PRÉMIO SADC DE JORNALISMO

Segundo o Jornal de Angola, até à presente data, apenas três candidatos apresentaram trabalhos para concorrer ao Prémio SADC de Jornalismo-2022. A informação foi fornecida por Anastácio de Brito, presidente júri do concurso.

O responsável detalhou que, das três candidaturas apresentadas, duas são da categoria de Rádio e um trabalho de Televisão. Acrescentou que as candidaturas continuam abertas a todos os jornalistas angolanos, até 28 de Fevereiro próximo, nas disciplinas de Rádio, TV, Imprensa e Fotojornalismo.

Anastácio de Brito explicou que os concorrentes devem submeter trabalhos que abordam a promoção da integração regional da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), nos sectores das Infra-Estruturas, Economia, Águas, Energia, Agricultura, Pecuária, Cultura, Turismo, Desporto, entre outros, publicados entre 1 de Janeiro e 31 de Dezembro de 2021.

Precisou que devem ser trabalhos publicados em meios de comunicação social públicos e privados, incluindo sítios de Internet, e podem ser entregues no Centro de Imprensa Aníbal de Melo, em Luanda, ou por via whatsApp.

Em relação à premiação, o presidente do júri fez saber que o primeiro classificado de cada categoria recebe 2.500 dólares e o segundo tem direito a 1000 dólares. Os montantes são entregues durante a 41ª Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo da SADC.

O objectivo do concurso, disse Anastácio de Brito, é reconhecer o melhor trabalho de Jornalismo e divulgar informações sobre a SADC, para promover o processo de cooperação e a integração regional.

Segundo o regulamento do concurso, para a categoria de Imprensa, são necessárias, no mínimo, um texto de cem palavras e, no máximo, duas mil palavras. Já no Jornalismo Radiofónico, o material deve ter pelo menos um minuto e no máximo 30 minutos, submetidos em CD e USB, acompanhados de um texto no formato word, transcrito electronicamente, para efeitos de tradução.

Para o Jornalismo televisivo, a peça deve ter duração mínima de um minuto e máxima de 45 minutos, submetidos em CD e USB, acompanhados de transcrição electrónica, em word, para efeitos de tradução.

A disciplina de Fotojornalismo compreende uma fotografia legendada ou galeria visual com até 20 fotografias, no máximo, publicadas dentro do período referido no concurso, acompanhado de um jornal original, no qual tenham sido publicados os textos e as fotos em referência.

Aristides Kito, quadro da Rádio Nacional de Angola no Cuando Cubango, um dos mais premiados no concurso, disse que já concorreu seis vezes, das quais ganhou três.

O jornalista contou que, na primeira vez, venceu o concurso com uma reportagem sob o título “Mbanza Kongo na rota do Património Mundial”, em 2020”. Na segunda ocasião, concorreu com um trabalho jornalístico sobre a “célebre Batalha do Cuito Cuanavale”, já na terceira ficou em terceiro, com a reportagem sobre casamento na comunidade khoisan, em 2010.

Este ano Aristides Kito vai submeter uma reportagem sobre a “praga de gafanhotos nos países da SADC”, disse. O jornalista apelou aos colegas a participarem do concurso, porque engrandece o jornalismo angolano.

O escritor, professor universitário e jornalista José Luís Mendonça, já reformado, venceu o prémio SADC de jornalismo na edição 2021. Concorreu com um artigo (opinião) sobre a promoção da integração regional apenas na perspectiva cultural e civilizacional. Ao mesmo tempo, questiona o mapa geopolítico da SADC, que, no seu entender, vive uma crise de comunicação cultural, ao incluir regiões linguísticas de matriz europeia.

José Luís Mendonça disse que o prémio representa uma oportunidade ímpar para levar ao debate as questões candentes da região e da comunidade, enquanto conjunto de povos e culturas.

O jornalista lamentou o isolamento cultural que a região vive e solicitou maior engajamento das autoridades, para mudar o quadro prevalecente.

Contou que, o ano passado, concorreu pela primeira vez e venceu, com 79.5 pontos, numa contagem global que vai até 100 pontos. Este ano não vai concorrer: “Tenho de esperar, até identificar um tema de peso para voltar a concorrer”, justificou.

José Luís Mendonça assegurou que o Prémio constitui uma estratégia para internacionalizar o Jornalismo angolano, que conta com uma tradição de luta e de foco no homem e que não pode ser entregue à sua sorte.

Apelou aos colegas de profissão para se candidatarem ao Prémio, que, para si, constitui uma oportunidade ímpar para regionalizar o trabalho.

