O QUE SERIA DO G20 SEM MASSANO?

O ministro de Estado para a Coordenação Económica de Angola, José Massano, manifestou no último dia da Reunião Ministerial do G20, no Rio de Janeiro, na qual deviam participar oficialmente os ministros dos Negócios Estrangeiros, concordância com a realização de reformas em vários organismos internacionais, sobretudo nas Nações Unidas.

Segundo o governante, citado por uma nota de imprensa do Governo do general João Lourenço, a reforma global é imperiosa, sublinhando que está na hora de virar a página e iniciar a sua aplicação, pois faz tempo que consta da agenda.

José Massano afirmou que para Angola as organizações multilaterais, como as Nações Unidas, Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial, devem ser objecto de um processo de reforma profunda, ajustado aos novos tempos e desafios emergentes.

Para tal, referiu, o momento exige acção, as Nações Unidas carecem de uma atitude mais consentânea com os objectivos que determinaram a sua criação, assim como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional estão chamados a contribuir mais activamente para a estabilidade e prosperidade económica de todas as nações.

Entretanto, à margem deste evento, no quadro das relações bilaterais, o ministro de Estado encontrou-se com a ministra japonesa dos Negócios Estrangeiros, Yoko Kamikwa, reafirmando o fortalecimento das relações de amizade, de cooperação, e comerciais.

Neste encontro, foi ainda avançada a possibilidade da instalação, num futuro não muito longínquo, de uma unidade de montagem de veículos automóveis, por parte de uma multinacional do Japão.

Ainda no âmbito da realização de encontros bilaterais, José Massano reuniu-se com João Gomes Cravinho, ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, com quem abordou a problemática da emissão de vistos e da segurança social.

À margem deste evento, e sem ouvir a opinião do general João Lourenço, o chefe de Estado brasileiro, Lula da Silva, aceitou o convite feito pelo ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, para participar na Cimeira dos BRICS, em Outubro, na Rússia.

Segundo o comunicado da Presidência brasileira, o convite foi formulado por Sergei Lavrov num encontro no Palácio da Alvorada, na residência oficial do chefe de Estado em Brasília, à margem da reunião do G20 (grupo dos 20 países mais industrializados do mundo), que decorreu no Rio de Janeiro.

No comunicado é indicado que Sergei Lavrov reforçou o convite já feito pelo homólogo russo, Vladimir Putin, para a Cimeira dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, numa primeira fase, e Etiópia, Egipto, Irão e Emirados Árabes Unidos, numa segunda), obtendo como resposta a confirmação da presença de Lula da Silva.

Segundo o comunicado, escrito em tom diplomático, a Rússia manifestou também o apoio ao pedido do Brasil para ocupar um lugar permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas, o que o Presidente brasileiro agradeceu.

Por seu lado, prossegue a nota, Lula da Silva reafirmou a importância de uma nova governança global (tal como afirmou José Massano por superior indicação do general João Lourenço) para lidar com temas como a inteligência artificial e as mudanças climáticas, “que não podem ser enfrentadas isoladamente”.

O Presidente brasileiro sublinhou a importância das iniciativas que o Brasil tomou, junto com outros países detentores de florestas tropicais, para combater o desmatamento e de procurar “formas mais justas de remuneração pela preservação desses biomas”.

Ao ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Lula da Silva defendeu ainda a necessidade de “aprimorar os mecanismos de financiamento aos países em desenvolvimento”.

No âmbito bilateral, Lula da Silva destacou os números do comércio que atingiu um recorde histórico em 2023 e a necessidade de diversificar a pauta comercial, sem adiantar pormenores, prestando-se o Brasil a ser um tapete (de luxo, é claro) dos interesses de Vladimir Putin.

Sobre a Ucrânia, a que o comunicado dedica apenas uma linha, Sergei Lavrov expôs as posições da Rússia em relação ao conflito na Ucrânia. “O Presidente Lula reiterou a posição de que o Brasil continua disposto a colaborar com os esforços em favor da paz”, lê-se na nota, sem mais pormenores. Ou seja, Lula da Silva continua a estar do lado do agressor e contra o agredido.

Na reunião, a pedido do chefe da diplomacia russa, ainda segundo o comunicado, Lula da Silva e Sergei Lavrov analisaram temas da agenda bilateral, os debates ocorridos no G20 e questões globais.

Numa conferência de imprensa, visivelmente orgulhoso por estar sentado ao lado de José Massano (ver foto), o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, disse ter discordado de Lula da Silva sobre a comparação entre a ofensiva israelita ao Holocausto, mas garantiu que isso não afectou a boa relação com os Estados Unidos.

“É óbvio que discordamos profundamente da comparação de Gaza com o Holocausto, mas isso é algo que os amigos fazem”, disse Antony Blinken que, antes, foi recebido por Lula da Silva sem que ambos tenham falado sobre a invasão russa da Ucrânia.

Na reunião com Lula da Silva, o chefe da diplomacia norte-americana manifestou o repúdio pela comparação do Presidente brasileiro, que provocou uma crise diplomática entre Israel e o Brasil, embora, um dia depois, tenha afirmado que as declarações não põem em causa as relações com os Estados Unidos.

Antony Blinken, cujo pai adoptivo foi um sobrevivente do Holocausto, observou que, apesar do comentário de Lula da Silva, os Estados Unidos e o Brasil concordam com a necessidade de conseguir a libertação dos reféns do Hamas e de um cessar-fogo humanitário em Gaza.

Na sessão de quarta-feira, as 45 delegações presentes incluindo membros do G20, convidados e organizações internacionais discutiram os atuais conflitos internacionais, nomeadamente em Gaza e na Ucrânia.

“Vários países reiteraram a sua condenação da guerra na Ucrânia, como tem acontecido desde 2022 após o início do conflito”, afirmou o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Mauro Vieira.

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