GOLPE OU UM PEQUENO “PUTSCH” NA GUINÉ-BISSAU?

A cidade capital da República da Guiné-Bissau, Bissau, ao início da tarde de 1 de Fevereiro de 2022, foi sobressaltada por um ataque, ou assalto, ao Palácio do Governo, supostamente com tiros de espingarda ou metralhadora e de bazuca, levada a efeito por indivíduos à paisana.

Por Eugénio Costa Almeida

À partida se são “à paisana” significa que seriam militares ou paramilitares e não civis!…

No palácio estava a decorrer um Conselho de Ministros extraordinário (?? sobre que tratariam ou iriam tratar ainda nada se soube…) sob presidência do Chefe de Estado, Umaro Sissoco Embaló, e com a presença do primeiro-ministro Nuno Nabiam, bem como de seus ministros.

De acordo com Embaló após o fim do assalto, isto teria sido uma tentativa de Golpe de Estado e os atacantes queriam matar o presidente, ou seja, Sissoco Embaló e os membros do Governo liderado por Nabiam, visando “derrubar a democracia” por “pessoas com ligações ao tráfico de droga na região”, tendo sido impedidos pelas forças de segurança que impediram o sucesso do ataque, do assalto, do atentado (será à escolha??)

Segundo diferentes sites de informação (Folha 8, Novo Jornal, DW e VOA) e citando Embaló houve várias horas de trocas de tiros entre os assaltantes e as forças de segurança. Isto, sublinhe-se e não devemos esquecer, enquanto os mais Altos Dignitários da Guiné-Bissau estavam no interior do palácio sob pena de poderem ser mortos.

Recorde-se que Embaló afirmou, após a libertação – falou sempre em português e não em crioulo, como muitas vezes, a maioria, fala –,, que “Eles não queriam apenas dar um golpe de Estado, queriam matar o Presidente da República, o primeiro-ministro e os ministros”.

Aqui começam todas as minhas dúvidas, a que adiciono as do líder do PAIGC, Domingos Simões Pereira (DSP), sem deixar de criticar a “tentativa de golpe” – naturalmente – e que vitimou várias pessoas, quando exige um inquérito sério” e acrescenta que “não ficou absolutamente convencido com as explicações do chefe de Estado sobre os supostos autores do ataque”.

Terá sido mesmo tentativa de golpe ou um putsch? Para muitos um putsch é a versão alemã de golpe, mas um pequeno golpe; só que golpe, em si, não é um Coup d’État…

Se fosse para matar, porque não o fizeram, dado que – e segundo o que ouvi e me disseram – o presidente Embaló, o primeiro-ministro Nabiam e parte do governo estariam no mesmo gabinete e o tiroteio com as foças de segurança duraram várias horas e os atacantes estariam bem armados?

Ou seria, caso fosse mesmo para matar, não o presidente, mas o primeiro-ministro e os membros do governo (que não estavam todos, dado que alguns teriam conseguido fugir e um, salvo erro, estaria num outro gabinete onde falou com a RDP-África)? Não esqueçamos que, ultimamente, as relações entre Embaló e Nabiam não têm sido, propriamente, cordiais.

E porque foram à paisana? Ao afirmarem “à paisana” estão a assumir que não eram civis, mas militares ou paramilitares…

Por outro lado, há uma palavra que sobressai na “libertação” dos sitiados do palácio pelos militares que, quando entraram cerca das 17:20 horas – qualquer coisa como cerca de 3 a 4 horas depois do início do ataque –, os militares “ordenaram a saída dos governantes que estavam no edifício”. Notem… “ordenaram”, e não “já podiam sair” ou “já estava livres”, mas… ordenaram!! Para quem estavam com a função de libertadores, ordenarem?!?!

Várias questões que precisam de ser esclarecidas…

E, finalmente uma nota que acrescento: interessante a rápida visita do embaixador francês ao presidente Sissoco Embaló…

Como DSP há muita coisa que tem de ser mesmo devida e bem esclarecida! E a CPLP, a CEDEAO – sobre esta é querer demais – e a União Africana deveriam ser os primeiros a exigir esse esclarecimento!

Porque houve mesmo uma tentativa de assassinato, de Golpe de Estado, um colateral putsch, ou… uma intentona?

In: https://pululu.blogspot.com

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