Por Paulo Morais
Mais uma vez. Já é habitual, mas não podemos aceitar, há que repudiar este hábito. A polícia angolana usou a violência de forma gratuita contra manifestantes na última semana.
Ao tentar impedir as manifestações, o regime mostra assim que não sabe conviver com o contraditório e revela uma das suas facetas mais marcantes, a intolerância. O envio de polícia com intervenções brutais sobre manifestantes é típico de um regime que tem medo da própria sombra e cuja estrutura de poder se decompõe.
Desta feita, a polícia chegou ao ponto de abandonar os feridos à sua sorte, não se admite. O auxílio e a assistência médica tiveram de ser prestados pelos populares, que os levaram para o hospital. Por outro lado, a perseguição a opositores do regime tem de acabar. As sevícias sobre o activista Nito Alves, que chegou mesmo a ter o braço esquerdo deslocado, chocam a comunidade internacional.
Na luta pelo poder, as permanentes traições entre os actores da classe política e a corrupção generalizada provocam insegurança até na própria estrutura deste poder autocrático em desagregação. Contaminam tudo e todos, da administração pública aos negócios e outras actividades.
O comportamento da Polícia na última semana não é admissível num estado que se afirma “democrático” e que quer conviver na cena internacional. Ou o poder angolano acaba com estas práticas selvagens ou deve ser banido da cena diplomática internacional.