RINGOTE & QUIOSA, LDA.

A nova ministra de Estado para a Área Social angolana, Dalva Ringote, passou hoje um atestado de incompetência à anterior titular da pasta ao anunciar a “redinamização” dos programas de combate à pobreza, à seca e de intervenção nos municípios e aprofundamento do diálogo com a sociedade civil.

A governante, empossada hoje no cargo, afirmou que o sector social ocupa um lugar central na agenda do novo executivo, garantindo trabalho articulado para que projectos centrais e locais possam ter impacto na vida da população. O que, é claro, significa que anteriormente a navegação era à vista.

“Sobretudo naquelas localizadas em regiões nevrálgicas, vamos trabalhar de forma afincada e redinamizar alguns programas, como o Programa Integrado de Desenvolvimento Local e Combate à Pobreza, o Programa de Combate à Seca, o PIIM [Programa Integrado de Intervenção nos Municípios]”, disse hoje aos jornalistas.

Programas de educação e saúde devem igualmente ser redinamizados: “Portanto, há um conjunto de desafios que nós temos de trabalhar em articulação com os sectores para garantir a sua implementação”, notou. É obra. Mal chegou e já descobriu a roda. Não é qualquer um que descobriria, tão rapidamente, que é preciso “trabalhar em articulação com os sectores para garantir a sua implementação”.

Falando à saída do Palácio Presidencial, em Luanda, onde foi empossada pelo Presidente do MPLA (só seria dos angolanos se tivesse, de facto, vencido as eleições), João Lourenço, a governante assinalou que as referidas redinamizações dos programas visam a garantia do bem-estar das famílias, mulheres e jovens.

“Vamos procurar redinamizar para garantir a alavancagem e que mais famílias e mulheres e mais jovens possam ser impactadas efectivamente com estes programas em curso”, realçou.

Segundo Dalva Ringote, a sua acção também estará voltada no aprofundamento da articulação e concertação com a sociedade civil, “sobretudo a juventude” e haver um espaço para “dialogar de forma sistemática e contínua”.

“Vamos privilegiar a concertação e o dinamismo das cooperativas, sobretudo as do meio rural para que todos os entes possam beneficiar de todos os incentivos que o executivo tem colocado ao dispor da economia”, rematou.

Noutra frente, a nova governadora de Cabinda, Mara Quiosa, prometeu “maior comprometimento, mais proximidade e valorização dos recursos humanos” locais, sobretudo atenção especial com a juventude, procurando responder às aspirações do povo. Já não é mau. A governadora sabe que em Cabinda existe… povo.

“Entendemos que Cabinda é uma província com muitos desafios, naturalmente à semelhança de outras. O que nós queremos agora é de termos uma governação cada vez mais de proximidade, cada vez mais participativa”, afirmou a governante, em Luanda.

A “nossa perspectiva é de continuidade, continuarmos a trabalhar com os projectos já iniciados a nível da província de Cabinda, temos projectos estruturantes para aquela província, sem desprimor para a continuação da implementação do PIIM (Plano Integrado de Intervenção nos Municípios)”, frisou.

“Vamos trabalhar com todos e todas. Na nossa província fala-se muito da questão dos seus recursos naturais, mas é preciso fazermos também um grande investimento em torno de um outro grande recurso que consideramos essenciais que são os recursos humanos”, explicou a governadora, 47 anos depois de o MPLA ser também dono de Cabinda, território que ocupou em Novembro de 1975.

Mara Quiosa foi nomeada como nova governadora da província de Cabinda, enclave do norte de Angola, em substituição de Marcos Alexandre Nhunga, no âmbito da composição do novo governo, após as eleições de 24 de Agosto que o MPLA perdeu nas urnas mas venceu na CNE e no Tribunal Constitucional, duas das suas diversas sucursais.

A governadora prometeu maior comunicação e proximidade: “É preciso comunicarmos bem, porque, de facto, sentimos que, às vezes, o que nos falta é de facto esta aproximação”.

“O nosso executivo está com grandes projectos, estamos com muitas realizações a nível da província e é importante que as nossas populações saibam o que está a acontecer e acompanhem todo esse crescimento que a província tem estado a verificar”, realçou.

Por outro lado, “uma atenção especial será dada à nossa juventude, aos jovens da província, naquilo que à empregabilidade diz respeito e também no âmbito da promoção contínua da habitação para os nossos jovens”, apontou.

Nas eleições de 24 de Agosto, apesar da fraude, a UNITA, que continua a ser o maior partido da oposição apesar de ter vencido, de facto, as eleições, elegeu quatro deputados naquele círculo provincial, um resultado histórico, contra apenas um deputado do MPLA, no poder. É claro que um deputado do MPLA vale por 100…

Questionada se os resultados eleitorais deverão implicar uma dinâmica redobrada para a província, a governadora respondeu que “é preciso comprometimento com o trabalho”.

“É preciso perceber quais são as grandes aspirações do povo de Cabinda e nós vamos trabalhar nesse sentido. É possível sim mudar o quadro, o que temos que fazer é trabalhar mais, estarmos mais envolvidos e estarmos cada vez mais próximos das nossas populações”, respondeu.

Para, dessa forma, “podermos identificarmos as suas grandes preocupações e com elas podermos melhorar e corrigir cada vez mais a nossa actuação”, concluiu Mara Quiosa, que na legislatura cessante governou a província do Bengo.

A Frente para a Libertação do Estado de Cabinda – Forças Armadas de Cabinda (FLEC-FAC) mantém há vários anos uma luta pela independência do território, de onde provém grande parte do petróleo angolano, alegando (e bem) que o enclave era um protectorado português – tal como ficou estabelecido no Tratado de Simulambuco, assinado em 1885 – e não parte integrante do território angolano.

O Governo angolano (sempre o mesmo desde 1975) recusa normalmente reconhecer a existência de soldados mortos resultantes de acções de guerrilha dos independentistas, ou qualquer situação de instabilidade naquela província do norte de Angola, sublinhando sempre a unidade do território.

Entre os governadores empossados e reconduzidos ao cargo está Archer Mangueira, que voltou a ser aposta para a província do Namibe, tendo prometido “fazer mais e melhor pela vida das pessoas em concreto”.

“Prioridades são aquelas que já estão definidas no programa do Governo e referidas hoje pelo Presidente da República, dar continuidade aos programas que estão inscritos no PIIM e essencialmente fazer acções que resolvam os problemas das pessoas”, disse aos jornalistas… em português.

Folha 8 com Lusa

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