CHAMA ACESA ENQUANTO MPLA PERSISTIR NA MENTIRA E COVARDIA

O Maio de 2024 dobra a esquina e, deixa três marcas indeléveis, para os verdadeiros revolucionários e nacionalistas reflectirem: o 27 de Maio de 1977, dia do holocausto em Angola, liderado pelo médico masoquista (lobo na pele de cordeiro), António Agostinho Neto, na França o 30 de Maio 1431 e o 31 de Maio de 1991, com os Acordos de Bicesse.

Por William Tonet

A primeira está ligada a “Nito Alves”, angolano (23 de Julho 1945 – 14 de Julho de 1977), nacionalista, guerrilheiro e comandante de uma das mais aguerridas zonas: 1.ª Região político-militares do MPLA, na luta contra o colonialismo português. Assassinado, sem julgamento, por Agostinho Neto e seus algozes, aos 32 anos, por defender ideais socialistas e um rumo incorruptível para Angola.

A segunda ligada à jovem e aguerrida Joana D’Arc (1412 – 30 de Maio 1431), guerreira francesa, assassinada pelas forças inglesas. Considerada heroína e canonizada pela Igreja Católica, mas, criticada por muitos, como camponesa lunática, histérica e ignorante. A verdade é que, aos 19 anos de idade, mostrava um sentimento pátrio, no reinado de Carlos VII, ao liderar forças militares francesas, que expulsaram os ingleses de várias regiões da França.

A terceira ligada a assinatura pela primeira vez de um acordo entre o MPLA/Governo e a UNITA/Guerrilha, pondo fim, aos 31 de Maio de 1991, com a assinatura dos Acordos de Bicesse, aos 16 anos de guerra civil (1975-1991), que opunha as tropas militares da UNITA (FALA) e do MPLA (FAPLA).

O memorando colocou, um ponto final ao partido único, abrindo caminho à instauração constitucional da economia de mercado, multipartidarismo e a democracia.

E aqui volto a Bertolt Brecht: “Triste do país que não tem heróis”.

Os heróis do povo, existem. Diferente do único herói do MPLA, que é Agostinho Neto, visto por uma maioria popular, como genocida, ao ordenar, só em 1977 (o país já era independente e convertido em República Popular de Angola), o assassinato cruel de 80 mil cidadãos inocentes, sem direito a julgamento. Sanguinário!

E uma vez mais se torna curial rememorar o escritor alemão, Berthold Brecht: “Triste do país que precisa de heróis”.

A verdade nua e crua é de o MPLA, ao longo dos anos, com a chegada de Agostinho Neto a liderança, nunca ter conseguido, gerir, negociar, governar, sem “burla política” e violência, as desavenças internas e externas.

Neto foi incompetente, o bastante, na eleição do diálogo, para resolução das crises internas, a maioria por si instigadas. Péssimo reconciliador!

Foi o grande responsável pelo surgimento das Revolta Activa, Rebelião da Jibóia versus Revolta de Leste.

Tem impressões digitais, nos bárbaros assassinatos (enterrados vivos) de Matias Miguéis, José Miguel, Ferro e Aço, numa base do MPLA, em Brazzaville, em 1964. Macabro foi também, a morte em fogueira, na Frente Leste, em 1968, do comandante Paganini, Estrela, Ziguerou e outros, acusado de feitiçaria e tentar dar golpe à direcção, em Brazzaville.

A morte de Deolinda Rodrigues e cerca de 18 colegas (Março de 1967), do batalhão feminino, deve-se a Agostinho Neto, primeiro por mandar tantas mulheres, atravessar uma zona controlada pela UPA/FNLA, Nsongololo, no Baixo Congo, região onde estava localizada a base de Kinkuzu e, depois ao covardemente, prender e mandar assassinar Matias Miguéis, quando este, já exercia funções na direcção da FNLA, após abandonar o MPLA, na crise de 1962/3.

Coincidência triste, foi a prisão de Matias, ocorrer numa altura em que o batalhão feminino atravessa uma zona sob controlo da FNLA, tendo como comandante, Amaral Gourgel (ex-ministro da Defesa do ELNA), que as prendeu, informando a Agostinho Neto que a sua libertação dependia do mesmo, quanto a Matias Miguéis e José Miguel e Ferro e Aço. Neto mandou assassinar e, acto contínuo a FNLA fez o mesmo, em relação às guerrilheiras do MPLA…

Culpado? Restam poucas dúvidas…

Os três movimentos de libertação têm histórias macabras de autênticas violações aos direitos humanos, impossíveis de escamotear.

E, neste quesito, quanto a barbárie, intensidade e quantidade, Agostinho Neto/MPLA, a todos supera.

