NADA SE APLICA AO REINO DO MPLA

A União Interparlamentar (UIP) exortou (não se sabe se em “votação” secreta de braço no ar), em Luanda, os seus membros a reforçarem o que não se aplica a Angola, ou seja um Estado democrático de direito, para a promoção da boa governação e a gestão do erário em prol do bem comum.

A exortação vem expressa na Declaração de Luanda da 147ª Assembleia da UIP, que decorreu sob o lema “Acção parlamentar, justiça e instituições fortes”.

O reforço do Estado de Direito (que o MPLA não sabe, há 48 anos, o que é) deve estar no centro da acção dos parlamentos, no sentido de se promover a boa governação e a transparência na gestão pública, segundo a Declaração de Luanda, lida pela presidente da Assembleia Nacional do MPLA, Carolina Cerqueira.

O documento recomenda aos parlamentos a actuarem com responsabilidade colectiva na avaliação das questões abordadas ao longo do debate geral do evento.

“Se o fizermos, estaremos a promover os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), também conhecidos como objectivos de governação”, sustenta o texto.

A declaração considera essencial a boa governação para o alcance dos ODS definidos em 2015, tendo os parlamentos um papel-chave a desempenhar neste sentido. Os parlamentos a sério, sendo que qualquer semelhança do parlamento do MPLA com um parlamento sério e a sério é mera e ténue coincidência.

Apela, também, para a necessidade de se reforçar a confiança e garantir a participação mais activa dos cidadãos e grupos sociais em todas as instituições, em todos os níveis de forma equitativa, e encorajam o funcionamento de instituições superiores e independentes de controlo das finanças públicas. Mais um apelo que o MPLA não sabe o que significa.

A UIP considera necessário continuar a trabalhar para o aprofundamento da imparcialidade dos órgãos da administração da justiça, no sentido de assegurar a celeridade processual e o respeito dos direitos humanos, por a justiça ser o requisito essencial para a paz. Mais uma regra que não se aplica no reino em que o Presidente do MPLA é, ao mesmo tempo, Presidente (não nominalmente eleito) da República, Titular do Poder Executivo e Comandante-em-Chefe das Forças Armadas que – segundo a Constituição – devem ser apartidárias…

A Declaração de Luanda estima que o recrudescimento de conflitos em várias partes do mundo tem consequências extremamente nocivas para as populações, por um lado, e é resultado, muitas vezes, da existência de assimetrias económicas e sociais (aplica-se totalmente a Angola), bem como a discriminação devido a questões de género, raça, etnia, diferença religiosa ou cultural.

Nesta conformidade, o documento reafirma, de modo veemente, a crença no Estado de Direito, quer a nível nacional, quer internacional, como fundamento da prevenção e resolução pacífica de conflitos.

De igual modo, reitera a necessidade da protecção dos direitos humanos em tempos de guerra, pelo que lança um forte apelo à comunidade internacional para que seja prestada ajuda humanitária nas zonas atingidas por conflitos. No caso de Angola, os direitos humanos não são protegidos nem em tempo de paz.

A UIP apela, também, para que se tomem as medidas necessárias para prevenir e combater todas as formas de violência contra as mulheres, os grupos minoritários e os mais socialmente desfavorecidos. Nada disto é aplicável no reino de sua majestade o general João Lourenço.

“A Declaração de Luanda insta a comprometermo-nos a trabalhar em prol da defesa do sector público, como forma de garantir um melhor serviço aos cidadãos, sendo que, para o efeito, devem ser mobilizados os necessários recursos financeiros e humanos”, lê-se o documento.

Apela, por isso, aos países para reverem as suas políticas de cooperação para o desenvolvimento, dando ênfase aos investimentos públicos, com vista à avaliação global do ODS 16, que se espera acontecer em 2025, no Fórum Político de Alto Nível das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável.

Durante a 147ª Assembleia Geral da União Interparlamentar (UIP) foram registados cerca de 160 intervenções de 120 parlamentares nacionais e de 12 organizações parceiras. O evento ficou marcado pela eleição da nova presidente da UIP, a tanzaniana Tulia Ackson.

Folha 8 com Angop

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