O presidente da UNITA, Isaías Samakuva, “eleito” pelo MPLA via Tribunal Constitucional, diz que o acórdão do Tribunal Constitucional que levou ao afastamento de Adalberto da Costa Júnior foi “meramente político” e se destinou a dividir o partido e a inviabilizar a alternância de poder. Com estas tese Samakuva corre o risco do MPLA “eleger” Kawiki Sampaio da Costa para o seu lugar.
A posição de Samakuva consta do comunicado final da I reunião extraordinária da Comissão Política da UNITA que programou o XIII Congresso Ordinário para até 4 de Dezembro e foi igualmente assumida pelos membros do órgão deliberativo que consideraram que este acórdão “encerra uma armadilha política” e visou “travar o movimento social para a mudança”.
Na reunião, os membros da Comissão Política abordaram o contexto político e social em Angola, bem como a vida interna do partido, segundo o comunicado lido por Clarice Caputo, no complexo SOVSMO, em Viana, local habitual das reuniões magnas do partido do “Galo Negro”.
O comunicado refere também os apelos do presidente do partido “à unidade, à serenidade e à tranquilidade”.
Os membros da Comissão Política condenaram também “o retrocesso do Estado de Direito Democrático em Angola com o sequestro das instituições da República pelo partido no poder por intermédio dos serviços secretos e dos gabinetes de acção psicológica”, com reflexos “na submissão dos tribunais às ordens superiores; no controlo dos órgãos de comunicação social pelo Partido no poder; na preocupante partidarização dos órgãos de defesa e segurança; na repressão do direito a manifestação; e no desrespeito dos direitos humanos”.
A UNITA solidarizou-se também com a posição tomada pela CEAST na sua última plenária anual, que apelou para a contenção do ambiente político pelos partidos políticos e apelou aos maiores de 18 anos para efectuarem actualização do seu registo eleitoral, com vista a capacitarem-se para o voto e protagonizarem a alternância democrática em 2022.
Manifestaram também preocupação pela progressiva degradação da situação económica e financeira dos angolanos, e exortaram o Executivo a tomar as medidas necessárias com vista ao alívio dos preços dos produtos da cesta básica, solidarizando-se também as populações do Sul de Angola severamente atingidas pelas consequências da seca e apela para que esta calamidade seja um factor de efectiva irmandade e não seja usada para fins político-partidários.
A realização do XIII Congresso foi aprovada (como o Folha 8 noticiou) pela Comissão Política com 222 votos (94,9%) favoráveis, um (1) voto contra (0.4%) e onze (11) abstenções (4,7%) sendo a sua calendarização definida até 4 Dezembro de 2021.
Honestidade não é com o MPA
“Quando não se é honesto, não se sabe o que é jogo limpo. Quando não se é honesto, acha-se que se tem o direito a ganhar a todo o custo. Quando não se é honesto, inventam-se mil e um subterfúgios para fazer batota. Quando não se é honesto, tenta-se ganhar na secretaria, nem que para tal se tenha de comprar o secretário”, escreveu recentemente, aqui no Folha 8, Carlos Pinho, Professor na FEUP – Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (Portugal).
Pela sua assertividade, reproduzimos na íntegra o texto de Carlos Pinho:
«Quando não se é honesto, presume-se que se tem o direito divino e inquestionável à liderança.
Quando não se é honesto, compram-se os adversários de moral duvidosa para que sejam estes a, sempre que possível, torpedearem a concorrência à qual anteriormente pertenciam.
Quando não se é honesto, convidam-se os venais para integrarem a nossa banda para fazerem alegremente o trabalho sujo da denúncia caluniosa e da traição.
Quando não se é honesto, acha-se que o genocídio é um direito inalienável para eliminar concorrência.
Quando não se é honesto, ignora-se a sociedade civil em que um se insere e actua-se à revelia desta.
Quando não se é honesto, mesmo os nossos porta-vozes não têm pejo em caluniar terceiros, desde que sejam opositores.
Quando não se é honesto, se para tal for necessário, altera-se a lei a bel-prazer.
Quando não se é honesto, ameaça-se, chantageia-se, e se possível elimina-se a concorrência.
Quando não se é honesto, não há fome e sede de justiça. Há tão somente uma ganância feroz e despudorada.
Quando não se é honesto, vendemo-nos a quem tem dinheiro e poder e não temos vergonha de mostrarmos a nossa prostituição moral.
Quando não se é honesto, ganham-se fortunas à custa do erário público.
Quando não se é honesto, que se lixem os angolanos de bem. Tal como no tempo colonial, estes são merecedores de porrada se refilarem.
Quando não se é honesto, não há vergonha nem probidade.
Quando não se é honesto, é moeda corrente e parece ser o desiderato dos actualmente poderosos.
Coitada de Angola, onde o “Quando não se é honesto…“, minou toda a sociedade.»