O Ministério da Cultura está preocupado com a identidade e política cultural e com a fraca contribuição das indústrias culturais e criativas para o Produto Interno Bruto. O dono do ministério, Filipe Zau (natural de Portugal, onde nasceu em 1950), esquece-se que cultura sem comida é… fome.
A preocupação foi manifestada pelo ministro da Cultura, Filipe Zau, na cidade do Huambo, na abertura da conferência sobre cultura, identidade, angolanidade e a contribuição das indústrias culturais e criativas para o desenvolvimento económico nacional.
No evento, Filipe Zau afirmou que a cultura está num patamar diferente daquele que passa por recreação (farra) e é muito mais do que recreação.
“Nós vimos, desde que saímos da Praça Agostinho Neto até aqui, as grandes representações e manifestações culturais e a importância que estas manifestações culturais vão ter, quer para o nosso povo, para identidade cultural da própria região e sobretudo para o turismo”, referiu o ministro da Cultura, lembrando que o sector também produz riqueza.
Para Filipe Zau, não se faz educação sem cultura, pois a educação sem cultura é algo insosso, na medida que uma cultura na educação está sempre associada aos valores e práticas de um povo. Será por isso que os nossos 20 milhões de pobres são incultos? Ou, mesmo assim, têm mais cultura do que os donos do reino?
“Não há educação universal (…). Cada sociedade real e histórica cria o tipo de educação que precisa em dado momento do seu desenvolvimento”, acrescentou.
A conferência sobre cultura, identidade, angolanidade e a contribuição das indústrias culturais e criativas para o desenvolvimento económico nacional visou saudar o Dia da Cultura Nacional (do MPLA), sob o lema “Preservar e valorizar as conquistas alcançadas para um futuro melhor”.
Venceslau Cassesse, historiador e um dos facilitadores da conferência, disse que a identidade cultural significa “sermos nós mesmos”, tal como definiu o fundador da nação angolana, o criminoso e genocida António Agostinho Neto.
O termo angolanidade, no seu ponto de vista, vem de Angola e cada um deve fazer alguma coisa que alegre, conforte, edifique, construa o angolano e não só.
Por sua vez, o antropólogo Gregório Chicola, um dos palestrantes, recorreu à tese do prelado católico Dom Manuel Imbamba, segundo a qual “a cultura é a alma do povo”, para definir a cultura na vertente sociológica.
A conferência teve a participação de membros do Executivo, investigadores, docentes, políticos, entidades religiosas e tradicionais além de fazedores de cultura.
A população do Huambo passa a contar, pela primeira vez, com um espaço de maior dimensão para pesquisa e preservação da memória colectiva do povo. Trata-se do Arquivo Histórico Provincial, inaugurado esta quarta-feira, 8 de Janeiro, pelo ministro da Cultura, Filipe Zau.
O repositório, que homenageia Constantino Camõli, está localizado no interior do Centro Cultural Manuel Rui, e conta com salas de reuniões e de leitura, recepção documental, área de multimídia e um depósito.
Constantino Camõli foi antigo funcionário do Caminho-de-Ferro de Benguela, no Huambo, amante de literatura e coleccionador de livros, chegando a possuir em sua residência mais de sete mil obras. Por falta de mais espaço, decidiu doá-los às autoridades, que utilizou os livros para apetrechar a biblioteca municipal em 1960.
O Arquivo Histórico Provincial, erguido em dez meses com um orçamento de cerca de três mil milhões e 500 milhões de kwanzas, surge no âmbito da concretização da agenda do Plano de Desenvolvimento Nacional, que prevê a implementação do Sistema Nacional de Arquivos.
Na ocasião, o vice-governador do Huambo para o sector Político, Social e Económico, Ângelo Elavoco, regozijou-se pelo facto da província ser a primeira, depois de Luanda, a beneficiar de um arquivo histórico e comprometeu-se, em nome do governo local, em tudo fazer para manter o propósito da infra-estrutura.
