O líder da UNITA, Isaías Samakuva, refutou, em Luanda, que a situação política angolana seja estável, “quando na verdade o país tem presos políticos e o Governo agride, prende e mata pessoas”.
I saías Samakuva, presidente do maior partido da oposição, que fez hoje uma réplica ao discurso sobre o (mau) estado da nação, proferido na quinta-feira na Assembleia Nacional, na abertura do novo ano legislativo, pelo vice-Presidente Manuel Vicente, referia-se ao caso dos 15 jovens activistas detidos em Luanda desde Junho.
Manuel Vicente, que leu a mensagem do Presidente, ausente por – na versão oficial – uma indisposição momentânea, caracterizou como estável a situação política do país, sublinhando também que, “na generalidade, tem havido o cumprimento dos preceitos constitucionais da Lei pelas instituições, pela sociedade e pelos cidadãos”.
“Como podemos falar de estabilidade política, quando na verdade o país tem presos políticos e o Governo agride, prende e mata as pessoas, apenas por pensarem diferente? Como podemos falar de estabilidade política quando o Governo leva a cabo permanentemente agressões politicamente motivadas contra o seu próprio povo?”, questionou Isaías Samakuva.
O dirigente da UNITA acusou “o sistema” de revelar-se “impotente para assegurar a defesa dos direitos e interesses legalmente protegidos e reprimir as violações da legalidade democrática”.
“Ou seja, o sistema não consegue pôr na cadeia aqueles que desviam os recursos públicos para enriquecimento ilícito, vivem do peculato e dirigem os esquemas de corrupção. Não consegue! No seu lugar, estão na cadeia jovens corajosos que denunciam as falhas do sistema e o confrontam no exercício do direito à liberdade de expressão, de reunião, ou de manifestação, nos termos da Constituição e da lei”, referiu o político.
Em causa está uma operação policial desencadeada a 20 de Junho de 2015, quando jovens activistas angolanos foram detidos em Luanda, em infantil e delirante “flagrante delito”, durante uma reunião de um curso de formação de activistas, para, segundo a acusação, promover a destituição do actual regime.
Outros dois jovens foram detidos dias depois e permanecem também em prisão preventiva.
Estão agora todos acusados – entre outros crimes menores – da co-autoria material de um crime de actos preparatórios para uma rebelião e para um atentado contra o Presidente de Angola, no âmbito desse curso de formação que decorria desde Maio.