O país está inundado e muitos acreditam só faltar a chegada da “Arca de Noé” para “biblicamente” salvar os mais de 20 milhões de pobres, 50% de crianças excluídas do sistema de vacinação, 5% fora do sistema de ensino, 30% de desempregados e cerca de um milhão de discriminados, salvos, “in extremis”, todos os dias, pelo Programa BACML (Bolsa Alimentar dos Contentores e Monturos de Lixo). É a reserva alimentar programada pelos colonialistas negros, para alimentar os PRETOS!
Por William Tonet
O s milhões de autóctones pobres, severamente, excluídos do Orçamento Geral do Estado, ante a voracidade de uns poucos, alcandorados pela força das baionetas ao poder, que se apossam dos milhões das reservas financeiras, minerais, marítimas e do petróleo, já não se envergonham de trepar contentores ou “jiboiar” entre aterros ou monturos de lixo, para se alimentar dos sobejos deitados pelos criados dos “privilegiados In” e dos poucos da classe intermédia, que ainda mastiga.
É desta involuntária e draconiana benevolência que a maioria dos pobres diariamente se alfabetiza, nos tradicionais terrenos de animais roedores, disputando cada pedaço, para continuar a sobreviver. Uma sobrevivência que intelectualiza “Cidadãos Pobres de um País Rico”, sem necessidade de franquearem faculdades tradicionais.
O aumento, em tão pouco tempo, de um número elevado de “memes”, caricaturas e takes depreciativos em relação ao péssimo ou fraco desempenho de governantes e do Presidente da República, inundando as redes sociais (verdadeiros “Meios de Comunicação Social das Massa), visualizadas nos becos, avenidas, sanzalas e musseques, com estatísticas que não mentem é um barómetro a não desprezar pelo regime.
A situação do país está mal. Muito mal! E inspira cuidados, dado o aumento de consciência de zungueiras, ambulantes, jovens, crianças injustiçados, preso(a)s e assassinado(a)s com rebuçados e chocolates bélicos da Polícia “made in” Eugénio Laborinho, não desistem de manifestar-se publicamente, mesmo tendo ciência que aquele que deveria ser o bastião da justiça: Tribunais Superiores, também, está empestado do vírus da incompetência e corrupção.
Os ventos sopram cada vez com mais intensidade, exigindo a emergência de uma classe de políticos, com reputação ilibada e senso de patriotismo, para libertação do país, das amarras sub-reptícias dos novos colonialismos, para, em seguida, proclamar a independência imaterial.
Atribuir 10% da arrecadação de bens arrestados a favor dos magistrados judiciais e do Ministério Público, milionariamente, remunerados, pelos cofres públicos é dantesco e ofensivo a fome dos 20 milhões de pobres e dos 5% das crianças fora do sistema de ensino, por falta de escolas, carteiras, quadros, giz, cadernos e lápis.
E é esta esquina que eleva, também, a consciência contestatária de meninos, engraxadores e jovens lavadores de carros, cuja retórica visiona uma Angola diferente, capaz de os acolher, da mesma forma que aos filhos dos governantes, mesmo com o difuso art.º 23.º CRA (Princípio da Igualdade) “1. Todos são iguais perante a Constituição e a lei”.
É inalcançável este pressuposto, por não serem iguais um menino nascido em Talatona, que tem 20 marcas de leite, toalhinhas perfumadas, para tornar cheiroso o bumbum, descartáveis e babás 24/24 horas e outro em Katchiungo, confinado a um só leite: o materno, fraldas de pano e o segundo leite, na esquina do crescimento, sem opção, a Octhissangua/Kissangua.
Neste ínterim, a norma que melhor assentaria, para todas as crianças, jovens, homens e mulheres de Angola, é o “Princípio da Equidade”, ponte para os autóctones deterem, num futuro próximo, o controlo total e absoluto, da soberania económica, financeira, política e religiosa.
