MPLA TRANSFORMA ESCOLAS EM ESPAÇO DE MOBILIZAÇÃO PARTIDÁRIA

“Dirigentes do MPLA estão a transformar as escolas em espaço de mobilização partidária”. A denúncia vem do Presidente do Sindicato dos Professores (SINPROF), Guilherme Silva, que promete recorrer à justiça.

Por Geraldo José Letras

A 12 de Janeiro do ano em curso, o administrador Comunal de Cangoti, município do Chinguar, província do Bié, Samuel Nuno Londaca Candende, fez sair a Circular 003/ADM.C.CANG./2024 onde estipula a obrigatoriedade de cada director escolar contribuir com 5.000.00 (cinco mil) Kwanzas e os professores com 3.000.00 (três mil) Kwanzas cada até ao próximo dia 29 para a organização e apresentação do carnaval, bem como a participação escrupulosa de todos os professores nos ensaios do carnaval, sob pena de serem responsabilizados pessoalmente pelo governante em caso de ausência e não contribuição.

Em reacção, o presidente do Sindicato dos Professores (SINPROF), Guilherme Silva, considerou recorrentes actos do género praticados pelo “partido que sustenta o governo enviar convocatórias para as escolas”, pelo que manifestou a sua dura condenação ao lembrar que “as escolas não são comités de acção ou lugar de angariar militantes”.

“A escola não é espaço de mobilização de militantes para partidos. O professor não deve obediência à nenhum partido seja qual for. Quem nos paga os míseros salários é o Estado com o dinheiro do erário público. Nem o partido que sustenta o governo nos paga e esse partido tem uma directiva de transferência das células partidárias para os bairros”, denunciou Guilherme Silva que foi mais longe, “se não tendes capacidade de mobilização dos vossos militantes, os professores não são culpados. A culpa é vossa por nomearem pessoas incompetentes”.

O presidente do SINPROF, em palavras difundidas pelas plataformas digitais da organização nas redes sociais, Facebook, avisou, sem meias medidas que “se um director ameaçar um professor será processado. E se querem doutrinar os vossos militantes é lá no bairro e não na escola”.

“No Bié o director que está a exigir que os professores contribuam com 3.000 Kwanzas para o carnaval pedimos ao governador Pereira Alfredo que o exonere. Os professores não devem aceitar os caprichos dos fora da lei. Diga não à partidarização das escolas. Outrossim os professores devem ouvir e partilhar a directiva das centrais sindicais. Haverá surpresas”, garantiu Guilherme Silva.

Por ocasião do Dia Internacional da Educação, na sua edição de 24 de Janeiro de 2024, ao Folha 8, o pesquisador de Políticas Educacionais, Chocolate Brás, fez saber que a partidarização dos cargos de gestores escolares, bem como a interferência de governadores provinciais e administradores municipais nas instituições de ensino está entre as causas que retiram a “qualidade do ensino em Angola”, sendo por isso necessário que “os gestores escolares exerçam as funções por efeito de eleição entre os seus pares, mediante formação ou experiência”.

Artigos Relacionados

Leave a Comment