SETE POLÉMICAS DE SANTOS SILVA: DO MALHAR AO GADO

O senhor Silva (Augusto Santos Silva ou simplesmente SS) é hoje a segunda figura do Estado português. É Presidente da Assembleia da República. Se é certo que a coragem não vive para sempre, não é menos certo que a cobardia nem sequer chega a viver. Farto (não cansado) de dizer o que penso do SS, hoje tomo a liberdade de reproduzir um artigo de João Carlos Malta, publicado em 28 de Dezembro de 2016 no site da Rádio Renascença (Portugal):

Por Orlando Castro

«O ministro dos Negócios Estrangeiros provocou um novo abalo político e mediático com a comparação da concertação social com uma feira de gado. Mas não é a primeira vez que Augusto Santos Silva se vê envolvido em grandes controvérsias.

Augusto Santos Silva é uma espécie de faz tudo nos executivos socialistas. Desde que António Guterres o convidou para secretário de Estado da Educação que nunca mais deixou de ter lugares de destaque em governos do PS, passando pela pasta da Educação, pela Cultura, pelos Assuntos Parlamentares, pela Defesa e mais recentemente pelos Negócios Estrangeiros. Os sete ofícios de Santos Silva e a sua diversidade temática têm um traço comum: a propensão para a polémica.

A última foi a de comparar a concertação social a uma feira de gado, mas talvez a mais icónica quando anunciou que gosta de “malhar na direita”. Pelo meio, e quando ainda estava longe de pensar em ser número dois de Costa, disse que o agora primeiro-ministro teria ainda “de comer muita broa para chegar ao Governo”.

A Renascença lembra sete polémicas em que o ministro dos Negócios Estrangeiros esteve envolvido.

Sérgio Figueiredo, o “ayatollah de Barcarena”

O fim do programa de opinião de Santos Silva na TVI24, “Os Porquês da Política”, foi tudo menos pacífico.

Santos Silva defendeu no Facebook que a estação de televisiva teria prescindido da sua colaboração por questões políticas e por a sua voz ser incómoda.

“(…) Antes que se faça tarde (…) é, pois, tempo (…) de avançar umas tantas conjecturas, à espera de refutação (…): a TVI já estará farta de comentadores inscritos em partidos políticos e, como já lá tem fartura que chegue de inscritos no PSD, não precisa de um inscrito no PS, (…) porque eu digo disparates e ninguém me vê (…), ou porque a minha voz se está a tornar muito incómoda neste clima de sufoco que vivemos”, escreveu na rede social.

Sérgio Figueiredo ainda tentou pôr água na fervura, agradecendo a Santos Silva “pelo prestígio e qualidade de comentário”, mas Santos Silva não deixou cair a polémica nos jornais e chamou ao director de informação da TVI de “Ayatollah de Barcarena”.

O jornalista perdeu a diplomacia e disse que o ex-ministro de José Sócrates “não é nenhum tonto” e que não voltou à TVI24 “por ser malcriado” e “não porque a sua voz é incómoda”.

O caso de estudo Tony Carreira

A polémica rebenta em França, mas Santos Silva, quando a comentava, cria um novo epicentro de tensão.

O cantor português tinha sido condecorado pelo Governo francês, mas a embaixada de Portugal em França terá recusado que a medalha fosse entregue nas instalações, como era o desejo do artista.

Santos Silva disse que um dos seus “sonhos sociológicos era assistir a um concerto de Tony Carreira, porque dizem que é um dos acontecimentos que um sociólogo deve observar”.

O CDS criticou-lhe o “juízo pessoal, depreciativo ou preconceituoso em relação à cultura popular portuguesa”.

O malhador da direita que gostava de malhar ainda mais no PCP e no BE

Talvez esta seja a mais icónica polémica em que o professor universitário do Porto esteve envolvido e a frase a que muitos recorrem quando o caracterizam.

O episódio é de 2009 quando Santos Silva era ministro dos Assuntos Parlamentares, numa reunião partidária em que reagia às acusações de falta de debate interno, ouvidas num debate no Largo do Rato, em Lisboa.

“Eu cá gosto é de malhar na direita e gosto de malhar com especial prazer nesses sujeitos e sujeitas que se situam de facto à direita do PS e são das forças mais conservadoras e reaccionárias que eu conheço e que gostam de se dizer de esquerda plebeia ou chique, estou-me a referir ao PCP e ao Bloco de Esquerda”, afirmou o ministro dos Assuntos Parlamentares.

Viajar em executiva contra a lei

O ministro dos Negócios Estrangeiros foi a Bruxelas para uma reunião com os chefes da diplomacia europeus e fez a viagem aérea em executiva. Mas os governantes estão obrigados a viajar em económica em deslocações até quatro horas, desde 2012, noticiou o “Correio da Manhã”.

“Agradeço ao ‘Correio da Manhã’ a chamada de atenção para uma situação que me tinha passado despercebida”, afirmou o governante ao jornal, que acrescentou que este invocou desconhecimento da alteração, mas se comprometeu a pagar do próprio bolso a diferença tarifária.

Costa “tem de comer muita broa”

Estávamos em 2014. Depois de terminar o congresso de consagração de António Costa, Santos Silva elogiou o novo líder, mas deixou um reparo.

“Havia muita gente a olhar para ele como se fosse um santo milagreiro. O Governo, a comunicação social e a opinião publicada [queriam que Costa respondesse] como se já fosse primeiro-ministro. Mas ainda não é”, afirmou. “António Costa ainda tem de comer muita broa para chegar ao Governo.”

A condecoração de Sócrates e a bicada em Cavaco

Numa altura em que várias figuras do PS exigiam ao então Presidente da República Cavaco Silva que homenageasse o ex-primeiro ministro José Sócrates, Augusto Santos Silva foi sarcástico para Presidente da República.

“Senhor Presidente, (…) não se deixe pressionar. Não condecore Sócrates. É que ele não merece tamanha nódoa no seu currículo. Haverá certamente, dentro em breve, um Presidente merecedor da honra de condecorá-lo“, escreveu no Facebook.

Concertação Social ou feira de gado?

A mais recente polémica em que Santos Silva esteve envolvido decorreu durante um cerimónia entre socialistas na qual os microfones da TVI registaram uma conversa em que o ministro comparou a Concertação Social a uma feira de gado.

“Ali o Vieira da Silva [ministro do Trabalho] conseguiu mais um acordo! Ó Zé António, és o maior! Grande negociante… Era como uma feira de gado! Foram todos menos a CGTP? Parabéns”, afirmou Santos Silva.

Santos Silva pediu desculpa pelos termos usados, classificando o episódio como uma “brincadeira” numa “conversa privada” tornada pública.

O PSD defendeu que João Soares se demitiu por menos.»

Nota: Título do texto original
Imagem do Folha 8

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