O Produto Interno Bruto (PIB) angolano cresceu 3,9% no terceiro trimestre de 2022, em termos homólogos, e 0,8% face aos três meses anteriores, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) hoje divulgados.
O crescimento homólogo foi influenciado pelo desempenho positivo das actividades do sector primário e dos transportes, bem como sector petrolífero e diamantífero, principais motores da economia angolana.
O Valor Acrescentado Bruto (VAB) da Agro-pecuária aumentou 4,7%, no terceiro trimestre de 2022, contribuindo com 0,32 pontos percentuais (p.p.), na variação total do PIB, reflectindo o aumento da produção, enquanto o VAB das pescas cresceu 12,3% face ao trimestre homólogo, devido ao aumento das capturas, contribuindo com 0,31 p.p.
O VAB da extracção e refinação de petróleo cresceu 2,7% em relação ao trimestre homólogo, contribuindo com uma variação de 0,81 p.p, devido ao aumento da procura desta matéria-prima por parte dos países ocidentais, enquanto o sector dos diamantes cresceu 8,3%, com uma variação de 0,14 p.p.
No campo da indústria, o INE destaca a variação positiva na produção no ramo alimentar, particularmente na Moagem de Cereais e Fabricação de Amidos, Féculas e seus Produtos e Fabricação de Bebidas e do Tabaco, actividades que representam mais de 70% do sector.
Também o sector da construção contribuiu positivamente para o PIB, devido ao aumento dos materiais de construção de origem nacional e importada, o mesmo acontecendo com o comércio, que registou aumentos tanto nos bens importados, como os produzidos localmente.
O sector dos Transportes e Armazenagem teve um forte crescimento de 25,8%, associado ao aumento de frequências de voos semanais, novos autocarros, e carruagens em funcionamento, que se traduziu num contributo de 0,49 p.p, na variação total do PIB.
Em sinal contrário, esteve o sector das telecomunicações com uma queda de 8,1%, motivada pela redução da produção das Unidades Tarifárias de Telecomunicações (Utt), contribuindo negativamente em 0,21 p.p, na variação total do PIB
O VAB da Intermediação Financeira e Seguros teve um crescimento na ordem dos 41,6%, impulsionado pelo aumento dos rendimentos dos bancos comerciais e o VAB do Governo (Administração Pública, Defesa e Segurança Social Obrigatória) de 8,9%, devido ao incremento das remunerações e entrada de novos funcionários públicos.
Tiveram também uma evolução positiva, os Serviços Imobiliários e Aluguer (3,0%) e Outros Serviços (3,5%), justificado com o aumento das actividades de serviços para hotelaria e restauração
No que diz respeito às actividades que contribuíram positivamente para a variação do PIB entre o segundo e o terceiro trimestre de 2022 destacaram-se o Comércio, Serviços Imobiliários e Aluguer, Intermediação Financeira e de Seguros, Transporte e Armazenagem, Administração Pública, Pescas, Extracção e Refino de Petróleo, Construção, Agro-pecuária e Silvicultura, Electricidade e Água
Por outro lado, a Extracção de Diamantes, teve uma variação negativa.
Em ternos acumulados até ao terceiro trimestre de 2022, o PIB angolano cresceu 3.4% em relação a igual período de 2021.
A consultora Fitch Solutions considera que a produção de petróleo em Angola vai cair 20% até 2031 devido à maturação dos poços petrolíferos e à falta de investimento crónico em novas descobertas. Será caso para a PGR do MPLA pedir a intervenção da Interpol ou mandar deter esta consultora por atentar contra a segurança do reino?
A “principal razão para o crescimento medíocre da produção petrolífera é o efeito do legado da maturação dos poços petrolíferos”, diz a Fitch Solutions numa nota de comentário sobre a manutenção da produção abaixo do limite definido pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP).
“A queda na produção dos poços actuais de Angola significa que é preciso uma taxa maior de crescimento da produção para manter a produção nos níveis actuais; Angola precisa de cerca de mais 36 mil barris por dia de produção para anular o impacto do declínio natural”, dizem os analistas desta consultora detida pelos mesmos donos da agência de notação financeira Fitch Ratings.
A Fitch Solutions escreve que “Angola tem assistido a uma pequena subida dos níveis de produção, com a entrada em funcionamento de vários pequenos projectos, mas neste trimestre prevemos que a pequena subida de produção estagne, regressando a um crescimento negativo em 2023, com o efeito do declínio dos poços a materializar-se”.
A produção de Angola tem andado em cerca de 1,1 milhões de barris por dia desde o princípio do ano, bem abaixo do limite de cerca de 1,5 milhões de barris por dia imposto pela OPEP.
“O novo limite para Angola ao abrigo da produção total da OPEP está muito acima das capacidades de produção e as taxas de crescimento anteriores indicam que há uma probabilidade muito baixa de Angola se aproximar dos limites da OPEP a curto prazo”, concluem os analistas.
Também o ministro de Estado para a Coordenação Económica, Manuel Nunes Júnior, não deixa os seus brilhantes créditos por análises alheias. Assim, a proposta do OGE 2023 vai cumprir fundamentalmente dois objectivos, nomeadamente a “continuação do crescimento económico do país e o prosseguimento de uma gestão orçamental prudente”.
Estes são, há 47 anos, dois objectivos com lugar cativo no OGE e que nunca foram cumpridos. Mas como estas expressões fazem parte dos Orçamentos de Estado dos países evoluídos, fica sempre bem utilizá-las também, até porque não têm de pagar direitos de autor.
Vejamos outra lapidar explicação de Manuel Nunes Júnior: “Quando as despesas são superiores às receitas, temos que pedir emprestado para cobrir a diferença, por isso o rácio da dívida pública em relação ao PIB tem estado a diminuir, as projecções apontam para que em finais deste ano este rácio seja de 56,1%, depois de estar estado em 128,7% em 2020”, sustentou.
Ora aí está. Quem ganha 50 e gasta 100 ou é do MPLA ou tem o pai na cozinha (do MPLA).
“Vamos prosseguir esta trajectória de diminuição da dívida pública, porque com a redução da inflação estes dois factores, isto é a diminuição da dívida pública e da inflação, são muito importantes para reduzir as taxas de juro ainda relativamente altas no nosso mercado”, salientou o auxiliar de João Lourenço.
Em relação à suposta continuação do crescimento económico do país, Manuel Nunes Júnior considerou ser fundamental para poder “resolver os problemas do emprego”, isto é “diminuir as altas taxas de desemprego” ainda registadas. Mais uma pérola. Com que então, para “resolver os problemas do emprego” é preciso “diminuir as altas taxas de desemprego”? Temendo, contudo, que os deputados do MPLA e da UNITA não percebessem (até porque muitos têm de se descalçar quando têm de contar até 12), o ministro foi mais assertivo: “Daí precisamos manter a trajectória de crescimento económico”.
Folha 8 com Lusa