De acordo com a embaixadora da Índia, Pratibha Parkar, em declarações feitas depois de uma audiência com João Lourenço, empresários indianos intensificaram, nos últimos três anos, a aposta no mercado angolano, com investimentos em diferentes sectores, principalmente, nas províncias de Benguela, da Lunda Sul e do Namibe.
A diplomata adiantou que os empresários indianos demonstram interesse nas áreas da agricultura, processamento de alimentos, saúde e mineiro. “Podemos dizer que os empresários estão cientes e bastante interessados nas várias oportunidades de negócios existentes em Angola”, afirmou Pratibha Parkar.
O mercado angolano apresenta oportunidades de negócios nos segmentos produtivos como agro-pecuária, pescas, indústria, turismo e serviços, além do já habitual sector de petróleo e gás.
Quanto à balança de pagamento entre os dois países, a embaixadora disse ser favorável a Angola e sublinhou que o comércio bilateral registou, nos últimos anos, a cifra de quatro mil milhões de dólares. O anterior volume de negócios rondava os três mil milhões de dólares, sendo que 10 por cento desse valor resultou da comercialização do petróleo de Angola para o país asiático.
A Índia estabeleceu relações diplomáticas com Angola em 1985 e, desde então, mantém uma cooperação considerada extremamente cordial, sendo o terceiro maior parceiro comercial de Angola.
Em 19 de Janeiro de 2021, durante uma audiência que o então ministro da Indústria e Comércio de Angola, Victor Fernandes, concedeu Pratibha Parkar, os dois políticos manifestaram interesse de reforçar as trocas comerciais, sobretudo nos domínios da agricultura, saúde e indústria agro-alimentar, referindo que a balança comercial entre ambos registou um aumento de importações e exportações entre 2017 e 2019.
Angola importa da Índia, fundamentalmente, produtos farmacêuticos, máquinas, aparelhos, materiais eléctricos, veículos automóveis, maquinaria para o sector industrial, produtos químicos e exporta combustíveis e óleos minerais, sal, enxofre, cimento, entre outros.
Na reunião com Victor Fernandes, a diplomata indiana manifestou interesse de ver reforçada a cooperação comercial nos domínios dos diamantes, petróleo, agricultura, tecnologias de informação, saúde e a indústria e segurança alimentar.
Segundo a embaixadora da Índia em Angola, as relações comerciais entre o seu país e Angola estavam em bom ritmo e as trocas comerciais entre ambos já tinham atingido os 4,6 mil milhões de dólares (3,8 mil milhões de euros) em importações e 3 mil milhões de dólares (2,4 mil milhões de euros) em exportações, “maioritariamente petróleo”. “Mas, também, concordamos em poder diversificar as áreas de actuação”, disse na altura em declarações aos jornalistas.
“O objectivo desta reunião foi abordarmos as áreas que queremos reforçar, no quadro da cooperação bilateral, como na agricultura, saúde e farmácia, transformação de alimentos, tecnologia de informação e diamantes”, apontou Pratibha Parkar.
Por sua vez, o então ministro Victor Fernandes deu conta que Angola estava num processo de alteração da sua estrutura económica e os investimentos directos que podem surgir de países como a Índia e que são bem-vindos.
Dessa reunião resultou também o anúncio da criação de um grupo técnico que iria envolver empresários angolanos e indianos, com o objectivo de se ter uma “maior abrangência possível” para encontrar áreas para trabalhar de forma prática para se atingir resultados.
“O objectivo é partilharmos uma lista concreta de oportunidades que poderão interessar aos empresários nacionais e indianos no sentido de relançarmos a nossa indústria transformadora e também a agricultura”, realçou Victor Fernandes.
A Índia “tem uma participação muito interessante já em Angola”, com industriais ligados, essencialmente, em materiais de construção, mas o objectivo é “alargar a base de trabalhos”, para que Angola “deixe de ser um país dependente de petróleo e isso só se faz com investimento nas áreas fora do petróleo”.
De acordo ainda com Victor Fernandes, a balança comercial entre Angola e a Índia “está mais desequilibrada para Angola, que exporta mais para a Índia do que aquilo que importa”.
“De qualquer maneira é ainda com muita incidência no sector dos petróleos e o que queremos é transformar isso e colocar isso no sector produtivo ligado à agricultura e à indústria transformadora”, frisou.
Angola e a Índia têm em vigor um acordo comercial, assinado em 4 de Outubro de 1986, com renovação automática por períodos sucessivos de dois anos.
Folha 8 com Angop
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