GOVERNO “ACONSELHADO” A DESCALÇAR-SE PARA CONTAR ATÉ 12

Angola conta hoje com 9,1 milhões de empregos e 14,1 milhões de pessoas em idade activa, estando desempregados 22% dos jovens, situação que “ameaça a estabilidade económica e social futura” do país, segundo um estudo do Banco Mundial (BM). Será que não contaram os 500 mil empregos que o MPLA prometeu criar, na anterior legislatura? Chato. As promessas, mesmo que não cumpridas, deveriam… contar!

O Relatório sobre Emprego Juvenil em Angola: Oportunidades, Desafios e Orientação de Políticas Públicas, elaborado pelo Banco Mundial (BM) e apresentado hoje, em Luanda, relata que na última década foram criados no país 3,5 milhões de empregos.

Existem hoje 9,1 milhões de empregos em Angola, nomeadamente 55% por conta própria, 10% familiar, 7% empregador, 20% privado e 11% pública, realça o relatório. Destes 9,1 milhões, 5,5 milhões são trabalhadores independentes ou não remunerados e 2,8 milhões do sector privado e público.

“A maioria dos novos empregos são de baixa qualidade. Na última década, foram criados 3,5 milhões de empregos, dos quais 2,7 milhões foram criados nos sectores da agricultura e comércio de baixa qualidade”, refere-se no estudo. Essa da “baixa qualidade” não tem piada. Estão ao nível intelectual, cultural e de competência dos dirigentes do MPLA, pelo que deveriam ser considerados – como exige o dono do reino – excelentes.

Segundo o documento do BM, elaborado com o apoio do Instituto Nacional de Emprego e Formação Profissional (INEFOP) angolano, a “população jovem [e em crescimento] no país não está a ser suficientemente absorvida pela força de trabalho”. Este cenário “ameaça a estabilidade económica e social futura de Angola”, assinala. Falso. Se 20 milhões de pobres numa população total de cerca de 34,5 milhões não são uma ameaça, o MPLA pode estar descansado.

Em termos percentuais, 22% dos jovens no país estão desempregados, 85% trabalham em empregos de baixa qualidade e 20% ganham 20% menos do que os adultos. Tudo normal num reino que continua a ser governado há 47 anos pelo mesmo partido, e cuja “grande” mudança foi de deixar de ser um reino de partido único e passar a ser um reino de um único partido.

“As mulheres jovens, os jovens que vivem em zonas rurais e os jovens de famílias pobres saem ainda pior”, lê-se na pesquisa.

Segundo o estudo, apresentado hoje em cerimónia promovida pelo BM em parceira com o Ministério da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social (MAPTSS), os “principais motores” do crescimento do emprego no país registam um “fraco desempenho” a nível macroeconómico, da empresa, dos trabalhadores, da vulnerabilidade e político.

A nível macroeconómico, “o crescimento económico é em grande parte impulsionado pelo número de trabalhadores” e “deve ser impulsionado pela produtividade, gerada por trabalhadores mais qualificados e pela tecnologia”. Esta tese contraia o ADN do MPLA que, desde sempre, entre um trabalhador qualificado que não seja do MPLA e um néscio que seja do MPLA, escolhe sempre o… néscio.

(Facilitador linguístico dirigido ao Departamento de Informação e Propaganda do MPLA:
néscio significa ignorante, inapto, estúpido)

O estudo salienta que no domínio da empresa, oito em cada 10 empresas do sector formal “lutam para criar empregos”. “Um sector privado diversificado e produtivo pode gerar mais empregos de qualidade rapidamente”, observa.

A nível dos trabalhadores, “um dos principais motores de crescimento do emprego tem fraco desempenho”, 32% dos adultos e 57% dos jovens concluíram o ensino secundário, “mas 83% dos desempregados são jovens”.

Para o Banco Mundial, uma força de trabalho mais instruída e oportunidades de trabalho para os jovens pode impulsionar o crescimento de empregos de qualidade. Poder… pode. Mas isso não interessa ao MPLA. Quanto menos instruídos e preparados forem os escravos, maior é garantia de que eles só pensarão com a… barriga.

No capítulo da vulnerabilidade, a pesquisa considera que 96% dos jovens “são economicamente vulneráveis e não estão preparados para empregos de qualidade”. Se nem o Titular do Poder Executivo, nem os ministros e similares estão preparados, é para o MPLA perigoso ter jovens qualificados.

Quanto ao nível político, 24% dos programas de emprego do Governo angolano “são concebidos para jovens vulneráveis”, considera o estudo, que adianta que “os programas que abordam vulnerabilidades específicas podem integrar melhor os jovens no emprego”.

No entender do Banco Mundial, para se resolver o desafio do emprego dos jovens, Angola precisa de uma estratégia de emprego multissectorial que equilibre as políticas para resultados a curto e longo prazo. Por palavras mais simples, bastava que Angola ter um governo que valorizasse o primado da competência e não o da subserviência, como acontece há 47 anos.

Assegurar a solidez das políticas fiscais, monetárias e cambais, aumentar a produtividade e crescimento estável e reforçar as instituições do mercado de trabalho são as recomendações apontadas pelo BM para aliviar constrangimentos estruturais a longo prazo.

Políticas que “afectam os constrangimentos estruturais” a longo prazo “ajudarão a economia angolana a criar e ligar com os mercados, aumentar o número e a produtividade dos empregos do sector privado e reforçar a instituições”, aponta o BM.

O estudo propõe igualmente políticas a curto prazo para apoiar aumentos de produtividade para trabalho por conta própria, melhorar as aptidões laborais relevantes dos jovens vulneráveis e facilitar a transição do jovem para o emprego e aumento da produtividade.

Políticas com impactos a curto prazo podem ser implementadas no actual contexto económico e empresarial, ajudando os trabalhadores a criar capacidade e a ligar-se a melhores oportunidades de emprego e ganhos, através de trabalho assalariado ou das suas próprias empresas, sugere igualmente o relatório.

“Angola está num momento muito crítico e é necessária uma estratégia multissectorial para estimular a criação do emprego”, disse Ema Monsalve, técnica do Banco Mundial, na apresentação do relatório.

Embora as políticas económicas e do sector privado “estejam a caminhar na direcção certa, as perspectivas de emprego ainda são limitadas e a maioria dos jovens são vulneráveis, enfrentando múltiplas restrições sociais e económicas para serem trabalhadores produtos”, sublinhou.

Folha 8 com Lusa

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