A (A)MPLA SABEDORIA DO GENERAL

O presidente de Angola, general João Lourenço, manifestou hoje esperança na pacificação da República Democrática do Congo (RDC) e do Sudão, reconhecendo que neste último país “a situação se mantém tensa”. Os beligerantes fizeram uma pausa para ouvir a intervenção do general angolano…

Analisando, com todo o rigor científico e empírico que o caracteriza, a situação no Sudão, o general presidente angolano disse que “não podemos deixar de reconhecer que a situação se mantém tensa, mas o facto de estar a funcionar um cessar-fogo, cuja vigência deve ser encorajada, dá-nos alguma esperança de que será possível definir-se um quadro negocial que nos conduza a uma paz efectiva e duradoura, antecâmara para a transição do poder a um governo civil que emane da vontade do povo nas urnas”.

O chefe de Estado angolano, que tem provas dadas e internacionalmente reconhecidas, seja a fazer a guerra ou paz, seja a perder eleições… ganhando-as, sublinhou o “intricado conflito” no país, com “consequências dramáticas no plano humanitário, económico e de segurança regionais”, acrescentando que no seu papel de mediador regional falou com Adbel Fattah Al-Burhan, Presidente do Conselho Soberano de Transição do Sudão, para analisar a situação e apelar ao diálogo entre as partes.

Apesar do absoluto e total domínio das línguas árabe e inglês, João Lourenço terá tido necessidade de explicar várias vezes a Adbel Fattah Al-Burhan o exemplo e o êxito do MPLA na resolução do conflito angolano, como seja a forma de tornar o maior assassino nacional, Agostinho Neto, em herói nacional.

O chefe de Estado angolano discursava na Cimeira extraordinária da Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos (CIRGL), em Luanda, dedicada a analisar a evolução da situação de segurança na RDC e no Sudão, e que conta com a presença de representantes das Nações Unidas, União Africana, Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC, sigla inglesa) e a Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC).

Sobre a RDC, João Lourenço manifestou o desejo de ser possível “ultrapassar as indefinições e o impasse que se verifica na execução de decisões tomadas em cimeiras anteriores realizadas em Luanda e no Quénia, por forma a que não se percam os ganhos alcançados até aqui e se consiga manter sobre carris todo o processo de pacificação do Leste da RDC”. Ninguém diria melhor!

Destacando que na região o cessar-fogo “vem sendo cumprido, salvo pequenos incidentes normais em processos como este”, João Lourenço apelou a que se criem rapidamente condições “de acantonamento dos cidadãos congoleses integrantes do M-23” (movimento rebelde) e saudou a decisão de destacar uma força especial no âmbito da SADC “como resposta regional aos esforços de restaurar a paz e a segurança no território da RDC”.

“Tendo em vista os objectivos de paz definidos para a RDC, é urgente que se empreenda um esforço de coordenação entre todos os intervenientes no referido processo, tendo por isso se tornado evidente a imperativa necessidade de realização de uma Cimeira Quadripartida em Luanda, com a participação da SADC, da CAO, da CIRGL e da CEEAC, sob a coordenação da União Africana. Gostaria de poder contar com o vosso apoio para a materialização desta intenção”, apelou o presidente angolano.

Depois de tão eloquente e sábia intervenção, ao Presidente da Comissão da União Africana (CUA), Moussa Faki Mahamat, só restou fazer um apelo à conjugação de esforços para a pacificação na República Democrática do Congo (RDC) e no Sudão.

Na abertura da Cimeira, Moussa Faki Mahamat considerou necessário encontrar soluções duradouras para as crises africanas através do diálogo e compromissos fortes, descrevendo a situação de segurança na região como catastrófica e de grandes consequências humanas.

Por este facto, exortou à coordenação de esforços para corresponder ao lema de cimeira “Por uma região dos Grandes Lagos estável, rumo ao desenvolvimento sustentável”.

Moussa Faki Mahamat declarou que, apesar de alguns progressos, colocam-se desafio em termos de segurança que emperram o desenvolvimento, como a recrudescimento do surgimento de grupos armados como o M23 e a exploração ilícita de recursos naturais.

O Presidente da Comissão da União Africana disse ainda que a situação apela para a necessidade de revitalização do desdobramento da força africana no sentido de ajudar na implementação rápida dos processos do Rwanda e de Nairobi, apelando à ONU e outros parceiros para apoiarem os esforços de pacificação em curso na RDC e no Sudão nos domínios técnico e logístico.

No entanto, anunciou que a Comissão da União Africana está a preparar a realização de uma Cimeira com a participação das comunidades Económica dos Estados da África Central (CEEAC), de Desenvolvimento da África Austral (SADC), Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos (CIRGL) e da Comunidade do Estados da África Oriental (CAO) para coordenar esforços e repartir responsabilidades, tendo em conta o potencial de cada Estado.

A pretensão da CUA deve-se, segundo Moussa Faki Mahamat, ao facto desta considerar essencial a actuação com eficácia e o aumento da confiança entre os líderes das organizações.

Por outro lado, referiu que o golpe de Estado no Sudão, numa altura em que o país preparava eleições, provocou a deterioração da situação interna, agravada ainda mais pela crise instaurada no seio da liderança golpista, com consequências para outros países.

Moussa Faki Mahamat adiantou que para além do êxodo para outro países, os mortos estão por enterrar e os feridos sem assistência, podendo descambar em mais um caos no continente.

A UA, salientou Moussa Faki Mahamat ,envida esforços para se alcançar o cessar-fogo, ao mesmo tempo que exortou ao contendores a evitar acções que danifiquem mais o país e criem perturbações a longo prazo, engajando-se com agências especializadas para socorrer as populações sinistradas.

O Presidente Moussa Faki Mahamat acredita, diz, numa solução negociada do conflito sudanês, para salvar o país de uma guerra civil e a região de um caos generalizado.

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