FPU SERÁ COLIGAÇÃO? VEREMOS…

O presidente da UNITA, Adalberto da Costa Júnior, disse hoje que é cedo para decidir o futuro da Frente Patriótica Unida (FPU), plataforma que junta vários partidos da oposição angolana, salientando que as decisões devem ser tomadas em congresso.

Em declarações à Lusa, à margem dos cumprimentos de Ano Novo que hoje apresentou a elementos do corpo diplomático e outras individualidades, o líder do maior partido da oposição que o MPLA ainda permite em Angola assinalou que a UNITA e os outros partidos sempre disseram que são os congressos que vão definir as estratégias para 2027 (ano eleitoral).

“Não devemos antecipar aquilo que é uma decisão autónoma dos membros em fase de congresso”, disse Adalberto da Costa Júnior, acrescentando que a opção feita em 2022, que trouxe a formatação de um grupo parlamentar plural, foi “excepcionalmente ganhadora” e obteve um resultado histórico.

Abel Chivukuvuku, coordenador geral do PRA-JA Servir Angola, um dos partidos que integra a FPU, a par do Bloco Democrático, tem defendido que a plataforma da oposição se deve apresentar como coligação nas próximas eleições.

Sete deputados do PRA-JA com funções de direcção deixaram a bancada parlamentar da UNITA em meados deste mês, após o partido ser legalizado, e Chivukuvuku disse, na altura, que a Frente Patriótica não poderia ser “só uma ideia” e deveria converter-se em coligação formal.

Adalberto da Costa Júnior realçou, por seu lado, que a FPU e a própria UNITA estão a ser alvo de uma campanha e de notícias que servem para “criar alguma confusão”.

“As nossas leis permitem golpes institucionais por si só. Em Angola, é possível ser Presidente da República sem ter maioria parlamentar. Isto é um fenómeno de grande risco que nós gostaríamos de ter corrigido através da iniciativa legislativa que estamos a levar à Assembleia Nacional”, frisou, insistindo que “o congresso vai responder” sobre o futuro da UNITA.

“Enquanto não o fizer, nós temos a Frente Patriótica Unida e vamos manter este princípio”, acrescentou.

O dirigente indicou que o congresso vai realizar-se no final do ano, sem querer revelar se será novamente candidato à liderança do partido.

“Antecipar campanhas não tem ganho para o partido”, disse, reforçando que, em todos os partidos, as decisões mais elevadas são deliberadas nos congressos.

“Os congressos podem ser influenciados pelos seus líderes atuais? Às vezes, sim. Outras vezes, não. Portanto, é de cuidado e de bom tom esperarmos calmamente”, rematou.

No seu discurso de apresentação dos cumprimentos de ano novo destacou os perigos do crescimento da instabilidade na região, resultantes da “desgastada fórmula da preservação do poder a qualquer preço, mesmo sem legitimidade do voto soberano”, e da “exploração de recursos minerais raros e de uma nova geoestratégia que se define nos últimos tempos”.

“As Nações Unidas e as sedes do direito internacional devem reflectir, com especial atenção, para os golpes institucionais que se estão a tornar prática comum em África e não só”, apelou.

No plano interno, reiterou que, só com a concretização das autarquias locais, Angola poderá satisfazer as necessidades e exigências das suas populações e falou da necessidade de alternância para efectuar as “reformas urgentes” de que o país precisa.

Folha 8 com Lusa

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