A descida nos preços do petróleo deve afectar o crescimento da economia de Angola e fazer com que agência de notação financeira Moody’s reveja em baixa a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 7,8% para cerca de 6% este ano.
Em declarações à Lusa, o principal analista responsável pelo acompanhamento da evolução do país explicou que o valor não está ainda definido, mas avançou que é “muito provável que haja uma revisão em baixa para valores na ordem dos 6%”.
Aurelien Mali, o analista sediado no Dubai e que acompanha Angola, explica que “para 2015 é ainda prematuro apontar números, embora seja provável uma revisão em baixa face à perspectiva inicial” apresentada em agosto e que prevê um crescimento do PIB na ordem dos 8,4%.
“Há muita volatilidade, é muito difícil prever a evolução do preço do petróleo”, argumenta o analista, confirmando assim a estreita ligação entre as contas públicas de Angola e o preço do petróleo internacional, responsável por 76% das receitas orçamentais e mais de 97% das exportações do país.
Questionado sobre se a flutuação dos preços do petróleo nos mercados internacionais, que desceram 25% desde Junho e 5% nas últimas duas semanas, pode influenciar a avaliação (‘rating’) do país, Aurelien Mali disse que, para já, não.
“A monitorização é contínua, e podemos rever o ‘rating’ se o preço continuar a descer para patamares que não antecipamos, mas para já não estamos a prever alterar o ‘rating’ do país”, que se mantém em Ba2 com perspectiva estável desde agosto, data em que foi melhorado de Ba3 para Ba2, mudando também, em consonância, a perspectiva de evolução (‘Outlook’) de Positiva para Estável, disse o responsável.
Uma das principais preocupações da Moody’s no que diz respeito à economia angolana não são as contas públicas, que estão estáveis e “mais robustas que em 2009”, mas sim a “força institucional”, apontada como “o principal constrangimento” na avaliação do ‘rating’ do país.
“Angola fez grandes progressos nos últimos anos quando comparamos a eficácia do Governo, o desenvolvimento do país e a transparências das contas e das empresas públicas, mas continua nos últimos lugares nos rankings internacionais, e é ainda um constrangimento no ‘rating'”, explica Aurelien Mali.
A actualização do ‘rating’, que deverá ser publicada no princípio do próximo ano e que não deverá sofrer alterações, “leva também em conta a estrutura e a evolução da produção do petróleo que é esperada, incluindo as novas rondas de licenciamento”.
Na opinião da Moody’s, “Angola conseguiu manter-se atractiva para as companhias internacionais, também porque a moldura para fazer negócios nestes sectores é razoavelmente resiliente aos vários choques que colocamos na nossa análise”.