EIS SENÃO QUANDO LULA COPIA KIM JONG-UN

O Presidente da República (não eleito) de Angola, João Lourenço, conversou no dia 10 de Outubro de 2022 ao telefone com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e o tema abordado foi o conflito militar na Ucrânia. Por sua vez o Presidente do MPLA, João Lourenço, tem também mantido contactos telefónicos com o seu homólogo, amigo e aliado russo, Vladimir Putin, com quem abordou o tema em Abril do ano passado.

Por Orlando Castro

Segundo informação disponibilizada na página oficial de João Lourenço na rede social Facebook, o tema então abordado foi “o conflito militar em que a Ucrânia se encontra envolvida desde Fevereiro passado”, sem mais detalhes.

João Lourenço, que defendeu no seu discurso de tomada de posse, em 15 de Setembro de 2022, que Moscovo deve tomar a iniciativa para evitar a escalada do conflito, domina a língua russa, já que estudou na antiga União Soviética entre 1978 e 1982.

A ofensiva militar lançada em 24 de Fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou a fuga de milhões de pessoas, sendo que a ONU classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

O máximo que o Governo MPLA, velho amigo dos soviéticos e, é claro, de Vladimir Putin, conseguiu foi, segundo o Ministério das Relações Exteriores, dizer que “a República de Angola exorta as partes a observarem um cessar-fogo, primando pela resolução pacífica do conflito, por via do diálogo político, em pleno respeito do Direito Internacional, conforme consagrado na Carta das Nações Unidas”.

No mesmo dia em que, o MPLA em nome de Angola, revelou esta posição, os embaixadores europeus em Angola condenaram (sem consultarem o MPLA…) a agressão militar russa contra a Ucrânia e visitaram o chefe de missão da embaixada ucraniana, Andrei Chornobyskyi, a quem expressaram “apoio inabalável”.

“Os Embaixadores da Delegação e dos Estados Membros da União Europeia representados em Angola condenam da forma mais veemente possível a agressão militar da Federação Russa contra a Ucrânia”, dizia o comunicado de imprensa da representação europeia em Angola.

Os embaixadores europeus consideram que a Rússia viola “grosseiramente o direito internacional e os princípios da Carta da ONU”, com as suas acções militares ilegais, “minando a segurança e a estabilidade europeias e globais”.

Em solidariedade com a Ucrânia, os diplomatas visitaram o Chefe de Missão da Embaixada Ucraniana em Angola, Andrei Chornobyskyi, na sua embaixada, “onde expressaram o seu apoio inabalável à independência, soberania e integridade territorial da Ucrânia dentro das suas fronteiras internacionalmente reconhecidas”.

O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a “operação militar especial” na Ucrânia visa “desmilitarizar e ‘desnazificar’” o seu vizinho e que era a única maneira de o país se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário, dependendo de seus “resultados” e “relevância”.

A guerra foi condenada pela generalidade da comunidade internacional (o que não foi o caso de Angola) e motivou reuniões de emergência de vários governos, incluindo o português, e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), União Europeia (UE) e Conselho de Segurança da ONU, tendo sido aprovadas sanções em massa contra a Rússia.

No dia 2 de Março, a UNITA apresentou (sem êxito) um requerimento ao Presidente da Assembleia Nacional sobre o voto de protesto contra a guerra na Ucrânia e condenação da potência invasora, a Rússia. Eis o teor desse requerimento:

«O Grupo Parlamentar da UNITA vem através deste solicitar a V. Excia. a alteração da proposta da ordem do dia, nos termos do nº 4, do artigo 115º e da alínea e) do nº 1 do artigo 128º do Regimento da Assembleia Nacional, para que seja introduzido no Período Antes da Ordem do Dia a apresentação de um voto de protesto.

No passado dia 25 de Fevereiro do corrente ano forças armadas da Federação Russa invadiram a República da Ucrânia, um Estado soberano e independente. A guerra tem provocado numerosas mortes de civis e sofrimento humano injustificados, destruição de património, deslocados e graves violações de direitos humanos.

Considerando que nos termos da Constituição a República de Angola é uma nação de vocação para a paz e progresso, sendo um dever do Estado e um direito e responsabilidade de todos garantir, com respeito pela Constituição e pela Lei, bem como pelas Convenções Internacionais, a paz e a segurança nacional e neste caso, a paz e a segurança internacionais;

Sendo o Estado angolano parte do sistema das Nações Unidas e, no quadro das relações internacionais a República de Angola respeita e aplica os princípios da Carta das Nações Unidas e da Carta da União Africana, e estabelece relações de amizade e cooperação com todos os Estados e povos na base de princípios e valores como respeito pela soberania e independência nacional, igualdade entre Estados, direito dos povos à autodeterminação e à independência, solução pacífica dos conflitos, respeito dos direitos humanos e cooperação com todos os povos para a paz, justiça e progresso da humanidade;

O Grupo Parlamentar da UNITA vem solicitar a discussão e votação de um voto de protesto contra a guerra imposta à República da Ucrânia e apelar à resolução urgente e pacífica das hostilidades que opõem a República da Rússia à República da Ucrânia, com o seguinte teor:

A Assembleia Nacional, órgão de soberania da República de Angola, representativo de todos os angolanos vem por intermédio deste voto manifestar o seguinte:

1. Repudiar e condenar a invasão da República da Ucrânia e as violações aos compromissos internacionais sobre a defesa, promoção da paz e segurança internacional.