Às novas gerações, exortou a consultar o trabalho, assim como o legado dos precursores do Jornalismo angolano, especialmente José de Fontes Pereira e a geração da Voz de Angola Clamando no Deserto, sem descurar os mais recentes.

Por outro lado, solicitou ao Arquivo Histórico Nacional que conserve as obras dos precursores da história do Jornalismo angolano, bem como a leitura dos próprios jornais onde trabalham.

Lamentou a fraca leira e o desconhecimento da História de Angola e do continente, assim como a nossa literatura, para acumular Cultura Geral e domínio da palavra.

NASCER E MORRER COM… FOME

O Folha 8 vai “concorrer” com o texto “Nascer com fome e morrer com… fome”, publicado no dia 20 de Novembro de 2021, e que a seguir – para penar dos donos disto tudo – recordamos:

«O dia 20 de Novembro é o Dia dos Direitos da Criança. Celebra-se mais um aniversário da Convenção sobre os Direitos da Criança, o tratado internacional mais ratificado em toda história. Nunca mais chega a altura de todos os dias do ano serem dia das crianças. Então em África, então em Angola…

Como sempre, Angola ratificou a Convenção em 1990 manifestando desta forma o seu pleno compromisso com a realização de cada direito da criança. Contudo, as nossas crianças continuam a ser geradas com fome, a nascer com fome e a morrer, pouco depois, com… fome. Tal desiderato foi traduzido em vários instrumentos legais com particular destaque para a Lei 25/12 sobre a Protecção e Desenvolvimento Integral da Criança onde estão descritos os 11 Compromissos com a criança.

O Governo do MPLA mostra, também nesta matéria, que assinar “coisas”, legislar, propagandear é a sua principal arma. Quando toca a cumprir é que a rabo torce a porca…

A Convenção sobre os Direitos da Criança continua a ser um instrumento orientador para os países no sentido de implementarem uma agenda que vá de acordo as necessidades das crianças e das suas famílias, particularmente em períodos desafiadores como o que vivemos. No cosso caso, se mesmo sem os tais períodos desafiadores este e outros direitos humanos nunca foram cumpridos, agora a situação é ainda mais dramática.

A celebração dos 32 anos da Convenção ocorre num cenário de vários desafios motivados particularmente pela pandemia da COVID-19 e as mudanças climáticas que têm consequências devastadoras na vida de milhares de crianças e das suas famílias.

“O cenário actual é desafiador mas é importante que esta crise não se transforme numa crise dos direitos da criança. Falhar com a criança e os seus direitos hoje, é falhar com o presente e o futuro. Nenhuma sociedade prospera se os direitos da criança não forem protegidos”, afirma Ivan Yerovi, Representante da UNICEF em Angola.

Diante dos desafios, a UNICEF recomenda que se mantenha a criança no centro das decisões, e que ela continue a ser prioridade absoluta. Para isso é urgente materializar e monitorizar a implementação dos 11 Compromissos, para garantir a sustentabilidade de todos os avanços alcançados até a data ao mesmo tempo que se reforça o investimento no sector social.

Oficialmente Angola fez progressos na implementação da Convenção sobre os Direitos da Criança, destacando-se por exemplo o aumento da cobertura do registo de nascimento, o aumento do acesso ao ensino ou o aumento do investimento na aquisição de vacinas. É claro que, no terreno, o registo de nascimento não enche barriga e a compra de vacinas não é sinónimo de que elas sejam ministradas.

Outros passos importantes, dados recentemente (de acordo com a propaganda oficial e que conta com a cobertura da UNICEF) foram a aprovação do Decreto Executivo Conjunto que aprova os Procedimentos Operacionais Padrão no âmbito da Lei do Julgado de Menores; a inclusão no Orçamento Geral do Estado para 2022, de recursos para o programa de Transferências Monetárias destinado às crianças menores de 5 anos assim como a definição de um orçamento que contempla questões sensíveis ao género. Estas e outras acções promovem, de certa forma, um ambiente mais propício para o desenvolvimento da criança. Para as que estiverem vivas…

“Reconhecemos que muito tem sido feito, mas não devemos descansar enquanto ainda existirem crianças sem vacinas, fora da escola, crianças sem nenhum documento de identificação; enquanto existirem crianças caladas vítimas da violência, e crianças a padecerem de malnutrição ou alguma doença prevenível”, apela o representante do UNICEF, certamente inspirado pela conforto de ter, todos os dias, pelo menos três coisas que faltas a milhões de crianças angolanas: refeições.

A UNICEF está preocupado com os efeitos das mudanças climáticas no sul de Angola que têm afectado a vida das crianças e das suas famílias em particular a sua segurança alimentar e nutricional. Em bom português, a fome.