É a voz dos factos. Da contabilidade. É a história, impossível de contornar.

Posto isso, uma plataforma de reconciliação não pode, não devia, garimpar, exclusivamente, num dos lados da equação, sob pena de acirrar os ânimos da divisão.

É preciso a criação de uma Comissão Ampla de Reconciliação e Verdade integrada, em paridade, todos actores: FNLA; MPLA; UNITA; Movimentos Clandestinos; Presos Políticos, Comunidade Religiosa, Sociedade Civil, para se discutir e enterrar o passado, perspectivando o futuro e a verdade histórica.

MAIO É MÃE. De muitos e de todos, quantos foram alvejados pela fúria assassina da DISA, a sanguinária polícia política do regime.

Quem, como eu, aprendeu, nos maquis (zonas guerrilheiras, nas matas) a aritmética de contar os números através de balas, granadas e armas, “indispensáveis para matar o inimigo colonialista português”, como nos ensinavam, os instrutores, nunca imaginou, que depois de 1975, “os legítimos representantes do povo angolano: FNLA, MPLA, UNITA” (in Acordos de Alvor), fossem digladiar-se entre si.

O exército português “dos capitães de Abril”, foi cúmplice do descalabro de Alvor, ao tomar partido (esperava-se isenção), pelo MPLA a quem entregou, de bandeja os quartéis e armas, tornando-o com capacidade para adulterar o sonho dos angolanos de verem o nascimento de um país, com o hastear de uma bandeira da liberdade e democracia.

Agostinho Neto instaurou a ditadura, através de um socialismo boçal e economia centralizada, assente na corrupção, com a criação das Lojas dos Dirigentes e Lojas do Povo.

Aos 16 anos de idade, 19 de Maio de 1977, assisti, nas ruas e fedorentas masmorras do regime, a desilusão pela morte prematura do que poderia ser uma República de justiça e liberdade, traída em toda a sua extensão, por estar no leme, um conjunto de radicais, extremistas e assassinos.

Nas celas, as náuseas eram constantes, face às lufadas do cheiro nauseabundo dos locais de tortura e do enxofre, diferente da prisão colonial, onde estive e vivi, com o meu pai: Campo de Concentração de São Nicolau.

Nas masmorras da DISA espalhadas por todos os cantos, os carrascos da DISA, que mais matavam, como Carlos Jorge Cajó e Tino Pelinganga, mais conhecido por Tino Kabuata, que pasme-se é membro da CIVICOP e, recentemente, esteve a inaugurar a sede da denominada fundação 27 de maio, uma organização fantoche do regime e traidora dos ideais, vítimas e sobreviventes do 27 de Maio de 1977, liderada por Silva Mateus, agente da Polícia Judiciária, que nunca esteve preso no 27 de Maio. Ao convidar um dos mais cruéis torturadores para estar ao seu lado, mostra a natureza perversa, de quem se aproveita da desgraça alheia para abocanhar mordomias.

Ele não representa ninguém das vítimas e sobreviventes, salvo a corja de assassinos, que cometeram o maior crime de genocídio depois da II Guerra Mundial. “Muitos tiveram o castigo merecido”, disse, segundo uma fonte digna de crédito o sanguinário Tino Kabuata, amigo do traidor Silva Mateus.

Houve no 27 de Maio, muitos acréscimos perniciosos em nome da falsa ideologia comunista, que assentava os actos em vinganças escatológicas, prepotência, boçalidade e instinto de barbárie: “Vou matar este cabrão!”; “Temos que prender e eliminar todos os nitistas vagabundos!”; “Os cães não valem nada. Não merecem viver neste país”; “Quem passa dos limites, marcados pelo camarada presidente Neto, não precisa de julgamento, mas de morrer como um bicho”.

E tudo isso com acolhimento na linha editorial da comunicação social do Estado, que aguçava, através de notícias inflamadas, o ódio e raiva, contra os denominados fraccionistas. Eram (ainda são) uma autêntica brigada terrorista de imprensa, que prepara os caminhos mentais para incitar a morte de carácter ou física dos oponentes do regime.

No meio das ondas hertzianas públicas, se propaga às bases para o assassinato das liberdades de imprensa, de expressão, justiça e da democracia, defendendo a ditadura, a discriminação e as mortes justificadas…

Não é mera coincidência o ministro do Interior, Eugénio Laborinho, ter dado nome às balas: “a Polícia não está para distribuir rebuçados e chocolates”.

Por esta razão, em Maio de 2024, com a corrupção em alta, sob regime do MPLA, o espírito de conciliação, reconciliação e de um Estado de Direito e Democrático, continua a ser julgado no ralo.

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