O Simon Bolívar do Cazenga ou do Cacuaco

É tragicómico observar um fala-barato, especialista em demagogia e contradição, opinar sobre economia e política internacional e sobre ética e diversidade, um militante de um partido sanguinário e cleptocrático, de “esquerda progressista”, o especialista em comunicação social, que nem conseguiu aquecer o lugar como ministro da propaganda do governo autocrático de João Lourenço. Foi “zonerado”.

Por Domingos Kambunji

João Melo, ultimamente, tem andado armado em Simon Bolívar, do Cazenga ou do Cacuaco, a “libertar” países da América Latina dos liberalismos e neoliberalismos, como “progressista de esquerda” e a tentar dar lições sobre o que é e não é, o que deve ser e que não deve ser a democracia nos Estados Unidos da América.

Esqueceu-se de tentar libertar muitos angolanos da fome, do desemprego, da demagogia fanática dos monangambés dos órgãos da comunicação do Estado angolano, parasitas do dinheiro dos angolanos, fiéis criados seguidores das ordens superiores baixadas pelo poder dos senhores que iniciaram a guerra civil e venceram essa guerra, porque conseguiram matar mais. (Não é por acaso que o presidente é um general, ex-ministro da guerra). Este professor universitário de um país que, dizem, não consegue colocar uma universidade entre as 300 melhores de África, deveria olhar primeiro para a entropia que reina no musseque em que reside e só depois preocupar-se com o país que coloca 10 universidades entre as 12 melhores universidades do mundo, os EUA.

É com muito escárnio que observamos o “progressista de esquerda”, “excretor” e jornalista, armado em Dom Quixote da Lixeira de Luanda, (onde se alimentam muitos angolanos), e em arauto contra o trumpismo. Os kapangas do partido do João Melo pagaram à empresa de Donald Trump muitíssimos milhões de dólares para organizar um concurso de Misse Universo em Luanda, um cortejo de vaidades onde são avaliadas as características púbicas das concorrentes.

Os kapangas do partido do João Melo pagaram seis milhões de dólares para poderem aplaudir Donald Trump durante a cerimónia de tomada de posse do pretendente a conquistar um estatuto semelhante ao do Erdogan ou Putin, nos Estados Unidos, ou de João Lourenço, em Angola. Depois não assistiram à cerimónia porque foram desmascarados?

Os kapangas do partido do João Melo negociaram uma ida aos Estados Unidos para João Lourenço ser fotografado com o Secretário de Estado da Defesa de Donald Trump e poder usar essa fotografia na promoção pessoal e na campanha eleitoral, em que o JLo, falaciosamente, prometeu corrigir o que está mal, melhorar o que está bem, levar a Califórnia para Benguela, criar 500 mil empregos… Afinal qual é o “prubulema” do João Melo se o partido em que o “excretor” e jornalista João Melo milita, o MPLA, foi, à luz do dia e aos olhos de toda a gente, um devoto “beijacu” de Donald Trump?

Nos Estados Unidos há três poderes independentes que governam, legislam e controlam a implementação das leis. Na autocracia angolana existe apenas um único poderoso, o presidente do MPLA que controla todos os poderes, executivo, legislativo e judicial. Em Cuba, que falaciosamente o João Melo diz não poder “avançar para a frente” devido ao bloqueio dos Estados Unidos, a porcaria é a mesma, com moscas muito semelhantes a ziguezaguearem, em movimentos centrípetos, em relação ao poder do ditador.

Ainda não percebemos onde está o bloqueio a Cuba, que o “excretor” e jornalista lamenta, se Miguel Díaz-Canel, o presidente cubano, pode viajar livremente, como João Lourenço, para estabelecer acordos de “compração” com a Venezuela, a Turquia, a Rússia e com João Lourenço, a Luísa Damião, a Carolina Cerqueira, o Bornito de Souza, o João Melo…

Ou será que João Melo pretende que o governo federal dos Estados Unidos proteja e promova a ditadura cubana? É certo que os Estados Unidos têm relações comerciais com outras ditaduras, que são muito criticadas por órgãos de comunicação social dos Estados Unidos, independentes do poder, não saprófitas e falsários vigaristas como as TPAs do MPLA e os jornais de Angola do MPLA.

É demasiado caricato observar João Melo a ulular a bandeira da “esquerda progressista”, do MPLA, pensando que está a agitar a bandeira branca da paz, da democracia e dos direitos humanos, na semana em que o seu patrão/presidente foi assinar acordos de cooperação (ou de “compração”) com um dos piores ditadores da actualidade, o presidente da Turquia. Anda o João Melo a dar lições de democracia e de direitos humanos quando João Lourenço, o “Querido Líder” do “excretor” e jornalista, foi bangar na Turquia e beijar a mão de Erdogan, o que manda prender jornalistas, adversários políticos e expulsa dos empregos na função pública cidadãos que não são penduras assimilados na sua actividade como ditador?

É difícil perceber se João Melo é viúvo ou órfão dos ambientes culturais de esquerda em que foi formado porque quando as coordenadas dos GPS, de esquerda, que contribuíram para a formação do “excretor” e jornalista conduziram a muitos becos sem saída ou a acidentes e incidentes muito catastróficos. Veja-se o exemplo de Angola em que o ambiente do MPLA onde o João Melo foi formado, que dizia que o MPLA é o povo e o povo é o MPLA, desaguou no roubo por dirigentes do MPLA de muitíssimos bilhões de dólares e euros dos cofres do Estado, ao fuzilamento de muitas dezenas de milhar de angolanos, à ditadura, à “democradura” lourenciana.

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