A rivalidade entre o Ruanda e a África do Sul atingiu um ponto crítico. Paul Kagame, presidente do Ruanda, lançou uma ameaça sem rodeios ao homólogo sul-africano, Cyril Ramaphosa: “Se a África do Sul quer confronto, o Ruanda responderá à altura e demonstrará ao continente aquilo de que somos capazes.” Palavras que soam como um prenúncio de guerra.
Por Malundo Kudiqueba
Com a escalada da ofensiva da milícia M23, que tomou a cidade de Ngoma, no leste da República Democrática do Congo. Ramaphosa não hesitou em classificar as forças ruandesas como “milícias”, algo que Kagame considerou uma afronta intolerável. Indignado, o líder ruandês acusou Ramaphosa de ser um mentiroso e deixou claro que o Ruanda não aceita tal narrativa.
A resposta de Pretória não tardou. O presidente sul-africano foi contundente: “Se tropas ruandesas atacarem as forças sul-africanas que se encontram no Congo, será considerado uma declaração de guerra.”
O tabuleiro geopolítico africano nunca esteve tão volátil. Ramaphosa lidera a maior potência militar da África Austral e vê no envolvimento do Ruanda no Congo um factor desestabilizador. Kagame, por sua vez, mantém a sua postura agressiva e já demonstrou, noutras ocasiões, que não recua perante pressões externas.
O que virá a seguir? Uma guerra aberta entre dois gigantes do continente? Uma retaliação ruandesa que desafia a hegemonia da África do Sul? As próximas horas poderão definir o futuro da região.
A escalada de tensão na região dos Grandes Lagos atingiu um novo patamar. Yolande Makolo, porta-voz do governo do Ruanda, fez uma declaração incendiária que lança por terra qualquer ilusão de neutralidade: “O inimigo do M23 é igualmente inimigo do Ruanda.” Com esta frase, Kigali assume abertamente que está alinhado com a milícia que aterroriza o leste da RDC. E vai mais longe. Makolo não deixa margem para dúvidas: “Ruanda e o M23 têm um inimigo comum: a República Democrática do Congo.”
Esta afirmação equivale a uma declaração de guerra contra Kinshasa. Kagame já não esconde o jogo. O Ruanda, que há anos nega envolvimento directo no conflito, agora veste oficialmente a pele de adversário do governo congolês.
A resposta de Kinshasa será inevitável. Félix Tshisekedi, presidente da RDC, não poderá ignorar esta afronta sem reagir. Ramaphosa, que já avisou que qualquer ataque ruandês às suas tropas será visto como um acto de guerra, observa a situação de perto. E João Lourenço? O mediador angolano vê-se agora entre a espada e a parede, com a sua influência a desvanecer-se diante da arrogância de Kagame.
O continente africano caminha a passos largos para um conflito de proporções catastróficas. O que antes era uma guerra entre milícias pode transformar-se num choque directo entre Estados poderosos. Se as palavras de Makolo forem seguidas por acções militares, o mundo assistirá a uma tempestade sem precedentes em solo africano.
Por outro lado, Rwanda corre o risco de perder um grande aliado. Hoje, no Parlamento britânico, o ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, David Lammy, condenou veementemente a ofensiva do Ruanda no leste da República Democrática do Congo. Sem rodeios, Lammy declarou: “A invasão do Congo pelo Ruanda é inaceitável. Nenhum país tem o direito de desestabilizar uma nação soberana sem enfrentar consequências.”
O chefe da diplomacia britânica foi além, deixando um aviso directo a Paul Kagame: “O mundo está atento. Quem pensa que pode agir impunemente está enganado.” Londres, que há anos mantém relações diplomáticas com Kigali, agora endurece o tom e exige uma resposta firme da comunidade internacional.
Com o cerco a apertar-se, Kagame enfrenta agora não só a fúria de Kinshasa e de Pretória, mas também a pressão do Reino Unido. É importante recordar que Paul Kagame não recua nas suas decisões. Assim sendo deve aparecer alguém que o coloque no seu devido lugar.