“Iremos trabalhar com as áreas técnicas, Gabinete Provincial da Cultura, Turismo, Juventude e Desportos, no sentido de dotarem este Arquivo Histórico Provincial de capacidade técnica suficiente para que sirva o propósito pelo qual foi inaugurado”, garantiu.
A inauguração do Arquivo Histórico Provincial do Huambo consta das actividades em alusão ao Dia da Cultura Nacional e aos festejos do jubileu da independência nacional.
Para o director nacional da Acção Cultural, Pedro Tchissanga, o arquivo vai permitir a preservação da memória como guardião de documentos, fotografias e outros elementos que retratam a trajectória de Angola.
Por sua vez, o Rei do Bailundo, Ekuiki VI, entende que o monumento inaugurado é de grande importância para a identidade cultural e identifica-se com os quatro pilares do seu reino (Ombala), nomeadamente o resgate, preservação, valorização e divulgação da identidade cultural do povo de Angola.
Um outro momento que marcou as festividades do acto central do Dia da Cultura Angolana, no Huambo, foi o descerrar da placa que classifica o Largo Doutor António Agostinho Neto como Património Cultural Nacional, pelo ministro da Cultura, Filipe Zau, em companhia do governador, Pereira Alfredo.
No momento, membros do Executivo, políticos, docentes, entidades religiosas e tradicionais tiveram contacto com a história do local, que antes, entre 1935 e 1940, era a Praça Doutor Manuel de Arriaga, com a estátua monumental de Norton de Matos, fundador da cidade do Huambo, homenageado igualmente pela sua prudência, sabedoria, temperança e justiça.
Entre 1975 e 1976, após a proclamação da Independência Nacional, o local passou a chamar-se Largo 11 de Novembro.
Durante o conflito armado (1992-2002), o largo foi destruído parcialmente e reconstruído em 2006, data em que passou a ser designado Praça Doutor António Agostinho Neto, e ter um monumento em bronze do primeiro Presidente de Angola.
Actualmente, a província do Huambo passa a contar com oito patrimónios históricos nacionais: a Ombala do Huambo, o Forte da Kissala, a Estação Arqueológica do Fety, as pinturas rupestres de Kaniñguili, a Pedra Kandumbu, as missões evangélicas do Dondi e Adventista do Sétimo Dia do Bongo.
O Dia da Cultura Nacional está associado à visita do primeiro Presidente da República de Angola e então responsável pelo massacre de 80 mil angolanos (27 de Maio de 1977) António Agostinho Neto, à União dos Escritores Angolanos, aquando da tomada de posse dos primeiros corpos gerentes, a 8 de Janeiro de 1979.
DE JOÃO PINTO A FILIPE ZAU
No dia 28 de Janeiro de 2015, o ex-vice-reitor para os Assuntos Académicos, ex-decano, ex-vice-decano, ex-conselheiro do ex-reitor e ex-docente da Faculdade de Direito da Universidade Independente de Angola (UnIA), João Pinto Manuel Francisco, criticou severamente o reitor da mesma universidade, Filipe Silvino de Pina Zau na sua página de “Facebook”.
O docente e deputado, entre outras “pintacoadas” escreveu o seguinte: “(…) o Doutor Filipe Zau mostrou claramente que ser pedagógico pode convir para o ensino primário ou médio, mas na Universidade implica cientificidade, humildade, debate permanente, liberdade e tradição” (…) , para em seguida avançar para uma diatribe cuja finalidade era rebaixar o prestígio do Reitor, salientando que “(…) os órgãos nomeados então (à data da tomada de posse de Filipe Zau) até agora não foram empossados, um dos vice-reitores demitiu-se e os decanos foram exonerados, com o início do Ano lectivo de 2015 os certificados e diplomas foram assinados por órgãos ou titulares que nunca foram empossados e já foram exonerados quando o mesmo Reitor nunca foi aprovado pela assembleia de accionistas!”, para enfim rematar, “Hoje, a UnIA nem sequer conseguiu organizar a cerimónia pública de outorga de Diplomas de 2013, por violação do calendário da tutela!”
