A falta de água potável, energia eléctrica, gestão de proximidade, desvios constantes de verbas para a conclusão das obras de várias instituições públicas, entre outros males, levaram os membros da sociedade civil no município de Caconda, província da Huíla, a sair às ruas para a realização de uma marcha de protesto cívico, neste sábado, 6 de Janeiro.
Por Geraldo José Letras
A actividade realizada pela Sociedade Civil Contestatária, com a participação de munícipes de todas as idades e nível social dos bairros e arredores de Caconda, serviu para denunciar e protestar contra os relatórios que a Administração Municipal remete ao Governo Central e Provincial dando conta de que “há uma gestão normal dos bens e serviços, quando a realidade mostra que é tudo falsidade”.
Dos participantes a Marcha de Protesto Cívico, “cerca de 91% não vêem as suas lâmpadas acesas há anos. Os medicamentos nos hospitais são distribuídos por selecção, a água em torneiras ou chafarizes não existe, é apenas da chuva e rios”, descreveram os manifestantes ao Folha 8.
Além de questionarem a efectiva existência de um Administrador no município, os manifestantes consideraram anormal o facto de os funcionários públicos trabalharem todos os dias, incluindo aos sábados e domingos, sob pretexto de “só estarem a aproveitar para carregar os seus aparelhos electrónicos”.
Ao Governo Provincial da Huíla e Central, os munícipes pedem uma intervenção urgente para que “se reponha a gestão do poder político em Caconda, pois, qualquer sociedade que queira crescer, a energia eléctrica, água canalizada, saneamento básico, saúde e educação são bases fundamentais para desenvolver”, disseram os membros da Sociedade Civil Contestatária, Onjango e Ocili Cipopiwe.
Para os manifestantes “os municípios de Caconda, Chicomba e Caluquembe têm os piores administradores na visão de administração moderna e participativa”.
De acordo com o relatório final remetido ao Folha 8 pelos membros da Sociedade Civil Contestatária, participaram da Marcha de Protesto Cívico mais de 200 pessoas. E decorreu das 10 às 15 horas.
Pela primeira vez, os munícipes de Caconda gritaram “basta aos desvios, bajulação, incompetência, sede e escuridão e a uma gestão pública que não satisfaz as necessidades dos munícipes”.
ADMINISTRADOR MUNICIPAL PREOCUPADO
O Folha 8 apurou junto da Administração Municipal de Caconda que para tentar inviabilizar a realização da Marcha de Protesto Cívico, que nunca antes aconteceu na região, bem como para confundir a opinião pública dos habitantes que aderiram ao acto, o Administrador Municipal, Nandim Capenda, convocou quatro dias antes da sua realização (3/1) os membros da Sociedade Civil Contestatária para um encontro sob pretexto de dentro da governação participativa querer colher dos activistas “sugestões que ajudem a dar resposta às principais preocupações das populações”.
Na ocasião, o gestor reconheceu que existem várias preocupações que assolam os munícipes, principalmente a juventude, que ainda não foram atendidas devido à “situação económica do país”, contudo assumiu o compromisso de “tudo fazer para melhorar a situação socioeconómica do município”.