MPLA PROMETE, HÁ 46 ANOS, MAIS DO MESMO

O comité central do MPLA, partido no poder em Angola há 46 anos, aprovou hoje o programa de governo 2022-2027 e o manifesto eleitoral, nos quais reitera “os grandes compromissos para com as aspirações do povo”, nomeadamente consolidação da paz e democracia. Mas afinal quem está, para além do próprio MPLA, a ameaçar a paz e a democracia?

De acordo com o comunicado final da II reunião extraordinária do comité central do MPLA, orientada pelo líder do partido, João Lourenço, mas com a omnipresença do Presidente da República, do Titular do Poder Executivo e do Comandante-em-Chefe das Forças Armadas, os dois documentos “fundamentais” apresentam “as propostas de medidas de políticas que deverão continuar a assegurar o desenvolvimento socioeconómico sustentado do país e a melhoria da qualidade de vida de todos os angolanos”.

Com a alteração de uma ou outra vírgula, as propostas são as mesmas dos últimos 46 anos. Nas anteriores eleições o MPLA prometeu trocar seis por meia dúzia. Agora a proposta é mais inovadora. Promete trocar meia dúzia por seis.

Nos dois documentos, o MPLA reitera também “a reforma do Estado e boa governação, o desenvolvimento harmonioso do território, a promoção do capital humano, com realce para a educação, saúde, emprego, cultura e desporto, a redução das desigualdades sociais, combate à fome e à pobreza”.

“Igualdade do género, modernização e eficiência das infra-estruturas, intensificação da diversificação económica, com predominância para o sector produtivo e privado, e assegurar a defesa da soberania, da integridade do território e da segurança nacional”, são outros objectivos traçados.

Se estes objectivos são para levar a sério, é caso para perguntar se é mesmo verdade que Angola é independente há 46 anos e, se é mesmo verdade, o que andou o MPLA a fazer nos últimos 46 anos?

O comité central saudou o facto de o programa de governo do MPLA, para o próximo quinquénio, estruturado em sete eixos estratégicos, e o seu manifesto eleitoral, composto por três desígnios, “terem sido antecedidos de um amplo trabalho de diálogo social promovido pelo partido, de um profundo balanço e avaliação da actividade governativa 2017-2022, e da absorção da moção de estratégia do líder, aprovada no VIII Congresso Ordinário do MPLA, realizado em Dezembro de 2021, em Luanda”.

O comunicado sublinhou que o comité central exortou os comités do partido e suas organizações sociais a todos os níveis, bem como os militantes, simpatizantes e amigos do MPLA a uma maciça divulgação do programa de governo e do manifesto eleitoral, junto dos cidadãos eleitores, durante a campanha eleitoral e não só, “para que todos compreendam o bem fundado das propostas apresentadas pelo MPLA e pelo seu líder”.

Um dos pontos da agenda de foi a análise e aprovação de uma resolução sobre alterações de ajustamentos a introduzir na lista de candidatos a deputados à Assembleia Nacional, aprovada na reunião anterior do comité central do MPLA.

Sobre esta resolução, o comunicado refere apenas que “o comité central mandatou o bureau político para que, através do seu secretariado, assegure, se necessário, e no quadro do processo de validação da candidatura pelo Tribunal Constitucional, todos os ajustamentos e correcções que conduzam à aprovação final da lista de candidatos a deputados do MPLA às eleições gerais, junto do Tribunal Constitucional”.

Da lista aprovada na semana passada, figura como cabeça-de-lista do MPLA e, nessa qualidade, candidato a Presidente da República, João Lourenço, como candidata a vice-presidente Esperança Costa, actual secretária de Estado das Pescas, e candidata a presidente da Assembleia Nacional Carolina Cerqueira, actual ministra de Estado para a Área Social.

Folha 8 com Lusa

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