A UNICEF tem trabalhado com o Governo, as comunidades e parceiros do sector privado a fim de reduzir o impacto das mudanças climáticas com o reforço de serviços como água, higiene e saneamento, nutrição, saúde, protecção e educação, nas comunidades mais atingidas.

A pandemia da COVID-19 mostrou como a desigualdade afecta os direitos de (quase) todas as crianças. Enquanto recuperamos dos efeitos da pandemia, é importante que se dê ouvidos às ideias e necessidades das crianças e jovens pois estes têm uma perspectiva diferente da dos adultos e produzem soluções inovadoras para os maiores problemas do mundo.

É tempo de reimaginar um presente e futuro diferente, é tempo de definir e agir sobre metas claras que trarão mudanças na vida das crianças a curto, médio e longo prazo. É isso que se espera de um país rico, independente há 46 anos e em paz total há quase 20 anos. As crianças angolanas contam com todos e cada um ou cada uma, para poderem viver num ambiente seguro e favorável para o seu desenvolvimento, um ambiente onde tenham voz e vez.

A UNICEF apela para um esforço conjunto na construção e fortalecimento de uma rede de protecção da criança onde actores do Governo, famílias, sociedade civil, sector privado trabalhem em conjunto para providenciar o necessário a cada criança, porque ela não pode esperar.

Crianças são escravos em duplicado

Angola fracassou no alcance das metas definidas no protocolo internacional dos 11 compromissos da criança, dizem analistas angolanos para quem é necessário que o Governo do MPLA tenha (como é seu dever) um papel mais activo para que se cumpram esses objectivos.

Os 11 compromisso são “a esperança de vida ao nascer”, a “segurança alimentar e nutricional”, o “registo de nascimento”, a “educação da primeira infância”, “a educação primária e formação profissional”, “ justiça juvenil”, “prevenção e redução do impacto do VIH/SIDA nas famílias e nas crianças”, “a prevenção e combate à violência contra criança”, “a protecção social e competências familiares”, “a criança e a comunicação social, a cultura e o desporto” e “a criança no plano nacional e no Orçamento Geral do Estado”.

O Jurista Mbote André refere que com boa vontade política Angola não teria um índice elevado de crianças fora do sistema de ensino, tão pouco haveria crianças a viver na rua sem protecção e defesa dos seus direitos consagrados no artigo 80 da Constituição da República.

“Os políticos falam muito e agem pouco. Deve haver mais velocidade nas acções do que nos discursos. Existem boas legislações sobre protecção de crianças em termos formais, mas em termos matérias não se vislumbram”, disse

Ao olhar para os 11 compromissos, o jurista José Ndimba Candeeiro refere que o papel do Estado é pouco visível e recorda que o Governo ao ratificar o protocolo dos 11 compromissos aceita no seu ordenamento jurídico garantir os direitos das crianças, pelo que deveria criar condições para que tal seja realizável no país.

O Jurista avança que o Estado se comprometeu a não permitir que crianças passassem fome em Angola, mas na realidade esta garantia dada no âmbito dos 11 compromissos não tem sido materializada. É claro que o dono de Angola, João Lourenço, garante que em Angola não há fome.

“Nós, à luz da Constituição da República de Angola, perceberemos que as crianças têm todos os direitos possíveis. Há na lei a garantia das medidas necessárias para uma assistência médica às crianças. Há garantias de que o Estado não permitira crianças a passarem fome nas ruas. Mas, na vida real em Angola muitas crianças são abandonas pelos pais e rejeitadas pelo Estado”, disse

Passados 19 anos do fim do conflito armado, o país ainda regista um elevado número de crianças sem acesso à instrução académica, saúde, bem-estar e alimentação. Não há, com certeza, espelho mais exacto do que é a criminosa governação do MPLA que, desde sempre, se preocupa apenas com os poucos (dos seus) que têm milhões e não com os milhões que têm pouco ou… nada.

Mbote André diz ser um paradoxo que apesar da paz, as crianças continuam a ver negados os seus direitos mais elementares, por isso defende a criação de políticas concretas para ampla protecção e garantia dos seus direitos. Mas como os políticos não vivem para servir, também não devem servir para… viver.

“Não podemos ficar apenas com a lei escrita no papel, precisamos passar para a prática. Com as altas taxas de mortalidade infantil que futuro teremos para amanhã?”, pergunta.

A necessidade da garantia prática e efectiva dos direitos das crianças é de todos, por isso o Jurista José Ndimba Candeeiro pede a participação da sociedade civil para que os 11 compromissos sejam alcançados na sua plenitude.

