INVESTIMENTO EM CIÊNCIA NA CPLP É UMA TRETA

A média do investimento em ciência na Comunidade dos Países e Língua Portuguesa (CPLP) é inferior a 1% do PIB, com apenas dois estados-membros, Portugal e Brasil, a situarem-se acima da média, disse hoje um director da organização.

Numa apresentação sobre “O Papel das Agências de Financiamento da Ciência no Financiamento de Projectos Comuns da CPLP: Criação de um fundo de Cooperação Científica e Tecnológica”, o director de Acção Cultural e Língua Portuguesa da CPLP, João Ima Panzo, referiu que “os países ditos desenvolvidos investem em média cerca de 3% do seu Produto Interno Bruto (PIB) em ciência tecnologia e inovação” e que a União europeia “segue este paradigma”.

Já ao nível da CPLP, os dados recolhidos “apontam para uma variação entre 1,7 e 0,2 por cento do PIB nos diferentes países, estando na liderança deste processo Portugal e o Brasil, com investimentos que se enquadram nos mínimos recomendados pelas organizações internacionais”.

“A média no conjunto dos países da CPLP em relação ao Produto Interno Bruto situa-se em menos de 1%”, avançou, frisando que este valor é, “para não dizer preocupante, um valor que deve fazer reflectir”.

A média a nível mundial, de acordo com a OCDE e a Unesco situa-se na ordem 1,7% do PIB dos países, “mas com grandes disparidades entre eles”, acrescentou, havendo uma recomendação de que o investimento neste campo se situe próximo dos 3,0 por cento.

Os dados recolhidos nos países da CPLP “só por si levantam desafios”, disse o mesmo responsável.

Entre estes desafios João Ima Panzo sublinhou que “estão obviamente as limitações orçamentais e falta de infra-estruturas adequadas para a ciência, tecnologia e inovação” nos Estados-membros da organização.

Quanto às oportunidades, considerou que estas “estão relacionadas com o fortalecimento da cooperação interinstitucional e a optimização dos recursos disponíveis”.

“A própria designação rede de agências de investimento e estruturas congéneres demonstra a vontade de integração e em seguir uma linha democrática para que todos os Estados-membros, independentemente da sua condição, possam participar neste diálogo sobre o financiamento da ciência no espaço da CPLP”, importante para o desenvolvimento económico e sustentável dos Estados referiu.

A mesma mensagem deixaram nas suas intervenções hoje a secretária de Estado da Ciência de Portugal, Ana Paiva, e o secretário executivo da CPLP, Zacarias da Costa.

O I Encontro das Agências de Financiamento da Ciência e Estruturas Congéneres dos Estados-Membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), decorre entre hoje e quarta-feira, na sede daquela organização, em Lisboa, em formato presencial e por videoconferência, com transmissão em directo no canal Youtube da CPLP.

Na sessão de abertura participaram além do secretário executivo da CPLP, Zacarias da Costa, o Representante Permanente de São Tomé e Príncipe junto da organização, o embaixador Esterline Gonçalves Género, representante da presidência actual da comunidade e a Secretária de Estado da Ciência de Portugal, Ana Paiva.

No início do encontro foi assinada uma declaração de compromisso e estatutos da Rede das Agências de Financiamento da Ciência ou Estruturas Congéneres dos Estados-Membros da CPLP.

O evento engloba cinco mesas redondas, sob os temas melhores práticas em financiamento de pesquisa científica; estratégias para inovação e transferência de tecnologia; capacitação e formação de recursos humanos em gestão de ciência e tecnologia; cooperação internacional em financiamento da ciência; elaboração de recomendações, do plano de acção conjunto e elaboração e assinatura da declaração final.

A CPLP tem como Estados-membros Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

Folha 8 com Lusa

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