O general João Lourenço, como chefe de Estado angolano mas também na sua qualidade (mundialmente reconhecida) de perito dos peritos em todos os assunto, afirmou, em Dallas (Texas), , que África pode jogar um papel crucial na superação da crise energética e alimentar que o mundo enfrenta. Todo o mundo conhece a lucidez da afirmação, tanto mais que, no caso de Angola, só existem 20 milhões de pobres e o Governo (do MPLA há 49 anos) não consegue alimentar a população…
O general João Lourenço, que discursava na abertura da 16ª Cimeira Empresarial EUA-África, foi claro ao afirmar: “Precisamos de investimento privado e do know how americano para fazermos do continente um grande produtor e exportador de bens alimentares de qualidade para o mundo”.
Neste capítulo, segundo o Presidente (não nominalmente eleito), o mundo deve contar e olhar em primeiro lugar para África, pela abundância de terras aráveis, de recursos hídricos, de sol e de mão-de-obra jovem, que fácil e rapidamente pode dominar o manejo da maquinaria agrícola moderna e absorver os conhecimentos das mais modernas técnicas de cultivo. Esta descoberta, quase se poderia equipará-la à descoberta da roda, remete-nos para o facto de o MPLA estar no Poder há 49 anos e ter feito – segundo o general João Lourenço – mais em 50 anos que os portugueses em 500…
Por isso, o também Presidente do MPLA e Titular do Poder Executivo, entende que um olhar diferente dos EUA para África pode ser a chave destes dois problemas que afligem a economia mundial, bastando para isso – dizemos nós – substituir a criminosa incompetência e pujante cleptocracia dos governantes angolanos.
“Sejam pragmáticos e não desperdicem esta oportunidade que se abre para o benefício de todos”, desafiou o general dono de Angola, indiferente ao facto de ter no seu cadastro (currículo é outra coisa) a falhada, até agora, aposta em conseguir que os angolanos consigam viver sem… comer.
Perante o contexto, João Lourenço convidou os empresários norte-americanos a fazer o que os portugueses fizeram até 1974 em Angola, ou seja, investir com toda a liberdade em todos os domínios das economias africanas, onde os estudos de viabilidade lhes garantirem haver retorno e lucros do seu investimento.
João Lourenço, partindo do pressuposto de que a audiência tinha o cérebro no mesmo sítio onde os dirigentes do MPLA o têm (nos intestinos), apontou os sectores da indústria, agro-negócio, pescas, recursos minerais, petróleo e gás, rochas ornamentais, imobiliária, hotelaria e turismo, telecomunicações e outros, como sendo os que podem receber os investidores norte-americanos.
“O investimento privado ou em parcerias público-privadas na construção e gestão de unidades hospitalares de referência, na produção local de medicamentos e de vacinas será muito bem-vindo e acarinhado pelos governos africanos no geral”, indicou João Lourenço. Os presentes ficaram assim a saber que em África em geral, em Angola em particular, nada existe, mau grado as dezenas de anos que levam como países independentes.
Este interesse, de acordo com o general do MPLA, estende-se também às universidades e centros de investigação científica, que têm todo o interesse em estreitar contactos e trabalhar com as mais conceituadas instituições norte-americanas.
A cimeira é uma iniciativa que visa discutir soluções eficazes para impulsionar parcerias comerciais sustentáveis entre os EUA e o continente africano, que se mostra cada vez mais estratégico e prioritário na política externa da Administração norte-americana.
O objectivo principal do encontro é possibilitar que os líderes africanos contactem, de forma directa, os decisores de Governos e do sector privado, a fim de se impulsionar parcerias empresariais sustentáveis entre os EUA e os africanos.
Os Estados Unidos e Angola mantêm relações diplomática há 30 anos e o país foi recentemente reconhecido pelos norte-americanos como um parceiro estratégico em África (na vertente de sipaios de luxo), “fundamental para a promoção dos objectivos comuns de expansão da prosperidade económica e do acesso à energia, da defesa da democracia e dos direitos humanos, e do avanço da segurança regional”, segundo uma nota do Departamento de Estado.
No ano passado, o Presidente norte-americano, Joe Biden, teve o raro prazer de ser recebido pelo general João Lourenço na Casa Branca (a ordem dos factores é arbitrária!), em 30 de Novembro, enquanto Angola acolheu o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, e o enviado de Biden, Amos Hochstein.
Em Novembro de 2023, os EUA e Angola assinaram os Acordos Artemis, na área da exploração espacial e iniciaram um “acordo bilateral de céus abertos”, para facilitar as ligações aéreas entre os dois países.
Como reacção à actuação dos EUA, vários líderes da oposição angolana entregaram na Embaixada dos Estados Unidos em Luanda uma carta endereçada ao secretário de Estado norte-americano, a pedir que pressionasse o Presidente, general João Lourenço, a realizar eleições autárquicas antes de 2027 e que ele já prometera realizar em… 2020.
Os signatários da carta pediram a Antony Blinken que apoie um Estado democrático e de direito em Angola e pressione o general dono de Angola a realizar as primeiras eleições autárquicas no país, “o único grande país da região sem líderes eleitos a nível local”, a desmantelar as instituições partidarizadas e a permitir acesso de todos os atores políticos aos meios de comunicação social públicos.
Em Angola, Antony Blinken disse que a capacidade produtiva em África deve ser reforçada com mais investimento e tecnologia para melhorar a segurança alimentar.
Na sua primeira declaração em território angolano, que teve lugar no Centro de Ciência de Luanda, ponto inicial da visita à cidade, Antony Blinken considerou o espaço “simbólico” da colaboração entre os dois países, apontando as parcerias na área da ciência.
Destacou a adesão recente aos Acordos Artemis para o uso pacífico da exploração espacial e sublinhou a utilização dos dados recolhidos na investigação espacial para responder a preocupações como a mitigação dos efeitos da seca e o uso eficaz da água.
Angola, continuou Antony Blinken, é também um dos primeiros países a juntar-se à Visão para as Culturas Adaptadas e Solo (VACS, na sigla inglesa), com que os Estados Unidos pretendem lidar com a segurança alimentar.
“Nos últimos anos, assistimos quase a uma tempestade perfeita entre covid-19, alterações climáticas e conflitos como a agressão russa, com forte impacto na segurança alimentar”, afirmou.
Antony Blinken disse que durante os seus encontros em África ouviu os seus parceiros falar sobre a necessidade de investimentos na sua capacidade produtiva, porque “precisam de ter um sistema forte para produzir alimentos”, começando com duas coisas básica, as sementes e o solo.
Exemplificou – parecendo até que se estava a candidatar a um cargo de auxiliar do Titular do Poder Executivo – com o caso de Angola, onde algumas sementes tradicionais “incrivelmente nutritivas” podem ser tornadas mais resistentes aos efeitos da seca.
“Se tivermos sementes de qualidade e as pusermos num solo de qualidade, podemos ter um sistema mais resiliente e nutritivo”, acrescentou Antony Blinken, explicando que a iniciativa VACS, que está a ser construída com Angola e outros parceiros africanos, pretende ajudar África a alimentar-se e a alimentar outras partes do mundo.
“Queremos atingir novos picos, no espaço e na terra, e mostrar como estas duas coisas estão ligadas”, salientou Antony Blinken, qual chefe de posto colonial quando discursava para os sipaios voluntariamente amarrados…
No centro destas parcerias, continuou Antony Blinken, está a partilha e a transferência de tecnologia.
“Isso é tão importante como o investimento porque é isso que gera capacidade nos nossos países e lhes permite estarem fortes”, disse o responsável norte-americano.