IMIGRANTES CONSIDERAM FALHADO O GOVERNO DE JOÃO LOURENÇO

Assinalou-se ontem, 18 de Dezembro, o Dia Internacional do Migrante. Em Angola, os imigrantes de diversos países de África, Europa, Ásia e América do Sul, consideram “falhado” o governo de João Lourenço que “desde 2017 atirou o povo para um estado de abandono total e sem esperança na sua própria terra”.

Por Geraldo José Letras

Em declarações ao Folha 8, os cidadãos de diversos países de África, Europa, Ásia e América do Sul a viver em Angola lamentam a situação social e económica no país já difícil “na era do ex-presidente, José Eduardo dos Santos, mas que se tornou impossível de suportar desde o segundo mandato de João Lourenço, o pior Presidente da República para os angolanos que parecem atirados para o estado de abandono e sem esperança na sua própria terra”.

Bary, comerciante maliano há 10 anos, no sector de venda de bens alimentares a retalho em cantinas nos bairros da periferia da província de Luanda, diz que o negócio já foi mais lucrativo, porque “os produtos nos armazéns eram baratos e os moradores tinham poder de compra”.

“O saco de açúcar hoje eu compro a 72 mil kwanzas. Com esse dinheiro, antes de João Lourenço, comprava cinco sacos de açúcar e numa semana acabava na cantina, porque as pessoas compravam. Agora, tudo mal”, lamentou-se.

Há 20 anos em Angola com toda a família, a cabo-verdiana, Neusa de Jesus (foto), partilhou o desejo de toda a família regressar a Cabo Verde, ou mudar-se para Portugal, devido à situação social e económica difícil em Angola que, segundo disse, “só não vê quem faz parte do governo de João Lourenço ou do partido MPLA que têm de negar a verdade para se segurarem nos cargos”.

A trabalhar em Angola como gestor escolar no ensino privado, o cidadão moçambicano, Miranda Bernardo, também assume que “viver aqui (Angola) ficou difícil”.

“Até antes do segundo mandato do actual presidente, com 100 mil kwanzas dava para gerir a vida, mas a partir de Maio de 2023, tudo estragou”, disse.

Beatriz Tavares que veio de São Tomé e Príncipe ao encontro dos pais, já idosos, em Angola, manifestou o desejo urgente de regressar com os pais e irmãos à sua terra no próximo ano. “Em São Tomé a vida também é difícil, mas vale a pena sofrer e morrer na minha terra, não na terra dos outros”, desabafou.

Já no Brasil, Mara Gomes que no município de Talatona geria um salão de estética e beleza e uma boutique, reconheceu que viver em Angola é “difícil”, por isso lamentou pelos angolanos que para ela “é um povo especial, humilde e batalhador, e que merece um governo sério e ágil na implementação de políticas públicas que permitam ao cidadão levar uma vida com dignidade, que muito merecem”, lamentou.

Ainda que com muita reserva, o trabalhador chinês de uma empresa de engenharia e construção civil, Wang ou João, como prefere ser chamado, denunciou que em Angola “vida é mal. Governo não pagar empresas. Muita dívida com empresa”.

Insegurança económica, encarecimento dos preços de bens alimentares e serviços no sector privado, falta de emprego, assaltos nas cantinas e lojas, corrupção e outros são os principais males que levam os cidadãos de diversos países do mundo lamentar a vida em Angola desde que João Lourenço substituiu na Presidência da República José Eduardo dos Santos.

Instituída em 2000 pela Assembleia Geral das Nações Unidas, o Dia Internacional dos Migrantes, ou Dia Internacional das Migrações, é celebrado anualmente a 18 de Dezembro.

No dia 18 de Dezembro de 1990, a Assembleia Geral das Nações Unidas adoptou a Convenção Internacional para a Protecção dos Direitos de Todos os Trabalhadores Migrantes, dos Membros das suas Famílias e lembrar daqueles que perderam a vida a sair do país natal.

A Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável elaborada pela Organização das Nações Unidas (ONU) e em vigor desde 2016, apresenta 17 objectivos para transformar o mundo e assegurar a segurança da migração e implementar políticas que a tornem ordenada e regular, bem como reduzir as desigualdades.

Legenda. À esquerda a cidadã cabo-verdiana Neusa de Jesus.

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