Num país de 30 milhões de habitantes, apenas 800 mil pessoas trabalham na função pública. Este número é uma gota no oceano de necessidades de emprego em Angola. O que acontece com os restantes 29,2 milhões de angolanos? A resposta é brutal: enfrentam o desemprego, o trabalho informal e a luta diária pela sobrevivência.
Por Malundo Kudiqueba
O Estado, que deveria ser o maior empregador e impulsionador do desenvolvimento, falha miseravelmente em criar oportunidades para o seu povo. Enquanto isso, os que estão no topo da pirâmide beneficiam de salários exorbitantes, regalias e privilégios que estão muito além da realidade da maioria.
Como pode uma nação prosperar quando menos de 3% da população tem acesso a empregos formais no sector público? Como pode o Estado olhar para si mesmo e não ver a exclusão massiva que perpetua?
Esta disparidade não é apenas uma estatística — é um reflexo da injustiça estrutural. É a prova de que as políticas públicas em Angola não são feitas para beneficiar a maioria, mas sim para sustentar um sistema que privilegia uma minoria enquanto a maioria é relegada ao abandono.
800 mil é um número pequeno, mas ainda assim é um símbolo de desigualdade. É um lembrete de que em Angola, o acesso a empregos formais e dignos é uma questão de sorte ou de conexões, e não de mérito ou esforço.
Está na hora de exigir mais! Não basta aceitar este cenário como inevitável. O povo angolano merece políticos que pensem no futuro de todos, e não apenas nos interesses de uma elite restrita. Angola é grande demais para ser tão injusta.
Não me venham com a conversa de que o governo não cria emprego. Se não cria, deveria, no mínimo, apoiar quem tenta criar empregos e aliviar a situação de milhões de angolanos. Mas, em vez disso, o governo angolano é o maior inimigo do sector privado.
Dificultam a vida dos empresários angolanos, sufocam os comerciantes, atacam o pequeno comércio e até perseguem as zungueiras, que só querem ganhar o pão de cada dia. Como pode um governo que destrói a base económica do seu próprio povo merecer a nossa confiança ou consideração?
Enquanto os políticos exibem os seus luxos, os angolanos que ousam empreender enfrentam obstáculos absurdos. Burocracia excessiva, taxas sufocantes, corrupção e falta de apoio são as armas usadas para aniquilar qualquer tentativa de crescimento fora do controlo do Estado.
Os nossos políticos não estão interessados no desenvolvimento do país. O interesse deles é manter o povo dependente, de mãos atadas, à mercê de quem detém o poder. A mensagem é clara: se não és parte do sistema, não tens direito a crescer.
Mas a realidade é que o povo angolano não precisa de políticos que lhe dificultem a vida — precisa de políticos que o ajudem a prosperar. Quem combate quem trabalha e quem empreende, não governa; oprime.
Angola só avançará quando tivermos um governo que respeite e apoie quem trabalha honestamente para sobreviver. Se não ajudam, que pelo menos não atrapalhem. Termino com a seguinte pergunta: Qual é o mal que o povo angolano vos fez para tanta perseguição?