A greve dos enfermeiros que arrancou hoje em Angola deixou alguns serviços a funcionar a 50%, mas a situação nos hospitais está controlada, disse fonte do Ministério da Saúde, que vai reunir-se terça-feira com o sindicato.
De acordo com o director dos Recursos Humanos do Ministério da Saúde, Batista Monteiro, apesar da greve, a situação nos hospitais está controlada, estando alguns serviços em funcionamento a 50%.
O responsável adiantou que o Ministério da Saúde reúne-se esta terça-feira com o Sindicato dos Enfermeiros de Angola, classe profissional que convocou a greve em todo o país para reivindicar pagamento de subsídios e melhoria salarial.
“Nós recebemos no dia 6 de Outubro o caderno reivindicativo, com 15 pontos, que já foram tratados a nível da comissão criada pela ministra de Estado [para a Área Social]”, referiu o responsável.
Batista Monteiro sublinhou que dos 15 pontos, dois deles são fracturantes: o pagamento de subsídio para os profissionais que trabalharam directamente na luta contra a Covid-19, nomeadamente nos centros de quarentena, nas fronteiras, no aeroporto, postos de vacinação da Covid-19, que está em tratamento, e o das horas acrescidas.
O responsável do Ministério da Saúde avançou que, nas 17 províncias, com excepção de Luanda, o processo do pagamento de subsídios está a decorrer “normalmente”, frisando que na capital do país “já foram pagos quase 8.000 profissionais”.
“É um processo, porque ainda está aberto, está a realizar-se o respectivo pagamento de subsídio”, referiu, acrescentando que foi solicitado ao sindicato a lista dos profissionais a serem beneficiados, garantindo que mais de 80% foram já pagos.
Relativamente ao pagamento das horas acrescidas, Batista Monteiro informou que, no regime geral, designam-se como horas extraordinárias e tem direito a essas horas “quem de facto as realizar após o cumprimento do horário normal de trabalho”.
“O Ministério da Saúde está aberto, amanhã [terça-feira] por volta das 13:00 , vamos ter o primeiro encontro com o sindicato e tudo estamos a fazer para que possamos então aproximar as partes e levantarmos a greve o mais rapidamente possível”, disse.
À população, o responsável pediu tranquilidade, porque as unidades hospitalares estão a funcionar.
“As cirurgias programadas estão a ocorrer, os cuidados, os internamentos, as consultas externas estão a funcionar, isso é que é o mais importante, também acreditamos que do lado dos nossos parceiros têm essa sensibilidade porque nós cuidamos de vidas”, observou.
O secretário-geral do Sindicato Nacional dos Enfermeiros, Cruz Matete, disse que a primeira reivindicação exige a reposição imediata das horas acrescidas, com base no Decreto 175/2022, que regula as horas acrescidas a serem pagas aos profissionais de enfermagem.
Segundo o secretário-geral do Sindicato Nacional dos Enfermeiros, a primeira reivindicação exige a reposição imediata das horas acrescidas, com base no Decreto 175/2022, que regula as horas acrescidas a serem pagas aos profissionais de enfermagem.
“Tem que ser 48 horas por semana, o que acontece é que nos primeiros meses, Maio, Junho, Julho, o ministério estava a pagar as 149 horas por mês, mas de agosto para cá já não estão a pagar”, disse, adiantando que a “reposição imediata” das horas é “a primeira preocupação”.
Além disso, os profissionais de enfermagem angolanos reclamam o pagamento do subsídio da Covid-19 e também o pagamento do incremento de 6% do salário base para os técnicos de enfermagem da terceira classe especializada.
“Não beneficiaram até à data presente, já pagaram Julho, Agosto, Setembro até Outubro e até hoje não recebem o seu ordenado de acordo com o incremento de 6%”, comentou.
Outra preocupação é a questão da transição, assinalou: “Houve transição em 2019, e muitos dos colegas deveriam transitar para a categoria de técnico de segunda, não transitaram e continuam desde 2019 até hoje na mesma categoria”.
Folha 8 com Lusa