“As ONG têm fins específicos, entretanto, aquelas que cujos fins se destinam a realizar e satisfazer interesses voltados para o benefício da criança nós sugerimos que devem fazer parceria com o Estado e por meio desta criar sistemas de inserção, controlo e apoio das crianças mais desfavorecidas e ao mesmo tempo pugnar pela responsabilização dos pais e administradores prevaricadores no que toca ao abandono dos filhos e ao abandono das crianças nas ruas”, avançou o também filósofo para quem a advocacia a favor dos menores é uma tarefa de todos.

Um investimento no apoio às famílias, no combate contra a pobreza, assim como no surgimento de instituições de apoio às crianças, ajudaria a mudar o quadro, diz o Jurista e docente Mbote André

“O Governo deve investir mais no combate contra pobreza e nas famílias de forma a que tenhamos famílias sólidas e unidas. Devia, por outro lado, haver mais intuições de apoio às crianças. Acredito que se se criassem instituições vocacionadas para protecção dos direitos da criança, melhoraríamos a situação em Angola. Deve-se olhar para as famílias de baixa renda criando-se instituições socais e jardins de infância para estas famílias”, afirmou.

A paciência tem limites (não é gralha)

Recordar-se-á João Lourenço que o seu partido/Estado garantiu que “o Governo iria materializar o estabelecido nos instrumentos jurídicos, nacionais e internacionais, aplicáveis à protecção e à promoção dos direitos inalienáveis da pessoa humana e da criança em particular”?

Como anedota até não esteve mal. Mas a questão das nossas crianças não se coaduna com os histriónicos delírios de um regime esclavagista que as trata como coisas.

O Governo de João Lourenço, tal como o de José Eduardo dos Santos, é signatário da Convenção sobre os Direitos da Criança e por isso Angola adoptou e incorporou na legislação nacional os princípios estabelecidos naquele instrumento jurídico internacional, no que diz respeito à garantia da sobrevivência e ao bem-estar das crianças.

Assinar convenções, o governo assina, não é senhor general João Lourenço? Cumpri-las é que é uma chatice. Por alguma razão, por cada 1.000 nados vivos morrem em Angola mais de 150 crianças até aos cinco anos, apresentando por isso uma das mais altas taxas de mortalidade.

O Governo garante que tem adoptado medidas administrativas, legislativas e de outra natureza, com vista à implementação dos direitos da Criança universalmente reconhecidos e plasmados na Constituição da República, sem distinção de sexo, crença religiosa, raça, origem étnica ou social, posição económica, deficiência física, lugar de nascimento ou qualquer condição da criança, dos seus pais ou dos seus representantes legais.

Muito gosta o regime de João Lourenço de gozar com a nossa chipala, fazendo de todos nós um bando de malfeitores matumbos. Como se não soubéssemos que as nossas crianças são geradas com fome, nascem com fome e morrem, pouco depois, com fome. Isto, é claro, enquanto o rei-presidente do reino do MPLA, por exemplo, aterrou nas Astúrias (recordam-se?) a bordo de “um avião de 320 milhões, com um luxo jamais visto na região, e um séquito gigante”.

“Angola registou avanços consideráveis com o estabelecimento de um quadro legal de referência para a promoção e defesa dos direitos da criança em vários domínios, designadamente com a adopção da Lei sobre a Protecção e Desenvolvimento Integral da Criança, que incorpora os princípios da Convenção dos Direitos da Criança e da Carta Africana e os 11 Compromissos para a Criança, que se constituem, de facto, no núcleo de uma agenda nacional para a criança angolana”, lia-se num dos documentos que acompanham João Lourenço nas suas nababas viagens pelo mundo.

O Governo do reino nababo afirma igualmente que a materialização dos Planos de Reconstrução e Desenvolvimento Nacional, associados às Políticas e Programas de Protecção Social, têm favorecido a melhoria das condições de vida da população e, consequentemente, das crianças angolanas.

Será por isso, senhor general e emérito Presidente João Lourenço, que a esperança média de vida à nascença em Angola cifrou-se nos 52,4 anos, apenas à frente da Serra Leoa, com 50,1 anos?

Diz o regime de João Lourenço que, apesar das condições conjunturais difíceis por que passa a economia nacional e internacional, o Governo vai continuar a desenvolver esforços significativos para reconstruir os sistemas e infra-estruturas sociais, para aumentar a oferta, cobertura e qualidade dos serviços de saúde materno-infantil, para a expansão da educação e para a implementação dos programas de vacinação, de água potável e saneamento, a fim de se verificarem progressos substanciais no Índice de Desenvolvimento Humano.»

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