Quem insiste em defender que os mais velhos são a solução está, na verdade, a legitimar o fracasso e a prolongar o sofrimento do povo. A questão de quem deve liderar o futuro de Angola — se os mais velhos ou os mais novos — é central para o debate sobre o caminho que o país deve seguir. A narrativa de que os jovens carecem de experiência e que os mais velhos são os melhores preparados para a tarefa de conduzir o país é não só falaciosa, mas um insulto à realidade vivida pela população.
Por Malundo Kudiqueba
Criticar os jovens pela falta de experiência, enquanto os mais velhos têm décadas de falhanços no currículo, é hipocrisia em estado puro. A experiência que os mais velhos trazem consigo não é sinónimo de sabedoria; é muitas vezes o reflexo de um sistema viciado, incapaz de se reinventar. Se ocupar cargos durante anos fosse garantia de competência, Angola não enfrentaria os problemas que vive hoje. Mencionar esses mais velhos é evocar um legado de corrupção, miséria e pobreza que continua a assombrar o povo angolano.
Os nomes dos mais velhos que têm vindo a ser citados como os “salvadores” de Angola deveriam envergonhar profundamente os defensores dessa narrativa. Como é possível que indivíduos com históricos manchados por corrupção, desgoverno e até crimes graves sejam apresentados como a melhor solução para o país? Muitos desses mais velhos não apenas falharam em suas funções passadas, mas também deixaram um rastro de destruição que ainda pesa sobre a vida de milhões de angolanos.
A glorificação desses mais velhos é, na verdade, uma traição aos jovens angolanos, que carregam o peso das decisões erradas tomadas por décadas. Como se pode justificar que um sistema que perpetuou a corrupção e a pobreza, sob a liderança de muitos desses indivíduos, seja agora vendido como a solução? Essa narrativa não apenas desrespeita o sacrifício de gerações que sofreram sob este modelo falido, mas também tenta perpetuar um ciclo de incompetência e impunidade.
Os jovens de Angola não têm as mãos sujas de sangue; têm as mãos prontas para construir. Eles representam uma nova esperança para um país que já foi explorado demais por aqueles que, ao invés de liderar com responsabilidade, preferiram enriquecer a qualquer custo. É uma afronta ao povo angolano que quem destruiu a casa agora seja chamado para reconstruí-la.
Portanto, é essencial desmascarar essa ideia de que os mais velhos que têm sido referenciados são a solução para Angola. Muitos deles não são exemplos de competência, mas símbolos do que não deve ser repetido.
A experiência é frequentemente exaltada como um valor absoluto, mas a experiência de ocupar cargos durante décadas não é, de forma alguma, sinónimo de competência. Experiência sem resultados é apenas uma memória do fracasso. O que vemos na prática é um sistema político que se arrasta sem resultados concretos, com uma elite envelhecida que se recusa a ceder espaço à renovação e à inovação. Durante essas décadas, os mais velhos, em grande parte, não conseguiram proporcionar à população angolana a qualidade de vida que ela merece. Pelo contrário, as suas gestões foram marcadas por escândalos de corrupção, ineficiência administrativa e políticas que não promovem o bem-estar social, deixando milhões de angolanos em condições precárias.
O país precisa de libertar-se das amarras do passado. O futuro não se constrói com as mesmas mãos que o arruinaram. A juventude angolana está cheia de talento, inovação e coragem para construir um futuro mais justo e próspero. Chegou a hora de trocar a nostalgia pelo pragmatismo, de substituir a experiência desgastada pela ousadia de quem ainda acredita que Angola pode renascer. Os jovens têm a responsabilidade de construir uma Angola diferente, mais inclusiva e próspera.
A renovação política, a inovação e a coragem dos jovens são a chave para um futuro melhor. O passado não deve comandar o futuro; chegou o momento de dar espaço à mudança e deixar os que falharam para trás.