O governo do Namibe pretende nos próximos dois anos aumentar a sua influência na produção e comercialização do tomate, que actualmente corresponde a 60 por cento da safra nacional, prometeu hoje, domingo, o governador Archer Mangueira. Como se sabe, tomates é algo (ao contrário de nabos) quase inexistente na sociedade angolana.
Ao apresentar o memorando sobre o desenvolvimento económico e social da província ao Presidente João Lourenço, o governador afirmou, em português, que actualmente o Namibe já abastece o país com 60 por cento do tomate produzido nos vales locais.
“Actualmente já garantimos o fornecimento de tomate a nível nacional, mas precisamos que esta produção e comercialização sejam a preços competitivos. Para o efeito, necessitamos de fazer com que os insumos também tenham preços muito mais competitivos”, afirmou.
No Namibe, a produção do tomate é feita em grande escala no município de Moçâmedes, mais precisamente na comuna da Lucira, nos vales do rio Carajumba e Inamangando, rio Bero, assim como no Tômbwa.
Semanalmente, mais de cinquenta camiões carregados com 200 caixas de tomate são transportados para vários pontos comerciais como Luanda, Huíla, Benguela, Uíge, Moxico, Malange e Cunene.
Neste encontro, o governador apontou ainda alguns desafios para o sector agro-pecuário, por forma a prevenir os efeitos da seca a nível da província, com a execução de projectos de âmbito central, consubstanciados na concepção e construção de barragens de Carujamba, do Giraul e de Inamangando.
Outra aposta, segundo o governador, vai para a construção de barragens de retenção de água no vale do rio Bero e do Curoca, a recuperação e desassoreamento de 43 pequenos açudes nos municípios da Bibala e Camucuio e Virei.
Em 2017, um cidadão da Eritreia pretendeu investir 230 mil euros para criar na província de Benguela uma fazenda com 80 hectares e capacidade de produção anual de quase 2.400 toneladas de tomate, batata e feijão.
Em causa estava o projecto para a criação da empresa Himbol Agroindústria, a instalar na Canjala, município do Lobito, já aprovado pelo Ministério da Agricultura e cuja primeira fase, com uma área de 50 hectares de cultivo, deveria estar em produção no início de 2018.
O objectivo passava por produzir localmente, na província de Benguela, hortícolas e leguminosas, nomeadamente feijão, tomate e batata, criando inicialmente 16 postos de trabalho directos.
Na primeira fase, de acordo com o contrato de investimento, estava prevista uma produção total de 1.480 toneladas, que praticamente duplicaria no prazo de três anos, distribuindo-se então por 16 hectares de cultura de tomate, 32 hectares de batata e 32 de feijão.
Em Agosto ano passado, os camponeses e pequenos agricultores no município de Icolo e Bengo, província de Luanda, passaram a contar com um programa denominado “Sexta-feira na Lavra”, de apoio e incentivo à produção agrícola, anunciou na altura o administrador local, Nelson Funete.
O programa de iniciativa da administração local, centraliza-se na visita dos campos agrícolas e contacto directo com os camponeses, para melhor compreender as suas dificuldades e canalizar as ajudas necessárias.
Segundo o responsável, após visitar um agricultor nos arredores de Catete, o objectivo do programa é incentivar os camponeses a continuarem a trabalhar e aumentar os níveis de produção no município de Icolo e Bengo.
Na ocasião, Nelson Funete participou da colheita de 300 caixas de tomates, 150 caixas de beringela e igual número de cebola.
“O esforço destes agricultores nos anima e fazem jus à nossa pretensão de transformar o Icolo e Bengo no principal celeiro da província de Luanda”, referiu.
Lembrou que para tal, a administração local deverá continuar a apoiar os agricultores, razão pela qual, entregou kits agrícolas compostos por adubo, semente, pesticida, pulverizadores, motobomba e duas motas de três rodas.
Por seu turno, o agricultor, Bartolomeu Augusto, mostrou-se feliz com a visita e pela recepção dos kits, que para ajudar na sua actividade agrícola.
O fazendeiro produz num espaço de 47 hectares e actualmente está a plantar cebola, tomate, beringela e milho, tendo como local de escoamento os mercados informais de Luanda.
O município de Icolo e Bengo, a 62 quilómetros da cidade Luanda, controla 46 cooperativas agro-pecuárias, integradas por três mil e 800 camponeses.
Entretanto, o preço de comercialização do tomate nos principais mercados informais da cidade de Ondjiva, sede capital da província do Cunene, passou de 25 para 100 kwanzas cada, devido à escassez do produto.
Nos mercados informais do Oshomukuio e da Alemanha, a unidade de quatro a cinco tomates, antes comercializada no preço de 100 kwanzas, actualmente custa 500 kwanzas.
As vendedoras do maior mercado do Cunene, explicaram que o preço alterou desde a segunda semana do mês de Março, em função da escassez do tomate no mercado, que elevou a caixa de 25 kg de 10 mil para 30 mil kwanzas.
A vendedora Elisa Suraia disse que adquire o tomate nos fornecedores que tiram no município do Tombwa, na província do Namibe, mas devido às chuvas que se abatem na região, o tomate está a sair pouco nos últimos dias.
Maria Felícia indicou que o produto está mesmo difícil, o pouco que conseguem vendem o monte de cinco tomates a 500 kwanzas, para obterem algum lucro, visto que a caixa adquire por 30 mil kwanzas.
Catarina Ndumbo realçou que, em função destas pouca oferta, o balde de 2 kg, que antes custava mil a 1.500, agora está a vender-se a dois mil kwanzas, para repor o valor da aquisição e ter uma pequena margem de lucro.
Já a comerciante Silvania de Jesus sublinhou que adquiriu o tomate na vizinha Namíbia, mas agora, com o câmbio actual do dólar namibiano, a caixa fica mais cara, no valor de 35 mil kwanzas, e ao revender os lucros não saem.
A consumidora Teresa Santos disse que, com os preços praticados actualmente, quatro vezes mais que o anterior, fica difícil para o bolso, mas é preciso comprar para o alimento estar mais precioso.
Por seu turno, o director do Gabinete da Agricultura, Pecuária e Pescas do Cunene, Carlos Ndanyengondunge, explicou que o período do cultivo do tomate inicia-se no mês de Abril, porque em tempo da chuva não são todas as variedades que se adaptam.
Os produtos que mais aparecem no mercado informal do Oshomukuio são a cebola e batata-doce, praticados a um preço mais acessível.
O tomate é um fruto rico em vitamina C, vitamina A, vitamina K e licopeno, que é um potente antioxidante, ajudando a manter a saúde da pele, fortalecer o sistema imunológico e evitar doenças cardiovasculares, como infarto e aterosclerose.
Actualmente o Cunene conta com 100 cooperativas e associações agrícolas, que produzem o tomate, cebola e couve, entre outras verduras, sobretudo nas localidades de Calueque, Ondjiva e ao longo do canal do Cafu.