COUVES PLANTADAS COM A RAIZ PARA BAIXO? “FAKE NEWS”!

Mesmo antes de registar internacionalmente a patente desta descoberta inédita, o Ministério da Agricultura e Florestas de Angola procedeu, em Moçâmedes, província do Namibe, ao lançamento da consulta pública para a elaboração da política nacional de agricultura familiar e desenvolvimento rural.

Na abertura do evento, que juntou especialistas da FAO e agricultores locais, o director do Instituto de Desenvolvimento Agrário (IDA), Tarciso Baptista fez saber que está prevista a participação de mais de dois mil actores do sector, dos quais 30 por cento mulheres e 20 jovens.

O responsável adiantou que a consulta pública tem como objectivo a recolha de opiniões e ideias para a criação de uma política de desenvolvimento da agricultura familiar e extensão rural sustentável. É mesmo brilhante. A par do registo da patente, o MPLA deve apresentar esta descoberta como candidata ao Prémio Nobel da Economia.

“Depois deste lançamento, haverá 18 eventos provinciais de diálogo e auscultação e, posteriormente, um fórum nacional de reflexão”, disse.

Por sua vez, o representante da FAO em Angola, Gherda Barreto, disse que a consulta pública vai reforçar a capacidade dos agricultores por meio do contacto directo com os especialistas.

“Investir na agricultura familiar é garantir melhores alimentos, é investir nas mulheres rurais, que são exemplo de coragem e determinação em Angola”, acrescentou.

O ministro da Agricultura e Florestas, António de Assis, afirmou que a consulta pública vai contribuir significativamente na implementação de políticas voltadas para a agricultura familiar, salientando que a escolha da província em albergar o lançamento, resulta dos bons níveis de produção agrícola.

“Queremos ouvir as vossas impressões para definirmos melhor o caminho que devemos seguir na agricultura familiar e garantir a estabilidade do país neste sector”, realçou.

Na sequência, o ministro auscultou os operadores do sector agro-pecuário, onde entre outros temas, destacou o impacto do projecto de construção de 43 barragens para o sector agrícola, linhas de financiamento, necessidade de organização das empresas do sector, escoamento e melhoria das vias de acesso.

Será desta que o Governo vai baixar uma ordem superior para que, a título experimental, os agricultores comecem a plantar as couves com a raiz para baixo?

“Vamos continuar a trabalhar para que os operadores tenham mais insumos com preços mais justos e apoiar com meios, bem como estar mais próximo dos agricultores”, assegurou o ministro.

A agricultura familiar compreende 91,5% das explorações agrícolas em Angola, sendo 66% ainda feita com recurso a enxadas e meios manuais (muitos alugados por falta de produção nacional), sendo as restantes de empresários.

Segundo o director nacional da Agricultura e Pecuária de Angola, Manuel Dias, a agricultura nacional encontra-se “fortemente alicerçada” na agricultura familiar de subsistência, “que não garante cabalmente a segurança alimentar e nutricional da população em Angola”.

A situação “obriga a recorrer grandemente à importação de alimentos”, disse o responsável, quando falava sobre o desenvolvimento da agricultura sustentável em Angola, no Simpósio Relação Brasil – Angola, que decorreu em Luanda em Setembro do ano passado.

Falando em representação do secretário de Estado do sector, Manuel Dias sinalizou que, do total da área cultivada a nível nacional, as explorações agrícolas empresariais contribuíram apenas com menos de 9%. As famílias contribuíram com 91,5% do total da área cultivada na campanha agrícola 2021-2022, acrescentou.

Em relação à preparação das áreas agrícolas segundo as diferentes fontes energéticas de mecanização, o responsável afirmou que 66% da agricultura em Angola ainda é feita manualmente, 22% por tracção animal e 6% por mecanização.

Para o director nacional da Agricultura e Pecuária de Angola, a vulgarização e expansão da mecanização agrícola, regadio, sanidade vegetal e animal, fabrico de factores de produção, como equipamentos agrícolas, fertilizantes, pesticidas e vacinas em todo o território constituem desafios no sentido do “fortalecimento” da agricultura familiar.

Em Junho de 2023, na cidade do Uíge, o Presidente da República, general João Lourenço, confirmou (palavra de rei), o que já tinha dito o Presidente do MPLA (João Lourenço) e o Titular do Poder Executivo (João Lourenço), as potencialidades do solo angolano, salientando (coisa espantosa!) que o mesmo possui os condimentos necessários para garantir produtos alimentares para sustentar o mercado nacional.

Ou seja, disse que é possível em fazer – meio século depois – o que os portugueses faziam em 1974/75. É obra…

O general convidou, por isso, os produtores a empenharem-se com maior afinco e dedicação às actividades agrícolas. “No Bailundo [província do Huambo] as enxadas estão a ser alugadas à hora para se poder cultivar”, disse em 2022 o ministro da Agricultura e Pescas, António de Assis.

“Pelo que acabei de ver, o Dom Caetano tem razão: O nosso chão dá tudo. É uma questão de nos empenharmos e trabalharmos, que estaremos em condições de alimentar o nosso mercado nacional”, afirmou o Chefe de Estado e do partido que está no Governo há 48 anos.

O mesmo já dizia Diogo Cão, Norton de Matos ou António de Oliveira Salazar. Mas…

Enquanto província ultramarina de Portugal, até 1973, Angola era auto-suficiente, face à diversificação da economia… incluindo a produção de enxadas.. Não tenhamos receio de aprender com quem sabe mais e fez melhor, muito melhor. Só assim poderemos ensinar quem sabe menos.

Angola era o segundo produtor mundial de café Arábico; primeiro produtor mundial de bananas, através da província de Benguela, nos municípios da Ganda, Cubal, Cavaco e Tchongoroy. Só nesta região produzia-se tanta banana que alimentou, designadamente a Bélgica, Espanha e a Metrópole (Portugal) para além das colónias da época Cabo-Verde, Moçambique, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe.

Era igualmente o primeiro produtor africano de arroz através das regiões do (Luso) Moxico, Cacolo Manaquimbundo na Lunda Sul, Kanzar no Nordeste Lunda Norte e Bié.

Ainda no Leste, nas localidades de Luaco, Malude e Kossa, a “Diamang” (Companhia de Diamantes de Angola) tinha mais 80 mil cabeças de gado, desde bovino, suíno, lanígero e caprino, com uma abundante produção de ovos, leite, queijo e manteiga.

Na região da Baixa de Kassangue, havia a maior zona de produção de algodão, com a fábrica da Cotonang, que transformava o algodão, para além de produzir, óleo de soja, sabão e bagaço.

Na região de Moçâmedes, nas localidades do Tombwa, Lucira e Bentiaba, havia grandes extensões de salga de peixe onde se produzia, também enormes quantidades de “farinha de peixe”, exportada para a China e o Japão.

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