A POMPA TURÍSTICA DO REINO

Angola, país governado há 50 anos pelo MPLA, está a participar no World Travel Market, uma das maiores feiras de viagens e turismo do continente africano, que decorre na cidade do Cabo, África do Sul, e que junta perto de 100 países e mais de cinco mil profissionais da indústria do turismo.

A delegação angolana é chefiada pelo Ministro do Turismo, Márcio Daniel, que abordará – entre outros temas – o ambiente de negócios em Angola, as áreas de potencial e interesse turístico, oportunidades de investimento e a cooperação entre os operadores angolanos e sul-africanos.

À margem desta feira, terá também lugar o Angolan Day, um fórum bilateral do turismo Angola-África do Sul, onde serão divulgados as potencialidades turísticas de Angola.

O fórum contará igualmente com a participação da AIPEX, TAAG, associação das agências de viagens e a associação das agencias de viagens e operadores turísticos de Angola, AAVOTA.

SAFARIS TURÍSTICOS NAS LIXEIRAS

O ministro de Estado e chefe da Casa Civil do Presidente da República, Adão de Almeida, apelou no dia 2 de Maio de 2024, na província da Huíla, a cada angolano a ser um “embaixador” do turismo nacional. A realização de safaris nas lixeiras onde muitos dos 20 milhões de angolanos pobres procuram comida pode ser uma solução estratégica…

Discursando na abertura da VII edição da Bolsa Internacional do Turismo (BITUR) que a cidade do Lubango acolheu, o ministro referiu que os angolanos têm de ser os primeiros interessados em conhecer e explorar o potencial turístico do país. Ou seja, neste como em todos os outros, os cidadãos devem fazer o que cabe ao Estado fazer, isto – como é o caso de Angola – quando o Estado é sinónimo de MPLA.

Adão de Almeida argumentou que se o turismo interno for uma realidade vibrante, mais facilmente despontará o turismo estrangeiro. Esse contributo deve ser dado, em primeira linha – presume-se – pelos 20 milhões de angolanos pobres, com o apoio dos cinco milhões de criança que estão fora do sistema de ensino.

O ministro considerou que é nessa qualidade que a função primária do angolano é promover o país, a cultura, a história, a fauna, a flora e todos os outros activos turísticos. E, subentende-se, só depois disso devem preocupar-se em passar o tempo a procurar comida nas… lixeiras.

“O turismo global é cada vez mais competitivo e todos somos poucos para fazer do turismo angolano um sector capaz de competir com as outras nações. Se cada turista que vier a Angola sair com uma boa imagem da nossa hospitalidade é um potencial promotor do turismo lá onde for”, ressaltou Adão de Almeida. E tem razão. O que importa mostrar aos estrangeiros não o país real, mas sim o país dos dirigentes do MPLA.

Segundo Adão de Almeida, para tal é necessário uma “estratégia mais ousada e pragmática”, capaz de oferecer vantagens comparativas e, assim, incentivar os investidores a escolher Angola como destino do seu investimento. Será que, no âmbito dessa “estratégia mais ousada” o Governo está a pensar fazer safaris nas lixeiras?

Para o ministro, cada turista que não vem a Angola é uma oportunidade perdida para contribuir-se para o crescimento da economia, gerar emprego para a juventude, captar divisas e fazer o país prosperar.

Por isso, sugeriu ao Ministério do Turismo que trabalhe com o da Administração do Território, os governos provinciais e as administrações municipais, para despertar nos órgãos da administração local um maior engajamento no fomento do turismo local.

“Temos de colocar no mapa do turismo, cada província e cada município, desafiando-os a assumir a sua quota-parte no fomento e no desenvolvimento do turismo em Angola, desde logo, incentivando a elaboração de Planos Provinciais e Planos Municipais de Turismo”, exortou o dirigente.

Adão de Almeida destacou o interesse e a importância que o Executivo dá ao sector do turismo, como foi feito recentemente com a isenção de visto de turismo para cidadãos de 98 países e o trabalho para a melhoria do ambiente de negócios.

Ainda no quadro do fomento da actividade turística, o ministro de Estado e chefe da Casa Civil do maior perito em turismo no estrangeiro, o general João Lourenço (Presidente do MPLA e, por inerência, Presidente da República), defendeu a necessidade de se trabalhar na preparação, aprovação e execução de um projecto de simplificação de procedimentos da Administração Pública voltado exclusivamente para o sector do turismo.

Sinalizou por isso que um “simplifica – turismo” pode melhorar toda a cadeia de intervenção público-administrativa nos diferentes ramos, do nível local ao central, para que a relação Estado–sector privado “seja mais aprazível”.

Adão de Almeida disse ser importante continuar a trabalhar para melhorar a abordagem dos pólos turísticos, pois o modelo existente precisa de ser repensado, na medida em que cria sobreposição entre instituições públicas e gerar dúvidas nas competências, enfatizando, por isso, o papel do sector privado.

Para o governante, nesse segmento, o papel do sector público deve resumir-se à regulação, à promoção, ao incentivo e à eliminação de dificuldades.

Continuar a trabalhar para melhorar as infra-estruturas cruciais para a dinamização do turismo, como o Aeroporto Internacional António Agostinho Neto, assim como em vários projectos diferentes e de dimensões distintas para a melhoria dos sistemas de abastecimento de energia e de água, de melhoria do saneamento das cidades, de aumento da oferta de transportes, são outros elementos a se ter em conta, segundo o dirigente.

Por outro lado, afirmou que os dados disponíveis revelam existir um défice de oferta formativa, pelo que é fundamental trabalhar-se para que a oferta formativa dos níveis secundário e de formação profissional afins estejam disponíveis em todas as províncias do país.

Nesse capítulo, exortou maior atenção aos funcionários das missões diplomáticas, Serviço de Migração e Estrangeiro, os taxistas, recepcionistas de hotéis, empregados de quarto, do cozinheiro, do gestor hoteleiro, do empregado de restaurante, do guia turístico e do próprio cidadão.

A Bolsa Internacional de Turismo (BITUR), uma iniciativa do Ministério do Turismo, em parceria com a Eventos Arena, visa a divulgação do potencial turístico do país, expondo os serviços de empresas e demais actores que, directa ou indirectamente, intervêm na cadeia do turismo.

Estiveram presentes 100 pavilhões com participantes de Angola, África do Sul, Moçambique, Zâmbia, Zimbabwe, Cabo Verde, Brasil, Portugal e Espanha.

O evento, com o lema “O Turismo como factor de determinação para a diversificação da economia em Angola”, abordou o papel do Estado na dinamização do turismo e das instituições financeiras para o apoio de projectos turísticos.

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