tornou o 43º Presidente.
George H.W. Bush viu sua popularidade aumentar no período da Guerra do Golfo em 1991, mas esse capital desapareceu num período de recessão breve, mas profunda. O republicano acabou por ser derrotado pelo democrata Bill Clinton, quando procurava assegurar um segundo mandato.
Bush tinha sido internado no hospital com uma infecção no sangue em 23 de Abril, um dia após o funeral da mulher, tendo ali permanecido durante 13 dias. Voltou a ser hospitalizado em Maio, indicando pressão baixa e fadiga uma semana depois de chegar ao Maine para passar o Verão.
Acabou por ter alta alguns dias depois e comemorou o seu aniversário em 12 de Junho – fazendo história, ao tornar-se o primeiro ex-Presidente a atingir a idade de 94 anos.
Apoio à UNITA para travar o comunismo
Em 1989, os EUA prestavam cerca de 50 a 60 milhões de dólares por ano em assistência secreta à UNITA que era apoiada por cerca de 250 congressistas entre os 435 da Câmara dos Representantes. O partido de Jonas Savimbi era apoiado pela direita americana – o Partido Republicano – no poder na altura, e que tentava obrigar o MPLA a abandonar o marxismo-leninismo, pôr termo à guerra civil e aceitar eleições livres e justas. Quem geria este processo na administração Bush era Herman Cohen um interlocutor comum de Jonas Savimbi.
“Ele era uma pessoa muito difícil”, disse Cohen explicando que Savimbi “tinha apoio muito forte no que se pode considerar a ala direita da política americana. Era muito difícil dar-lhe conselhos que ele não queria ouvir ou criticá-lo no que quer que fosse… pois ele queixava-se aos seus apoiantes, sobretudo numa administração republicana. Portanto, era muito difícil lidar com ele.”
A política americana para Angola, aceitando os desejos da UNITA, era a de promover uma “genuína reconciliação nacional conducente a eleições livres e justas”. Os Estados Unidos apoiavam a UNITA, continuaram a apoiá-la após os acordos de paz de Bicesse e até mesmo durante a campanha eleitoral. Mas quando os resultados não lhe deram a vitória, nas presidenciais de 1992, Savimbi voltou-se contra os Estados Unidos.
“Ele estava muito zangado connosco por não aceitarmos a sua reivindicação de que as eleições de 1992 foram fraudulentas,” recorda Cohen. “Ele concordou que a ONU estaria encarregada de administrar as eleições e o governo de Angola concordou que a ONU ficaria encarregada de administrar as eleições. Quando a ONU investigou as suas alegações de fraude e verificou que elas não tinham razão de ser, todos nos EUA – incluindo os seus amigos – lhe disseram para aceitar os resultados”.
Mas Savimbi não aceitou os resultados. Washington declarou oficialmente, tal como as Nações Unidas, que as eleições foram “em geral livres e justas” e que devia haver uma segunda volta das presidenciais entre Jonas Savimbi e o José Eduardo dos Santos. Mas a UNITA regressou às armas.
O MPLA amigo da Rússia e inimigo dos EUA
O então Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, responsabilizou no dia 17 de Outubro de 2016 a política externa dos últimos presidentes dos Estados Unidos pela instabilidade em África e no Médio Oriente, pedindo uma “neutralidade mais activa” às Nações Unidas.
O chefe de Estado discursava na Assembleia Nacional, em Luanda, sobre o Estado da Nação, durante a sessão solene de abertura da quinta sessão legislativa da III legislatura, a última antes das eleições gerais de 2017, tendo responsabilizado directamente as administrações republicanas mas também as de Barack Obama.
A Angola do MPLA é um tradicional aliado da Rússia, Cuba e mais recentemente da China. “Utilizando a força, os Estados Unidos levaram a cabo intervenções em várias partes do mundo para impor os seus valores políticos, com resultados adversos. Acabaram assim por gerar mais instabilidade no Médio Oriente, na Ásia e em África, onde não conseguiram nem impor a paz, nem desencorajar os movimentos terroristas”, afirmou José Eduardo dos Santos.
“Que rumo agora seguirá a política externa americana, com o novo Presidente a ser eleito em Novembro? Qual será a reacção da Rússia e de outras potências de desenvolvimento médio? Um mundo mais seguro só pode ser arquitectado na base do diálogo e do entendimento desses dois grupos, e de uma neutralidade mais activa da parte das Nações Unidas”, concluiu na altura José Eduardo dos Santos.
Obama lamenta perda de “humilde servidor”
“A América perdeu um patriota e um humilde servidor”, disse hoje o ex-Presidente dos EUA, Barack Obama, referindo-se à morte de George Bush.
As palavras de Barak Obama sublinhavam a contribuição de Bush para “reduzir o flagelo das armas nucleares e para formar uma ampla coligação internacional para expulsar um ditador do Kuwait”.
Obama acrescentou que a diplomacia de George Bush ajudou a “terminar com a Guerra Fria sem se disparar um tiro”.
Hoje, também, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, saudou a “liderança inabalável” de George Bush.
“Através de sua autenticidade, do seu espírito e compromisso inabalável com a fé, a família e o seu país, o Presidente Bush inspirou gerações de cidadãos norte-americanos”, afirmou Trump através de um comunicado divulgado a partir de Buenos Aires, onde participa na cimeira do G20.