É muito pecado junto e tantos são que nos pareceu estar por ali escondida garoupa debaixo da rocha. Fomos dar uma olhada, questão de ver o que o edulcorado arreganho da dignidade do senhor deputado realmente escondia e, rapidamente, reparamos que apenas havia a sua própria pessoa, indignada, perante actos atentatórios à sua carreira académica a ameaçar perigosamente a estabilidade da sua sinuosa carreira política.
De facto, o então deputado João Pinto para além de vice-decano da Faculdade de Direito, ocupou em simultâneo o cargo de vice-reitor da UnIA antes de Filipe Zau ter sido nomeado para esse posto e, naturalmente, sentiu-se ofendido no alto da sua estratosférica auto-estima (e isso até se compreende), apesar de ter sido posteriormente nomeado decano e conselheiro do antigo reitor, apesar daquelas responsabilidades académicas serem incompatíveis com o seu lugar de deputado na Assembleia Nacional.
Ele, primeiro vice-Reitor para os Assuntos Académicos e vice-decano da Faculdade de Direito, depois decano e Consultor do Reitor anterior, apesar de nenhuma destas suas responsabilidades académicas terem sido homologadas pelo Ministério do Ensino Superior, ver-se ultrapassado por um forasteiro, doutorado, de acordo, mas ligado ao show-bizz, não… não é assim que se malbarata um talento como o seu ao serviço de um labor nobre, intenso e rigoroso.
Este é o seu ponto de vista, claramente patente no panfleto que temos vindo a citar.
Aqui chegados impôs-se-nos uma pausa para reflectir, e veio-nos à mente o pendente aleatório de toda e qualquer nomeação, mas veio-nos também à orelha um feixe de informações relacionadas com vários aspectos do caso, nomeadamente com o verdadeiro nível académico do deputado João Pinto.
Esse senhor começou a sua carreira como docente universitário (na Faculdade de Ciências Sociais da UAN) apresentando um simples diploma de licenciatura, mais tarde, quando passou a ser vice-reitor na UnIA nem mestrado tinha pois esse diploma, na área do direito, só lhe foi entregue há muito pouco tempo e com baixa classificação final, enquanto Filipe Zau, além de duas licenciaturas (uma no Brasil e outra em Portugal) era mestre desde 1999 e doutorado desde 2005, com classificação máxima em ambas as formações pós-graduadas, estas realizadas na Universidade Aberta em Lisboa.
A diferença é grande e assim vistas as coisas não sobram dúvidas no que toca ao acerto da escolha de Filipe Zau como Reitor, já reformado da função pública, onde foi assessor dos dois últimos Ministros da Educação.
Por outro lado, tudo o que vem escrito nesta queixa pública publicada no Facebook transpira um orgulho mal parido e má-fé, em declarações desasadas no destrate do Reitor actual (para o primário e secundário serve, para o ensino superior não serve, afundou a UnIA no primeiro ano do seu mandato, não foi capaz de fazer a festa de final de curso, quando não é pessoalmente ao reitor que incumbe organizar a festa, que também não foi organizada, por exemplo, pela universidade Óscar Ribas e ninguém fala disso… não se percebe de onde vem tanta raiva e veneno), o que nos deu a pensar que o senhor deputado pressente que no céu do mundo académico há sinais de borrasca grossa.
Nesse caso, este ataque tão virulento seria apenas estapafúrdio se não tivesse por objectivo enfraquecer aquele que a seu ver já deu sinais de poder desencadear essas borrascas sobre a sua cabeça. Ora, o que ouvimos a esse respeito é demasiado grave para expor aqui sem termos dados que possam certificar o que nos foi dado a acontecer, mas podemos afirmar que um relatório circula pelas mais altas esferas do Estado a propósito da alegada tempestade, tipo furacão, que, tarde ou cedo, vai cair sobre a cabeça do deputado João Pinto.