A China vai desembolsar 249 milhões de dólares (231 milhões de euros) para financiar um projecto nacional de banda larga em Angola, no âmbito de um acordo de financiamento assinado hoje, em Luanda, entre ambos os governos.
A ministra das Finanças angolana, Vera Daves, e o embaixador da China em Angola, Gong Tao, foram os signatários deste acordo que prevê que o gigante asiático vai conceder o empréstimo para financiar o projecto.
“O acordo que hoje assinámos, pelas suas características, contribui para desenvolver ainda mais as relações amistosas e promover a nossa cooperação económica, financeira e técnica”, afirmou Vera Daves, na ocasião.
Segundo a governante angolana, trata-se de um empréstimo concional em condições para Angola “mais favoráveis do que as condições do mercado com um período de maturidade até 20 anos e sem colaterais associados”.
“Esse financiamento é totalmente alinhado à estratégia adoptada pelo executivo para o endividamento e gestão da dívida pública, contribuindo assim para a sua sustentabilidade”, assegurou a ministra angolana.
O secretário de Estado para as Telecomunicações e Tecnologias de Informação angolano, Alé Fernandes, assinalou a importância do acordo para o sector e referiu que o mesmo vai permitir reforçar e alargar a rede das infra-estruturas do país.
“Estamos a falar na implementação de cerca de 2 mil quilómetros de fibra óptica terrestre que vai permitir chegar em áreas não atingidas ainda pelos serviços de telecomunicações (…). E temos também um segmento de micro ondas que vai permitir reforçar as comunicações em Cabinda”, sublinhou.
Para o embaixador da China em Angola, Gong Tao, o instrumento agora rubricado traduz-se na “abertura de novas portas e de novos capítulos” nas relações entre Luanda e Pequim.
“Vamos continuar a trabalhar com o Governo de Angola, também com as empresas chinesas e angolanas, enfim, estamos cá a trabalhar em conjunto para servir as cooperações das nossas partes para um melhor bem-estar dos nossos dois povos”, disse o diplomata chinês.
MPLA CONTRATA CHINESES PARA METER ÁGUA
O grupo estatal chinês China Energy Engineering Corporation (CEEC) anunciou, em Outubro do ano passado, que iria construir uma estação de distribuição para reduzir a escassez de água potável na capital angolana, Luanda. Consta que irá, igualmente, fazer os rios nascer na foz e desaguar na nascente. Com a ajuda do MPLA é bem possível…
Num comunicado então divulgado, uma subsidiária do CEEC, o Guangxi Hydroeletric Construction Bureau Co Ltd, disse ter assinado um contrato com a Direcção Nacional de Águas, sob a tutela do Ministério da Energia e Águas de Angola.
O contrato prevê a construção, na zona de Benfica, de uma estação que pode armazenar até 2.500 metros cúbicos de água e com capacidade para distribuir 1.300 metros cúbicos de água por hora.
O projecto prevê a instalação de uma rede de distribuição e de pontos de abastecimento para a população e poderá ainda funcionar como uma estação de tratamento de água em caso de emergência.
O CEEC garantiu que o projecto irá “não apenas responder à procura diária dos residentes” de Benfica, mas também “resolver em parte a escassez de abastecimento em algumas áreas urbanas de Luanda”.
O contrato prevê ainda a instalação de equipamento de drenagem de águas pluviais, ajudando a “reduzir as perdas” causadas na capital angolana pelas crónicas inundações durante a estação das chuvas, entre Setembro e Maio, defendeu o grupo chinês.
O CEEC disse que o projecto deverá estar concluído dentro de cerca de 10 meses.
OPV de Angola agrada aos chineses
A ministra das Finanças de Angola, Vera Daves, afirmou no dia 5 de Agosto de 2021 que as relações com a China são “muito positivas” há mais de 20 anos e que o país vai continuar a apostar diariamente nesta cooperação e amizade entre os dois Estados. Claro. É mais uma OPV (Oferta Pública de Venda) do país, bem ao estilo do MPLA.
Segundo um comunicado do Instituto de Gestão de Activos e Participações do Estado (IGAPE), a titular da pasta das Finanças angolana, Vera Daves, participou numa conferência virtual que teve como objectivo apresentar aos investidores chineses o Programa de Privatizações (Propriv) em curso em Angola.
“Para a ministra das Finanças, Vera Daves, as relações entre Angola e a China, são mutuamente reconhecidas como muito positivas há mais de duas décadas, num clima de amizade e cooperação estratégica em várias áreas, com destaque para as relações comerciais, financeiras e económicas, nas quais Angola continuará a apostar diariamente dentro do espírito de cooperação e amizade existentes entre as duas nações”, refere a nota.
Na reunião, que contou com cerca de 100 participantes, maioritariamente chineses, o embaixador Gong Tao reiterou o interesse da China em continuar a cooperar economicamente com Angola e a trabalhar junto da comunidade empresarial do seu país, para captar potenciais investidores.
De acordo com a nota, participaram também no encontro representantes da petrolífera do MPLA, Sonangol, e da Bolsa de Dívidas e Valores de Angola (Bodiva), que apresentaram informações e esclarecimentos relevantes sobre os activos dos diferentes sectores a serem privatizados até 2022, bem como os procedimentos a serem adoptados em cada processo de privatização.
Com o Propriv, o Governo angolano previa então a privatização de mais de 190 empresas e/ou activos do Estado angolano até ao final de 2022, nos sectores da banca, hotelaria e turismo, finanças, seguros, agricultura, telecomunicações, indústrias, petróleos, entre outros.
A história repete-se. O Governo angolano estendeu a mão (e as riquezas qua ainda são nacionais) à China para pedir assistência técnica na elaboração de projectos sustentáveis e assim poder candidatar-se aos financiamentos, quer do Governo, quer dos potenciais investidores chineses interessados no desenvolvimento de Angola.
Uma das solicitações foi feita pela secretária de Estado para as Relações Exteriores angolana, Esmeralda Mendonça, na abertura do Fórum de Negócios Angola-China no domínio da Agricultura e Pescas, realizado por videoconferência.
Esmeralda Mendonça frisou que as potencialidades industriais, agrícolas e tecnológicas fazem da China um dos maiores parceiros estratégicos do continente africano, cujas economias necessitam, e uma alavanca para o desenvolvimento cada vez mais sustentável.
Segundo Esmeralda Mendonça, a China tem sabido responder satisfatoriamente aos anseios dos governos dos países africanos, em troca de uma cooperação mutuamente vantajosa, cujos efeitos têm vindo a reflectir-se no seio das suas populações (no caso de Angola só são 20 milhões de pobres). Por outras palavras, os africanos entram com as riquezas e os chineses com a experiência. No fim, os africanos ficam com a experiência e os chineses com as riquezas. Fácil!
Folha 8 com Lusa