Países africanos assinaram hoje o “Acordo de Luanda” para a defesa e promoção dos diamantes naturais, comprometendo-se a contribuir com 1% das suas receitas anuais das vendas de diamantes para financiar uma iniciativa global de ‘marketing’ sectorial.
Os ministros dos recursos minerais de Angola, África do Sul, Botsuana, Namíbia e a República Democrática do Congo (RDCongo), países africanos produtores de diamantes que participaram deste encontro, foram os signatários do “Acordo de Luanda”.
A informação foi transmitida hoje pelo ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás de Angola, Diamantino Azevedo, no final da “Mesa Redonda Ministerial sobre Diamantes Naturais: Desafios e Oportunidades”, que decorreu na capital angolana.
“A assinatura formal do Acordo de Luanda é um marco histórico que representa um passo conjunto decisivo na defesa e promoção dos diamantes naturais. Este acordo reflecte não apenas os nossos interesses comuns, mas também as responsabilidades que partilhamos”, referiu.
O governante angolano explicou que, com este acordo, os governos [dos países subscritores], produtores e outros intervenientes da indústria comprometem-se a contribuir com o equivalente a 1% das receitas anuais das vendas de diamantes brutos, para financiar uma iniciativa global de ‘marketing’ sob a liderança do Natural Diamond Council.
“Foi acordado que esta iniciativa será orientada por princípios de governação inclusiva, resultados mensuráveis e um espírito renovado de transparência e parceria”, sinalizou o ministro angolano, referindo que não se trata apenas de uma estratégia de promoção.
Trata-se também “de um investimento estratégico para o futuro da nossa indústria. É um investimento moral principalmente para as pessoas cujas vidas dependem da sua sustentabilidade. E é também uma afirmação colectiva de que acreditamos no valor dos diamantes naturais, não apenas como mercadorias, mas como agentes de transformação”, afirmou.
Para Diamantino Azevedo, o acordo é um marco significativo. Contudo, observou, o seu verdadeiro impacto “dependerá das acções que tomarmos a partir deste momento”.
“Este acordo chama-nos, a todos, a participar activamente neste esforço. Nenhuma contribuição é pequena demais, nenhuma voz será ignorada”, acrescentou, tendo ainda destacado a importância estratégica da indústria de diamantes naturais para as economias e comunidades dos respectivos países.
O encontro abordou a necessidade da promoção, valorização e defesa dos diamantes naturais produzidos em África, tendo em conta as alternativas sintéticas, particularmente os diamantes produzidos em laboratório que ganham terreno em mercados como os Estados Unidos da América e a China.
O Governo angolano instou os países africanos produtores de diamantes a avançarem para uma estratégia partilhada, “alicerçada na união e na aspiração colectiva”, para salvaguardar o futuro da indústria dos diamantes naturais africanos, face aos diamantes sintéticos.
“Chegou o momento para os países africanos produtores de diamantes falarem a uma só voz para defenderem aquilo que legitimamente lhes pertence e moldarem uma narrativa global que reflicta a nossa verdade e o nosso imenso potencial. Esta não é apenas uma questão de mercado, é uma questão de justiça económica e dignidade cultural”, disse o ministro Diamantino Azevedo.
Para o governante, quando os consumidores optam por comprar diamantes naturais devem fazê-lo com a consciência de que estão a apoiar uma verdadeira transformação humana, financiando salas de aula, hospitais e sonhos por toda a África.
“Que este dia não seja recordado apenas como um fórum de troca de ideias, mas como um momento crucial em que se reforçam parcerias e se reafirma um propósito comum”, referiu Diamantino Azevedo.
África é responsável por mais de 65% da produção mundial de diamantes em bruto. De Angola ao Botsuana, passando pela África do Sul, Namíbia, República Democrática do Congo e Serra Leoa, o continente africano “é o coração pulsante do comércio mundial de diamantes”, disse o ministro angolano.
Em Angola, os diamantes têm contribuído significativamente para a reconstrução nacional, financiando escolas, hospitais, estradas e sistemas de abastecimento de água. Em 2024, o país produziu mais de 14 milhões de quilates e as autoridades estão a investir na valorização, rastreabilidade, na transparência e na boa governação, concluiu o governante angolano.