2. Condenar a guerra como forma de resolução de divergências políticas, ideológicas e culturais.

3. Condenar a invasão à República da Ucrânia, estado soberano e independente pelas forças armadas da Federação Russa em violação à integridade territorial, ao direito à autodeterminação e livre escolha de alianças.

4. Apelar a cessação imediata e sem pré-condições das hostilidades.

5. Encorajar o diálogo franco, aberto e responsável entre os representantes dos governos da Federação Russa e da República da Ucrânia.»

DITADURAS UNEM MPLA, FRELIMO E RÚSSIA

O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, acusou no dia 3 de Março de2022 os líderes ocidentais de terem planos para uma “verdadeira guerra” contra a Rússia, que só poderá ser nuclear. Eritreia, Bielorrússia e Coreia do Norte subscrevem. Os dois únicos países africanos (verdadeiramente) lusófonos que têm no Poder o mesmo partido deste a independência, Angola (MPLA) e Moçambique (Frelimo) também subscrevem, embora sob o manto diáfano da “abstenção”.

“Todos sabem que uma terceira guerra mundial só pode ser nuclear, mas chamo a vossa atenção para o facto de que isto está na mente dos políticos ocidentais, não na mente dos russos”, disse Sergei Lavrov numa videoconferência de imprensa a partir de Moscovo, citado pela agência francesa AFP.

Sergei Lavrov referiu-se a comentários dos seus homólogos francês, Jean-Yves Le Drian, e britânica, Liz Truss, sobre a dissuasão nuclear e o risco de guerra com a Rússia.

“Se algumas pessoas estão a planear uma verdadeira guerra contra nós, e eu penso que estão, deveriam pensar cuidadosamente”, disse Lavrov. “Não deixaremos que ninguém nos desestabilize”, assegurou.

O Presidente russo, Vladimir Putin, anunciou na altura que colocou em alerta o sistema de dissuasão nuclear do exército russo, uma decisão que suscitou inquietação em muitas capitais do mundo e declarações contra uma nova escalada.

Ao anunciar a intervenção militar russa na Ucrânia, iniciada em 24 de Fevereiro, Putin também fez uma ameaça que foi interpretada como uma referência a armas nucleares.

“Quem nos tentar impedir, quanto mais criar uma ameaça ao nosso país, ao nosso povo, deve saber que a resposta da Rússia será imediata e infligirá consequências nunca vistas na sua história”, disse Putin, na altura.

Na conferência de imprensa, Sergei Lavrov acusou a NATO de estar a tentar reforçar a segurança do Ocidente à custa da Rússia e comparou os Estados Unidos a Napoleão e Hitler.

“No passado, Napoleão e Hitler tinham um objectivo de subjugar a Europa. Agora, os norte-americanos fazem-no”, disse, citado pela televisão britânica BBC.

Sergei Lavrov acusou também os EUA de terem ordenado o cancelamento do gasoduto Nord Stream 2, que iria fornecer gás russo directamente à Alemanha, considerando que isso “mostra o lugar” de subjugação da União Europeia (UE).

O chefe da diplomacia russa descreveu a questão ucraniana como um “filme de Hollywood” escrito pela comunicação social ocidental, em que a Rússia desempenha o papel de “mal supremo”.

Sergei Lavrov repetiu que o regime ucraniano é neonazi, um dos argumentos usados por Moscovo para justificar a invasão da Ucrânia. Disse também que os ucranianos estão “agora a tentar usar civis como escudos humanos”.

O Presidente russo, Vladimir Putin, justificou a “operação militar especial” na Ucrânia com a necessidade de desmilitarizar e “desnazificar” o país vizinho, afirmando ser a única maneira de a Rússia se defender e garantindo que a ofensiva durará o tempo necessário.

Entretanto, a Coreia do Norte acusou os Estados Unidos de serem “a causa raiz da crise ucraniana”, numa primeira reacção oficial à invasão russa da Ucrânia. Curiosamente, agora, Lula da Silva veio dizer o mesmo. Nesta matéria, quem sabe se não haverá outras, o presidente brasileiro está em sintonia total e inequívoca com Kim Jong-un.

Washington prosseguiu uma política de “supremacia militar, desafiando a legítima exigência da Rússia pela sua segurança”, pode ler-se numa mensagem publicada no site do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Norte. Tudo indica que Lula da Silva subscreve também esta tese.

“A causa raiz da crise ucraniana reside também no autoritarismo e arbitrariedade dos Estados Unidos”, acrescentou.

Na mesma nota critica-se os EUA por terem “dois pesos e duas medidas” em relação ao resto do mundo. Acusou os EUA de interferir nos assuntos internos de outros países em nome da “paz e estabilidade”, enquanto “denunciava injustificadamente as medidas de autodefesa tomadas por [esses] países para garantir a sua própria segurança nacional”.

“Os dias em que os Estados Unidos reinavam terminaram”, afirma Kim Jong-un e… Lula da Silva também, embora numa linguagem menos assertiva.

O Brasil, já na era de Lula da Silva, votou em conjunto com mais de 140 países na ONU para condenar a agressão russa e apelar à sua cessação e ao apelo à Rússia para que retire os seus soldados de todo o território da Ucrânia nas suas fronteiras internacionalmente reconhecidas. Eis senão quando, comunista uma vez, marxista sempre, o Presidente brasileiro, Lula da Silva, diz, no final de uma visita à China: “Os Estados Unidos devem parar de encorajar a guerra (na Ucrânia) e começar a falar de paz, a União Europeia deve começar a falar de paz”.

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