VISÃO DRACONIANA
As políticas draconianas do Executivo ameaçam com a extinção do futuro da maioria das crianças autóctones, confirmando-se, seis anos depois, o engodo da opção subserviente do Executivo às teses do Fundo Monetário Internacional, que impuseram um aumento dramático dos juros, impostos, desemprego, privatização das empresas públicas, entrega das riquezas do país ao capital estrangeiro.
Os sacrifícios a que estão submetidos os cidadãos e a economia, não justificam o minguo e ofensivo financiamento do FMI de três (3) biliões (mil milhões) de dólares, que colocam o país na mais escravocrata submissão financeira.
Os actuais colonizadores, hoje não desembarcam em caravelas, mas em aviões sob o rótulo de investidores, com uma cartilha rigorosa e secretamente delineada nos melhores laboratórios de transformação mental do Ocidente, para que os especuladores colonialistas, mantenham acesa a chama do subdesenvolvimento e pobreza crónica de Angola e África, com o beneplácito do FMI (Fundo Monetário Internacional), BM (Banco Mundial) e, agora, secundados pela China e fundamentalismo islâmico, este último, com a missão de controlar o comércio primário de proximidade, ligado a venda dos produtos alimentares e água de consumo diário.
Mais grave ainda é o facto do mercado de câmbio informal de divisas, que faz aumentar ou diminuir a taxa do preço da venda do dólar e euro ter “estado-maior” no Kassenda/Luanda, sob controlo absoluto de “laranjas” do fundamentalismo islâmico, ser o verdadeiro banco central do país, que injecta e retém a moeda no mercado. Mas existe outro senão, actualmente, a banca comercial tem como maior carteira de clientes, precisamente, os mesmos, fundamentalistas, que estão a encaminhar Angola para o islamismo radical.
No dia 02 de Agosto de 2023, uma reunião de alta finança mundial, realizada nos Estados Unidos, denunciou a bancarrota financeira de Angola, fruto da má gestão dos recursos, por parte do Banco Nacional de Angola e da sua política de juros, levando ao consenso de, nos próximos anos, virem a ser enfrentadas grandes dificuldades na angariação de novos financiamentos a taxas “limpas” de juros.
A escassez de dinheiro no BNA (banco central) e nos bancos comerciais não é inocente a estratégia delineada de, nos próximos dois meses, a cifra das moedas ser: 1 €UR = = 220,00 Kwz e 1 USD = 195,00 Kwz, podendo vir a causar, no final do ano (2023), a maior crise de desemprego, alimentar e financeira dos 48 anos de poder absoluto do MPLA.
INDIGNAÇÃO: O caricato é, ante o mar de dificuldades: fome, miséria, desemprego, falta de escolas, o Executivo ter decidido, uma vez mais ofender a dignidade da maioria pobre, com a realização de dois escandalosos e milionários contratos, o primeiro através do Despacho Presidencial de 18 de Julho, no valor de 3 milhões de libras esterlinas (cerca de 4 milhões de dólares), por ajuste directo com a consultora do Reino Unido, Norton Rose Fulbright LLP, para assessoria jurídica e o segundo, mais escandaloso ainda, com a celebração de patrocínio nos equipamentos da equipa inglesa do Wolverhampton, a tarja: “VISIT ANGOLA”, avaliado em cerca de 2 milhões de dólares anuais.
No mais recente tour turístico de comboio os turistas ingleses desconseguiram, por exemplo, no Moxico, transpor as casas de banho pelo cheiro nauseabundo e não só. Aliado ao alto custo das diárias e alimentação dos hotéis, não é crível que qualquer turista no seu juízo perfeito troque o Congo, Zâmbia, Tanzânia, Namíbia, África do Sul a Angola, onde um quarto mediano, em kalandula custa cerca de USD 280,00 e uma simples refeição USD 100.00. São as contínuas opções erradas e o verdadeiro luxo na miséria.
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